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20/03/2009 - 10:47

Andar para trás faz bem?

As civilizações do outro lado do planeta desenvolveram sabedorias ainda pouco conhecidas no mundo ocidental. Entre os orientais, é bem comum praticar movimentos com o corpo que, nas ações corriqueiras, em geral não realizamos. Recentemente estive na China e me chamou a atenção o hábito de andar para trás. Pelas praças, vi inúmeras pessoas caminhando de marcha à ré, sozinhas ou em grupos. Segundo os praticantes (muitos adeptos do tai-chi-chuan), andar de costas é indispensável para ativar a memória e para manter o equilíbrio físico e mental. Os benefícios para o corpo existem de fato. Caminhar para trás fortalece a musculatura posterior das pernas. A locomoção para trás força menos os joelhos do que quando se anda para frente. Por isso, muitas vezes quando se anda para trás, dores nos joelhos desaparecem. Na marcha reversa, a movimentação do pé difere completamente do andar para a frente. A primeira parte a tocar o chão não é o calcanhar: é a ponta do pé. Com isso, exercita-se e coloca-se o peso do corpo em pontos que, normalmente, não são requisitados na locomoção. A postura de todo o corpo fica mais correta, ajudando a coluna a ficar ereta.

Por ser menos natural, o movimento coloca outros ossos e músculos para funcionar, possibilitando à pessoa ganhar agilidade com o corpo e melhorar sua performance. Um estudo feito pelo especialista em biomecânica Barry T. Bates, no Canadá, aponta para o desenvolvimento das funções neuro-musculares em praticantes da marcha à ré.

Caminhar para trás é recomendado por fisioterapeutas e médicos para a reabilitação dos movimentos normais em vários casos cirúrgicos e de lesões. Faz parte do processo de reabilitação de: cirurgia no joelho, lesões musculares no quadril ou na lombar e danos causados por torções no tornozelo ou no calcanhar. É um estímulo que, associado a outras terapias, tem mostrado sua eficácia.

A medicina esportiva, há muito tempo, aplica os movimentos de marcha à ré tanto em treinamentos quanto em terapias de atletas. Em muitos esportes, correr para trás tão bem quanto para frente faz a diferença entre ganhar ou perder. Jogadores de futebol sabem que correndo de costas deixam a bola, os adversários e os colegas em seu campo de visão para pensar e realizar a melhor jogada.

Como em qualquer atividade física, é preciso precaução. Para praticar a marcha para trás, recomendo ainda mais atenção do que na caminhada para frente. Escolha um terreno plano e sem muita gente em movimento. Os iniciantes devem dar passos bem pequenos e olhar para um ponto fixo, o que ajuda a manter o equilíbrio do corpo. Muito cuidado com os obstáculos para evitar quedas. Para adicionar outros graus de dificuldade ao exercício, pode-se subir ou descer ladeiras e aumentar, gradativamente, a velocidade e o trajeto. Sempre observe suas próprias limitações. Há pessoas que se sentem tontas ao caminhar para trás. Lembre-se de consultar um médico antes de iniciar atividades físicas.

Aproveitando que comecei este artigo falando sobre a China, gostaria de fazer uma outra observação. Fiquei surpreso com a quantidade de aparelhos de ginástica que estão distribuídos nos átrios de prédios e em praças públicas, ao ar livre. Antes ou depois de ir para o trabalho ou mesmo no intervalo do almoço – de terno e gravata ou não –, muitas pessoas se exercitam. Mexer o corpo é hábito para a maioria. São os hábitos que nos ajudam a ser saudáveis. Aliás, dia 7 de abril é o Dia Mundial da Saúde e que tal comemorá-lo melhorando os cuidados com o corpo? Aqui na cidade de São Paulo, alguns parques municipais já contam com modernos aparelhos de ginástica, semelhantes aos que vi aos montes na China.

. Por: Fabio Ravaglia - O Dr. Ravaglia é médico ortopedista graduado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) com residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual, especialização em coluna vertebral Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) e mestre em cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Foi o primeiro brasileiro aceito pelo programa do Royal College of Surgeons of England, onde se especializou em ortopedia reumatológica (próteses e revisão de próteses articulares, artroscopia de várias articulações, tratamento de dor na coluna e traumatologia). Durante quatro anos atuou como cirurgião ortopédico em hospitais ligados à Universidade de Bristol, na Inglaterra, país reconhecido pelo pioneirismo no desenvolvimento de próteses e de técnicas de ortopedia reumatológica. Na Alemanha, dr. Ravaglia fez especialização nas mais avançadas técnicas para cirurgias de coluna minimamente invasivas, realizadas com um aparelho do tamanho de uma caneta e com anestesia local. A técnica é utilizada para cirurgias de hérnia de disco.

Em 1994, o ortopedista voltou ao Brasil e passou a atuar com um avançado tratamento cirúrgico para problemas das articulações — a artroscopia, técnica cirúrgica que minimiza as desvantagens da cirurgia e reduz as dores provocadas pela artrose, artrite, traumatologia e hérnia de disco. O médico é pioneiro em cirurgias de mínima invasão na coluna vertebral e foi o primeiro a realizar o processo de descompressão percutânea da coluna vertebral. Presidente do Instituto Ortopedia & Saúde, organização não-governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção, o dr. Ravaglia é também membro do corpo clínico externo dos hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz e Santa Catarina; diretor-presidente da Arthros Clínica Ortopédica e membro titular da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 118, patrono Ernesto de Souza Campos).

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