Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

20/03/2009 - 10:47

A Previdência Privada em tempos de crise

Amadurecida por um modelo concebido na década de 70, que foi abandonado pelo paternalismo do Estado na década de 90 ao migrar para uma estrutura neoliberal em que proliferaram os planos de contribuições definidas, a previdência privada brasileira sempre esteve à margem de crises e seus participantes não haviam, ainda, convivido com ameaças de mercado sobre suas poupanças, salvo em alguns casos especiais como o da VARIG.

Os mais antigos, ainda com a segurança da proteção de benefícios financiados basicamente pelas empresas; os mais novos, convencidos positivamente pelo comportamento auspicioso das rentabilidades auferidas há longo tempo.

Aliás, creio que nem mesmo a crise atual do mercado tenha afetado significativamente os detentores das poupanças até agora, talvez nem mesmo seus agentes, já que a maior parte dos ativos garantidores das obrigações encontra lastro em juros de longo prazo ainda superiores às promessas de capitalização dos recursos. O quinhão das rendas variáveis - ou o do mercado imobiliário - é incomparavelmente menor, embora a perda tenha significância e resulte em regressões momentâneas do todo.

Preocupações, talvez potencializadas em demasia pela mídia, a ponto de requerer reparos posteriores do próprio secretário de Previdência Privada do Governo Federal, foram trazidas ao público, dando a entender que poderiam estar frágeis diante do mercado desvalorizado. Nesse ponto é que a cautela e a razão devem ganhar espaços.

A previdência que se desvaloriza rapidamente é aquela de curto prazo, cujo objetivo é a captação de recursos como alternativa de investimento de curto ou médio prazos. Mesmo nas entidades fechadas das empresas, os planos da modalidade de contribuição definida com perfil mais agressivo correm certa dose de riscos. A previdência de longo prazo, todavia, gerida com foco na aposentadoria, com perfil conservador, tem uma imunização claramente maior contra crises episódicas.

Isso não quer dizer que perigos estejam frontalmente eliminados. Muitos fundos de longo prazo, principalmente os mais antigos, atingirão, em algum momento, sua maturidade e seus fluxos de receitas não mais suportarão com facilidade os fluxos das despesas. Nesse momento, a realização de ativos poderá ser necessária à alimentação eventual dos fluxos e as melhores oportunidades das aplicações não mais serão determinadas pelas taxas de longo prazo, mas pelos momentos instáveis do mercado. A certeza que se pode ter é que, de maneira geral, os atores dos fundos com foco no longo prazo tem esse momento na consciência e estão preparados para vivê-lo e, por isso, não tem tempo a perder com demasiados temores sobre a crise presente.

. Por: Paulo Mente, economista, ex-presidente da ABRAPP e Diretor da Assistants – Consultoria Atuarial (www.assistants.com.br)

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira