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07/04/2009 - 08:26

Urucum ganha força no agronegócio brasileiro


Além de ser utilizado em diversos segmentos industriais, produto tem a disposição processo químico que garante uma pasta com teor mais concentrado.

O urucum começa a ganhar ares de nova alternativa para o agronegócio brasileiro. O mercado nacional e internacional necessita do produto extraído, um corante natural utilizado em uma gama diversa de áreas. Na Europa já existe a proibição do colorífico artificial. Com isso, novas tecnologias são desenvolvidas, para melhorar a lucratividade do produtor e também para garantir ao industrial um composto com um maior teor de bixina, produto final do urucum.

“O corante é um coadjuvante da tecnologia”, diz Décio Pilli, produtor na cidade de Boca da Mata (AL). “Há demanda na área frigorífica, alimentícia, farmacêutica e têxtil”, complementa. A vantagem do produto natural, segundo Pilli é que ele é eliminado pelo organismo, ao contrário do corante artificial. “Além disso, o natural ainda tem uma porcentagem de vitamina A”, explica.

No entanto, a pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), Marli Costa Poltronieri, afirma que há a possibilidade da planta ganhar maior importância. “O urucum pode ser um substancial componente ao agronegócio desde que ao cultivo seja agregado valores que possam estimular o produtor na ampliação de seu cultivo”, diz. Para isso, segundo ela, é necessário que eles se organizem em, por exemplo, cooperativas e associações. “O mercado para corantes naturais está aberto. Hoje a valorização por produtos naturais é forte e tem apelo”, acrescenta.

Marli comenta que a planta pode ser cultivada em várias regiões do Brasil. “O urucum é nativo da América tropical, não tolera temperaturas baixas, tampouco geadas. A amplitude térmica fica em torno de 22º e 27º”, explica. Apesar de preferir um clima chuvoso, o urucum consegue suportar até três meses sem a precipitação. “Mas ele se recupera rapidamente nas primeiras chuvas”, complementa a pesquisadora. Outra característica da planta é sua fácil adaptação a diferentes tipos de solo. “Sua preferência, porém, recai sobre solos mais férteis, predominando relativa umidade. Solos de baixa fertilidade podem ser utilizados para o cultivo, desde que se utilize fertilizantes de acordo com análise do solo feito em laboratório especializado”, analisa.

Tecnologia na extração - “O urucum não é uma cultura de destaque na agricultura nacional. Acho que isso acontece devido ao preço que muitas vezes não é atrativo ao produtor”, salienta a pesquisadora. Pensando nisso, Pilli, que trabalha no segmento há 30 anos, começou a desenvolver uma tecnologia para a criação de um produto pronto para o consumo com alto teor de bixina. “Percebi nesse tempo que o produtor trabalhava muito e ganhava pouco”, diz.

Há cinco anos ele pesquisa novas tecnologias e chegou a nove técnicas de extração de urucum. Uma delas, ainda sem nome industrial, mas chamado de Projeto de Corantes (Projecor) tem como produto final uma pasta com teor super concentrado de bixina. Segundo o produtor, é um processo barato, que custa em torno de R$ 3 mil. Quanto à pasta, é possível fazer uso em qualquer dos segmentos industriais que necessitam de corantes.

A técnica é dividida, basicamente, em quatro etapas: a primeira é a limpeza da semente, que é feita em chapa, para não prejudicar. Depois há o acréscimo de água na proporção de um para três (o que significa que para cada quilo de semente de urucum, são necessários três litros de água). A fase posterior é a extração hidroalcoólica, na qual para cada quatro litros de produto é necessário um litro de solvente.

O resultado desses processos químicos passa por um novo processo, o de acidificação, no qual o solvente é separado da pasta. O excedente de sementes pode ser utilizado como complemento para ração de animais criados em confinamento. Outro aproveitamento dado por Pilli à planta é fazer, com as folhas, um corante de cor amarelo esverdeado. “O produto não tem prazo de validade porque está em meio ácido e isso garante a conservação normal”, comenta o produtor. “Meu interesse é na transferência da tecnologia desenvolvida”, finaliza. | Por: Michel Lacombe/Portal RIPA. [ Foto: Urucum é utilizado em diversos segmentos da indústria e ganha espaço na Europa com proibição de corantes artificiais].

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