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24/03/2009 - 11:51

E a saúde de nossos policiais, como anda?

É de conhecimento popular de que a segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de todos. Todavia, essa responsabilidade jurídico-social contempla vários organismos estatais como agentes executores dessa missão. Entre eles, destaca-se a Polícia Militar, que se utiliza principalmente do policiamento ostensivo a pé, na modalidade conhecida como “Cosme e Damião” e o policiamento motorizado, entre outras modalidades, para garantir aos cidadãos brasileiros todos os direitos previstos no texto Constitucional.

No entanto, objetiva o artigo, chamar a atenção de nossos gestores, para os agentes que estão na linha de frente dessa competência legal, ou seja, nossos policiais militares. Nesse sentido, pergunta-se: como anda a saúde física e mental desses profissionais, que são chamados para resolver os conflitos sociais diariamente?

O questionamento é pertinente, tendo em vista, que em muitas circunstâncias o policial militar encontra-se em total desequilíbrio emocional e psicológico, dado a diversidade e quantidade de ocorrências que atende diuturnamente. Para exemplificar, registre-se uma troca de tiros durante um roubo a banco, tendo como resultado homicídios (de policial ou de meliantes). Assim, dentro de uma visão administrativo-clinica, esse policial deveria ser imediatamente afastado do policiamento de rua, remanejado para outro setor e encaminhado para um acompanhamento psicoterapêutico. No entanto, esse procedimento passa a ser um tanto utópico, devido ao número excessivo de ilícitos praticados e a impossibilidade de substituição desse profissional durante o tratamento.

Por certo, grande parte desses profissionais, que lidam diretamente com a criminalidade urbana, encontra-se totalmente abalado física e psicologicamente, mas continuam trabalhando normalmente nas ruas das cidades, quando, na verdade, deveriam retornar a atividade laboral, somente após o tratamento e a liberação médica. Importa destacar que na carreira militar é obrigatória a realização de exames clínicos de, no mínimo, dois em dois anos.

Para tanto, algumas profissões por si só, demandam certo cansaço físico e mental, promovendo verdadeiro stress. Denominada por Hans Selye, endocrinologista canadense, de Síndrome Geral de Adaptação. Para ele, ela se desenvolve em três fases: a de alarme, a de resistência e a fase de exaustão, sucessivamente. Portanto, se esse agente público estiver diante de ação estressante intensa ou prolongada poderá ter como conseqüência, doença ou uma maior predisposição ao desenvolvimento de doença psicossomática.

No caso específico do policial militar, essa situação se agrava pelo fato de lidar com circunstâncias que colocam em risco sua própria vida ou por ser o responsável pela vida de outrem. Ele, de serviço ou de folga, surgindo um conflito de ordem social ou legal, lança-se para tentar resolvê-lo, e é nessas circunstâncias que ocorre o aumento do número de óbitos de militares.

No Espírito Santo, muitos são os casos de policiais encaminhados ao Departamento de Promoção Social (DPS), setor interno da corporação militar, apresentando sinais e sintomas de estresse ou moléstias de outra natureza. No entanto, o quadro mais comum apresentado é pelo uso de álcool e, para nossa surpresa, de drogas ilícitas, como a cocaína e o crack.

Recentemente obtive Informação de que há um número expressivo de policiais que estão em pleno exercício no policiamento de rua, mas em completa dependência às drogas ilícitas. Nesse sentido, destaca-se a situação lamentável de um policial com mais de 20 anos de serviços, em total dependência ao crack, que já o separou da família (esposa e filhos) e, agora, luta incansavelmente para sair dessa dependência.

Registre-se, para tanto, o grito de socorro para o incremento de políticas publicas de enfrentamento desse mal que assola a sociedade de modo geral, mas, nesse caso especifico, tem vitimado profissionais que tem como atribuição e competência proteger a sociedade e a preservação da ordem pública. Sendo assim, seria fundamental a construção ou ampliação de centros de tratamentos públicos, atendendo intensivamente a nível ambulatorial e na modalidade de internação os dependentes de drogas (licitas ou ilícitas). E, ainda, a regulamentação e apoio estatal as instituições não governamentais, possibilitando a contratação de profissionais qualificados e o recebimento de verbas (municipal, estadual ou federal), para aquisição de equipamentos adequados, na tentativa de refrear a ação desse câncer social.

. Por: Eduardo Veronese da Silva, subtenente da Polícia Militar do Espírito Santo, licenciatura em Educação Física – UFES/93, bacharel em Direito – FABAVI/ES. Contato: (27) 9863.9443 ou (27) 3380-2730 – PMES. Vitória (ES).

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