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28/03/2009 - 11:33

O culpado é o bônus?

Sem dúvida o bônus é praticamente réu confesso, mas não um solitário e isolado criminoso pernicioso ao sistema econômico mundial.

Desde o início da crise mundial em outubro de 2008, se alojou no mercado uma caça incessante e incansável por culpados.

A piora constante do cenário mundial e indicadores fez em poucos meses a crise passar a ser conduzida como um forte período de estagnação, que imediatamente evoluiu para um cenário de recessão e muitos ainda acreditam em um panorama de depressão.

A falta de preparo do mercado, empresas e governos para o imprevisto, e o tsunami de más informações e descontrole financeiro que assolou o mundo, tornou a reação dos mercados e governos lenta e inócua. Se mal conseguiam entender, reagir e se reestruturar perante o caos, muito menos, eram capazes de diagnosticar a natureza dos acontecimentos e elencar os possíveis culpados.

Com a desconstrução do mundo financeiro para algumas empresas, todos parecem estar de acordo e em consenso geral, os indicadores acusatórios se dirigem a um isolado e solitário culpado, o bônus.

O bônus que voltou às manchetes na segunda semana de março, com o corajoso e obstinado pedido do presidente Barack Obama de explorar todas as formas legais de bloqueio do pagamento de US$ 165 milhões de dólares aos executivos da seguradora American International Group (AIG), que até aquele momento já havia sorvido dos cofres públicos americanos algo em torno de US$ 173,3 bilhões.

Sem dúvida o bônus é praticamente réu confesso, mas não um solitário e isolado criminoso pernicioso ao sistema econômico mundial.Seus cúmplices, agora assoviam e se fazem de vítimas desesperadas perante as enormes perdas ocasionadas.

Executivos e operadores do mercado financeiro, não é de hoje, que se aproveitam da cegueira conivente e do afrouxamento das regras financeiras e corporativas, para operar com irresponsabilidade, visando apenas o curtíssimo prazo e a orgia desmedida e descabida da distribuição vultosa de bônus dentro das corporações.

Acionistas pressionam a constante alavancagem dos números em busca de valorização sobre real de suas ações e dividendos. Um círculo vicioso onde poucos ganham muito, como mostrou até aqui a crise, muitos perdem igualmente e outros tantos simplesmente são obrigados a ‘pagar o pato’, ou melhor, a conta.

A ambição, a ganância e a insensatez já fazem parte do mercado e se sobrepõem, de maneira altiva perante a racionalidade, a coerência e o planejamento de longo prazo. Todos almejam resultado custe o que custar, sempre em maior intensidade e em menor espaço de tempo.

Portanto não se deve simplesmente condenar o bônus isoladamente a pena perpétua, pois seus comparsas continuam a operar no mercado de forma discreta e sem alarde, como um lobo mal entocado na floresta pronto e disposto a uma nova oportunidade de oferecer a maça a chapeuzinho vermelho.

. Por: Sérgio Nardi, especialista e consultor em gestão empresarial, autor dos livros ‘A nova era do consumo de baixa renda’, ‘Marketing para o varejo de baixa renda’ e ‘Viva Melhor’.

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