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07/04/2009 - 08:26

Nanobiotecnologia apresenta versatilidade na utilização


Desenvolvimento de sensores na agropecuária e agricultura – como para banana (foto) – são apenas alguns dos trabalhos desenvolvidos no setor.

A união de duas áreas com uma aplicação interdisciplinar. É assim que, basicamente, se formou e desenvolveu nanobiotecnologia. Sua criação surgiu na fronteira da nanotecnologia (que desenvolve estruturas em escala atômica) com a biotecnologia (técnica baseada na biologia). Por essa origem mista, a técnica ganha força na aplicação ao agronegócio e já tem até uma perspectiva para uso no campo.

“Essa junção da nanotecnologia com a biotecnologia representa uma nova área da ciência”, sintetiza o professor doutor Valtencir Zucolotto, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP. Ele comenta que a nanobiotecnologia surge na junção de nanomateriais com a biotecnologia. “Nós trabalhamos com nanopartículas de prata, platina e ouro e nanotubos de carbono”, afirma. “A biotecnologia só tem se beneficiado da nanotecnologia”, complementa.

Zucolotto diz que há uma aplicabilidade dessas estruturas tanto na agricultura como na pecuária. Exemplos disso são os sensores de zoonoses, para controle de doenças animais, ou dispositivos similares, feitos com nanopartículas, para a maturação de plantas. Outro estudo que começará a ser desenvolvido com aplicação no agronegócio é a de embalagens bactericidas.

Como toda tecnologia em desenvolvimento há vantagens e desvantagens. Como exemplo, Zucolotto cita a aplicação de fertilizantes. “Normalmente se pulveriza a plantação e na primeira chuva ela se perde. Com a nanobiotecnologia você encapsula o produto em uma nanopartícula de polímero e coloca na planta. Dessa forma, a liberação dos pesticidas é controlada”, explica.

Para que o produto não se perca, é possível acrescentar uma substância aderente à planta ou ao caule. “Com essa técnica diminui o problema da dispersão dos pesticidas no ar”, complementa. Outra contribuição da nanobiotecnologia ao agronegócio é a liberação controlada de adubo.

Segundo o professor, essa aplicação dura mais que o normal. Nos eucaliptos, a nanopartícula de prata age como fungicida natural. Zucolotto afirma que isso deixa as mudas – que passam pela pulverização ainda nos viveiros – saudáveis por um maior tempo.

Mesmo com os benefícios da aplicação da nanobiotecnologia no campo, o professor comenta que devemos ficar atentos com a produção, uso e descarte desses materiais, uma vez que ainda não existem estudos concluídos de nanotoxicidade desses produtos. “Essa é uma nova linha de pesquisa denominada nanotoxicologia, na qual estamos iniciando os trabalhos”, diz o professor. Ele completa ao afirmar que a perspectiva é de que entre cinco e dez anos haja números e uma legislação com regulamentação para a aplicação das doses na agricultura.

No entanto, todas essas pesquisas ainda não estão disponíveis no mercado. Zucolotto diz que esse processo caminha junto com a parte de legislação da aplicabilidade das nanopartículas no agronegócio. “É difícil precisar quanto ela vai estar disponível no mercado, mas calculo que chegue em torno de cinco a dez anos”.

Aplicação da nanobiotecnologia - Na Embrapa Instrumentação Agropecuária, com sede em São Carlos (SP), o pesquisador Paulo Herrmann Júnior trabalha com nanobiotecnologia para ser aplicado em um sensor para a aplicação em amadurecimento de banana. “O sensor foi desenvolvido objetivando ser utilizado como um nariz eletrônico descartável para detecção de compostos orgânicos voláteis (COV). Assim sendo avaliou-se a potencialidade de aplicação na investigação do amadurecimento de banana”, diz.

O trabalho que desenvolveu o sensor a base plástico, papel e polímeros condutores teve como base os estudos feitos por Herrmann no Pós-Doutorado, realizado entre 2002 e 2003 na Universidade de Pensilvânia. Trabalhando junto ao grupo de Alan G. MacDiarmid, o projeto foi desenvolvido na Embrapa entre os anos de 2005 a 2007.

Herrmann destaca que a banana é uma fruta com forte apelo para os produtores. Tanto que o Brasil ocupa o segundo lugar na produção mundial – o primeiro é da Índia. Outro ponto ressaltado pelo pesquisador é que o cheiro dá informação sobre a qualidade, que sofre perdas após a colheita. “O sensor desenvolvido pretende subsidiar com informações advindas de sinais eletrônicos, sobre o estado de maturação da banana, podendo desta forma ajudar em alguns dos processos envolvidos na cadeia de pós-colheita”, afirma.

As perdas na produção de banana totalizam 37% da produção, segundo o pesquisador. Hermann diz que produto não pode ser utilizado devido a três componentes: insetos (13%), patógenos (12%) e plantas invasoras (12%). “A interação multidiscplinar, juntamente com as ferramentas e metodologias advindas da biotecnologia aplicando as técnicas de microscopia de forma atômica e sensores podem subsidiar com informações e reduzir as perdas”, define o pesquisador. “A nanobiotecnologia representa uma área significativa do grande guarda-chuva que é a nanotecnologia. Desta forma, conhecimentos advindos da mesma são consideradas importantes para nossa linha de trabalho”, finaliza. | Por Michel Lacombe/Portal RIPA. [ Foto: Nanobiotecnologia é utilizada em sensor que verifica maturação de bananas e pode ser útil na pós-colheita ]

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