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18/03/2009 - 10:49

Mar da economia mundial em fúria

Projetos e programas sócio-ambientais correm o risco de naufragar se não houver "bússolas" para avaliar e direcionar investimentos durante a crise.

Parece até filme! Quanto mais se luta contra a tormenta, mais as chuvas e trovoadas econômicas se intensificam. Ninguém sabe o tamanho do rombo do mercado financeiro dos Estados Unidos e se realmente o governo norte-americano terá condições de diminuir os grandes solavancos, mas uma coisa é certa: a tormenta econômica tem gerado um grande impacto nos investimentos sócio-ambientais.

Da mesma forma que, em meio ao mar em fúria, a tripulação do barco toma a medida drástica de jogar fora todos os mantimentos para não afundar, as empresas estão cortando, suspendendo ou revisando seus investimentos em sustentabilidade para garantir sua sobrevivência imediata. O temor é que se repita o mesmo cenário de 2003, quando os investimentos sociais na região Sudeste (a mais industrializada do país) sofreram queda de 40% devido à estagnação econômica provocada pela desconfiança em relação ao novo governo, de acordo com dados do IPEA*.

Cortar financiamentos pode aliviar a situação no curto prazo, mas irremediavelmente comprometerá a retomada das atividades no médio e longo prazos. Afinal, de que adianta escapar da tormenta se fatalmente todos morrerão de fome e de sede depois?

Por esse motivo, a avaliação é tão importante para os projetos sócio-ambientais neste momento. Ela funciona como uma verdadeira bússola, orientando os gestores sociais e financiadores, demonstrando a razão da existência do programa e de como manter o rumo certo. Com indicadores precisos e análises das intervenções é possível demonstrar o real valor em manter esses programas como geradores de grande riqueza econômica, principalmente para o período de retomada (que com certeza virá).

A avaliação integra-se como parte essencial de um programa. Ou seja, o programa não existe sem um componente de avaliação contínua. A American Evaluation Association estabeleceu que toda avaliação deve ser "mainstreamed", ou seja, funcionar como bússola de programas sociais.No entanto, de forma geral os investimentos sócio-ambientais no Brasil ainda não possuem esta bússola, sendo por isso tão vulneráveis às tormentas. A maioria é avaliada superficialmente e demonstra, muitas vezes, apenas a cobertura do investimento (como o número de pessoas beneficiadas e áreas protegidas), sem a utilização de indicadores científicos para verificar o real impacto gerado.

Muitos profissionais da área sócio-ambiental, desde os “marinheiros de primeira viagem” até os “lobos do mar”, esquecem-se desta orientação e, com efeito, naufragam bem antes de chegar ao seu destino final. Pela vontade de continuar navegando não traçam rotas nem levam bússola para se orientar, acreditando que ao final da viagem receberão um certificado de reconhecimento pelo árduo trabalho realizado.

É importante ressaltar que a avaliação nunca será elogiosa ou crítica em relação aos programas. A função da avaliação é indicar direções e facilitar a utilização de rotas alternativas. Ela não leva a prêmios, nem pode ser reconhecida como uma auditoria de um programa. Pelo contrário, ela é uma das partes estruturais básicas da implementação. Sem esse componente, qualquer iniciativa estará fadada à famosa expressão "que seja o que Deus quiser". Realmente, somente a luz divina poderá tirar o pobre gestor dessa imensa escuridão.

Há várias ferramentas de avaliação disponíveis para os gestores sociais, como avaliação de processo, impacto, impacto social etc. A falta desse componente desqualifica automaticamente qualquer iniciativa como programa ou plano de marketing social. Ou seja, não existe nenhum programa sócio-ambiental eficaz sem o estabelecimento de um componente de avaliação. A própria definição do conceito de marketing social como "gestão estratégica para a transformação social" já faz com que esse componente se coloque como prioridade absoluta. Talvez esta seja uma boa forma de definir se um programa é concebido por parâmetros estratégicos ou não. Apenas deveríamos perguntar: "o programa tem um componente de avaliação?". Caso a resposta seja positiva, há uma chance do programa implementar corretamente marketing social; no entanto, caso a resposta seja negativa.... vou dar um conselho: saiam imediatamente dessa "canoa furada"!

. Por: Miguel Fontes - Diretor da John Snow Brasil (www.johnsnow.com.br), doutorando em saúde pública internacional pela John Hopkins University, e autor do livro Marketing Social – Novos Paradigmas, da editora Campus/Elsevier. | Perfil: John Snow Brasil (www.johnsnow.com.br)

A John Snow Brasil (www.johnsnow.com.br) atua no País desde 1995, desenvolvendo e implementando tecnologias sociais direcionadas aos gestores das principais empresas e órgãos públicos do país. Entre elas estão Serviço Social da Indústria (SESI), Grupo Caixa Seguros, Grupo Shopping Iguatemi, Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores – ABAD, Ministério da Saúde, Associação Nacional de Jornais (ANJ).

A John Snow Brasil é uma consultoria especializada em gestão estratégica de investimentos sociais públicos e privados, e é reconhecida como uma das principais consultorias na área de marketing social. São mais de 150 projetos desenvolvidos para a transformação social e a melhoria da qualidade de vida. O nome John Snow é uma homenagem ao médico inglês de mesmo nome, que em 1854 foi o primeiro a usar uma metodologia científica para mapear os comportamentos humanos associados à origem da epidemia de cólera que atingia a Europa.

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