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19/03/2009 - 08:35

Anorexia e bulimia na infância

A preocupação com o peso e as dietas favorecem o surgimento de transtornos alimentares em crianças.

A infância é o momento da formação da personalidade, quando a criança aprende a se comportar, expressar seus sentimentos e pensamentos. Durante esse aprendizado, o comportamento alimentar da criança serve também como via para a expressão de seus sentimentos e experiências, o que pode facilitar o surgimento de algum transtorno alimentar. De acordo com a psicóloga especialista em transtornos alimentares e obesidade, Talita Lopes Marques, hoje existe um aumento da preocupação com o peso e dietas entre as crianças. “Embora não existam evidências científicas de que isto leve a um transtorno alimentar, é fato que esses comportamentos ao menos predispõem a criança a anorexia e bulimia”, ressalta.

Estudos apontam que ocorram de 9 a 26 casos de anorexia por 100 mil habitantes em meninas de 10 a 14 anos. “Entretanto, existe uma dificuldade em se obter esses dados, pois é normal as crianças se esconderem, não entendendo seu comportamento como doença, pela vergonha dos pais, familiares e escola, ou mesmo pelos cuidadores não perceberem os comportamentos inadequados da criança”, observa.

As crianças começam a aprender conceitos como “atraente” e “não é atraente” por volta dos 4 ou 5 anos. Mas é conforme se aproximam da puberdade que acabam sendo mais expostas a padrões de beleza. Estudos mostram que meninas de 8 a 11 anos se comparam às modelos e outros símbolos venerados pela mídia. Em meninos é mais comum ter uma preocupação com o formato corporal, em ser forte. “A sociedade, a mídia e a família podem favorecer o desenvolvimento da imagem corporal negativa, baixa auto-estima, construção de um sistema de crenças disfuncionais e predisposição aos transtornos alimentares aos quais as crianças estão expostas”, alerta Talita Lopes Marques.

Para identificar o transtorno alimentar, os pais devem prestar atenção no comportamento do seu filho. Segundo a psicóloga, é comum a criança com anorexia apresentar baixa auto-estima, comportamentos obsessivo-complusivos, busca por controle e dificuldade na conquista da independência, ansiedade e depressão. “Crianças anoréxicas costumam ter um vasto conhecimento sobre as calorias dos alimentos, tem muito medo de engordar ou parecer gorda, e podem apresentar dor abdominal, náuseas, perda de apetite e dificuldade de engolir”, salienta.

A criança com bulimia geralmente apresenta peso esperado para a sua faixa etária e muita ansiedade. Os comportamentos mais comuns são episódios de superalimentação, com falta de controle sobre a quantidade de comida ingerida, seguidos de medidas compensatórias - exercícios físicos em excesso, jejum, vômito. Além disso, existe uma preocupação mórbida com peso e o corpo, possibilidade de uso de diuréticos e laxantes e comportamentos auto-lesivos como queimar-se, cortar-se, usar álcool ou drogas. “A doença é mais comum entre meninas do que em meninos e na infância parece ser mais rara que a anorexia, embora jovens adultos que sofrem com a bulimia relatem a ocorrência de sintomas desde o início da adolescência”, aponta Talita.

A importância da família - O comportamento dos pais pode ajudar no desenvolvimento da anorexia e da bulimia, como diz a psicóloga. “Nas famílias de portadores dessas patologias, percebem-se problemas nas áreas de comunicação e relacionamento do casal, superproteção dos filhos, crenças e atitudes alimentares inadequadas, como atrelar valor pessoal a magreza, que são passadas aos filhos direta ou indiretamente”.

Contudo, o tratamento não procura identificar culpados, e sim, coadjuvantes para o tratamento e manutenção da saúde da criança. Por esse motivo, o envolvimento da família é essencial. “Os pais têm um papel fundamental na saúde e segurança da criança, sendo aliados dos profissionais envolvidos com o tratamento, e que poderão colaborar e muito para o sucesso do tratamento”, ressalta a especialista.

O tratamento é feito por uma equipe interdisciplinar composta por pediatra, psiquiatra, psicólogo, nutricionista e outros profissionais. A terapia familiar também é importante para auxiliar os pais a compreenderem o que está acontecendo e ajudá-los a estabelecer limites. “O mais importante é o tratamento ser iniciado rapidamente para estancar a perda de peso e o quadro de desnutrição, no caso da anorexia, e extinguir os vômitos, no caso da bulimia, evitando maiores prejuízos físicos, emocionais e sociais”, afirma Talita Lopes Marques.

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