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27/03/2007 - 07:58

Eletrobrás fará pesquisa inédita sobre aquecimento solar de água

Levantamento abrangerá sete estados e terá participação de seis universidades

Limpa e abundante no país, a energia solar faz pouco sucesso quando se trata de aquecer a água: apenas 2% da população brasileira a utiliza para esse fim. Enfrentando dois concorrentes de peso, o chuveiro e o boiler elétricos, a energia termosolar - palavra usada para se referir ao aquecimento solar de água a fim de evitar confusão com a geração gerada pelo sol, a fotovoltaica - estabeleceu-se com força apenas no mercado de Minas Gerais. No Rio de Janeiro, cidade que se orgulha de ter verão o ano inteiro, porém, a participação é quase zero.

Para entender o porquê dessa diferença e também descobrir se as instalações já em funcionamento nos mais diversos setores são eficientes, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) começa a realizar em junho um levantamento inédito abrangendo 800 sistemas usados nos setores residencial, industrial e de serviços. A pesquisa contará com a parceria de sete universidades de seis estados e envolverá 49 pessoas ligadas a elas e à Eletrobrás/Procel.

A orientação técnica do projeto será do Green Solar, centro de referência no tema localizado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. O Green Solar possui o único simulador solar da América Latina, instalado pelo Procel em 2005. A coordenadora do centro, professora Elizabeth Pereira, diz que a pesquisa será presencial, com os alunos das universidades indo aos locais das obras, avaliando-as e fazendo as perguntas de um questionário especialmente preparado aos responsáveis por elas.

Usuário final - "Vamos avaliar a economia obtida pelo uso dos aquecedores solares nas próprias obras, onde fatores como condições físicas de instalação, dimensionamento, projeto hidráulico de distribuição de água quente e perfil de consumo pelo usuário final são determinantes", informa Elizabeth. Quem usa os sistemas também será ouvido no levantamento. "Além das condições da instalação em si, pesquisaremos o nível de satisfação dos usuários finais", afirma Emerson Salvador, chefe da Divisão de Suporte Técnico de Conservação de Energia da Eletrobrás/Procel.

As pesquisas serão realizadas nas cidades de Belo Horizonte (MG), Campinas e Bauru (SP), Porto Seguro (BA), Belém (PA) e Rio Janeiro (RJ). Em cada uma delas, será avaliado um tipo de uso. Em Belo Horizonte, capital nacional da energia termosolar, com cerca de duas mil instalações, serão examinadas instalações residenciais de grande porte e no setor industrial. As visitas na capital mineira começam em junho e os primeiros resultados devem sair em novembro.

Segundo Emerson Salvador, as cidades foram escolhidas de acordo com o maior uso final dos equipamentos de aquecimento solar pelo mercado. "Em Porto Seguro, por exemplo, há uma ampla utilização desses equipamentos no setor hoteleiro", informa o especialista. As unidades a serem vistoriadas dentro de cada cidade serão determinadas por meio de consultas a fornecedores, fabricantes e à Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

A pesquisa, espera a professora Elizabeth Pereira, permitirá que, pela primeira vez, se obtenha uma radiografia da área em todo o país. "A criação dessa base de dados e respectivo tratamento estatístico das informações levantadas permitirão identificar os pontos críticos como treinamento e capacitação. Poderemos também observar se há entraves na legislação municipal que estariam comprometendo o crescimento dessa tecnologia no país", afirma a especialista da PUC-MG. Segundo ela, o Brasil teria condições de apresentar um mercado de aquecimento solar de energia tão forte quanto os países que mais investem em energia termosolar, como Alemanha, Israel e China. Para isso, porém, teria que aumentar a área total dos coletores, de cerca de três milhões de metros quadrados de hoje para quatro milhões de metros quadrados.

Emerson Salvador afirma que as vantagens dos coletores solares para o usuário e para o país são enormes, se comparados aos chuveiros elétricos. "Para o consumidor significa conta de energia elétrica menor e, para o país, menores investimentos na geração e transmissão de energia." Segundo Elizabeth Pereira, a utilização da energia solar para aquecimento dágua pode reduzir as despesas com energia em até 50% e, não menos importante, o impacto ambiental. "Ao planejar o aproveitamento do potencial do aquecimento solar, o Brasil dará um passo importante na contribuição das energias renováveis no balanço energético mundial", explica a professora.

De acordo com os dados do Procel e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o uso de chuveiro elétrico numa casa com quatro pessoas, por exemplo, é responsável por 22% do total da conta de luz. O setor residencial responde por quase 25% do consumo total de energia elétrica no país e o aquecimento de água para banho é responsável por aproximadamente 6% de todo o consumo nacional de energia elétrica no total e, no horário de pico (entre 18h e 21h), por 20% da demanda do sistema.

Como funciona - Mesmo com o tempo nublado, o aquecedor solar funciona graças a um boiler acoplado ao sistema que armazena água quente. Mesmo se o tempo ruim se prolongar por vários dias, o consumidor não tomará banho frio: o sistema tem como backup um dispositivo elétrico ou a gás que aquece a água. Para atender uma família com quatro pessoas seria suficiente uma área coletora de 2 metros quadrados e um reservatório térmico com capacidade de 300 litros, equipado com uma resistência elétrica auxiliar com 1,5 kW de potência.

A média anual de energia incidente na maior parte do Brasil varia entre 4kWh/m2 e 5kWh/m2 por dia. Considerando que o Brasil tem uma média anual de 280 dias de sol, o território brasileiro recebe anualmente 10 trilhões de MWh de energia, o que pode possibilitar retornos rápidos e garantidos para os consumidores de aquecedores solares e substituir definitivamente toda a energia elétrica usada para aquecer água.

.Local - Pesquisas de campo | Primeiros resultados | Universidades

. BH(MG) - Junho/2007 | Novembro/2007 |PUC-MG

. Rio de Janeiro - Junho/2007 | Novembro/2007 | Uerj

. Campinas (SP) - Julho/2007 | Dezembro/2007 | Unicamp

. Porto Seguro (BA) - Julho/2007 | Dezembro/2007 | CEFET (BA)

. Bauru (SP) - Agosto/2007 | Fevereiro/2008 | Unesp (Bauru)

. Pará - Agosto/2007 | Fevereiro/2008 | UFPA | . Por: AE

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