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24/03/2007 - 08:26

Não é um negócio da China

Desde a década de setenta, quando Franca dava início à suas exportações, os Estados Unidos sempre foram os maiores compradores de nosso calçado.

No início só uma fábrica exportava, depois outras e mais outras. No final daquela década, muitas fábricas aumentaram sua produção e melhoraram a qualidade, exportando para os Estados Unidos. As empresas se capitalizaram e não faltava emprego na cidade. Em menos de duas décadas, Franca triplicou sua população e atraiu escolas de outras línguas, restaurantes, hotéis, universidades e – hoje - lojas de grandes redes.

A parceria entre as empresas compradoras americanas e as fabricantes de Franca parecia indissolúvel e desapertava interesse de compradores de outros países. Apesar do bom desempenho da indústria calçadista italiana, daqueles tempos, a previsão era de que o Brasil seria o maior exportador do mundo no século XXI.

Daquela época para cá, muitos ventos sopraram a favor do setor, outros não. As primeiras exportações foram verdadeiros ensinamento para a melhor qualidade de nossos produtos; as fábricas se organizaram, os empresários investiram em viagens, pesquisas e tecnologia; assim, o sapato brasileiro nada perde para os melhores fabricados na Itália. Com o advento do mercado comum europeu, a Itália perdeu condições de competir com o Brasil, deixando-nos livres para colocar nosso sapato nas melhores vitrines do mundo. Porém, como ventos contrários, vieram os planos de governo: do plano cruzado, passando por Collor e tantos outros, até a política cambial de hoje - dólar a US$ 2,08 - têm arrasado as empresas exportadoras.

Parecendo uma queda de braços, de um lado os empresários lutam para atrair compradores, de outro, o governo tenta espaventar os clientes para longe do Brasil com suas armas poderosas tais como: juros altos, política cambial e indiferença aos nossos problemas.

A indústria chinesa tira o sono dos empresários calçadista brasileiros, contudo ela concorre nos preços, mas não concorre na qualidade. O sapato chinês é de sintético, que imita o couro, por isso é muito mais barato que o brasileiro. E, nesta era em que pagamos caro pela nossa saúde e melhor qualidade de vida, sintético nos pés, não é lá muito inteligente.

Resta-nos a esperança de contarmos com a sensibilidade do governo de rever sua política cruel contra os calçadistas. Assim, o Brasil poderia reconquistar seus cliente e buscar novos mercados, pois muitos compradores americanos, que deixaram de comprar do Brasil, especialmente de Franca, estão revendo suas posições e descobrindo que sintético é o negócio dos chineses, porém não é “um negócio da China.”

.Por: Jorge Donadelli, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca – Sindifranca - www.sindifranca.org.br

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