Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

Competitividade nacional e empregabilidade jovem

Entre outros pontos, o Brasil precisa investir na preparação dos novos profissionais para melhorar o desempenho nacional e recuperar posições perdidas no ranking de competitividade global.

Acaba de ser divulgado o relatório do Fórum Econômico Mundial, com a má notícia de que o Brasil perdeu nove posições no ranking global de competitividade, caindo de um já medíocre 57º lugar para o 68º posto entre 125 países avaliados. O cálculo do índice de competitividade leva em conta os chamados "nove pilares" ou fatores fundamentais para lastrear a produtividade de uma nação e, conseqüentemente, a capacidade de concorrer no acirrado mercado global. Para montar o ranking, os pesquisadores compararam indicadores como instituições, infra-estrutura, macroeconomia, eficiência de mercado, disponibilidade de infra-estrutura tecnológica, sofisticação nos negócios e inovação.

Os dois indicadores restantes são os que falam mais de perto às preocupações do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), organização que há 42 anos dedica todos os seus esforços à inclusão profissional dos estudantes brasileiros, seja por meio do estágio, seja pelo apoio que empresta a outras iniciativas voltadas para a melhora da empregabilidade jovem - questão, aliás, que ganha contornos cada vez mais graves, bastando lembrar que hoje, nas grandes periferias , 27% dos jovens entre 15 e 25 anos não estudam nem trabalham. Os indicadores que, em nossa ótica, merecem foco mais cuidadoso são educação básica e a dobradinha educação superior e treinamento. Nesses dois pilares, que gerarão o chamado capital humano do futuro, o Brasil ocupa, respectivamente, a 47ª e a 60ª posição. Portanto, nada que possa despertar orgulho, apesar de superarem o 66º lugar amargado na avaliação geral.

Augusto Lopez-Claros, economista do Fórum e coordenador da pesquisa, avalia que o Brasil possui potencial para maior desenvolvimento social e econômico nas próximas décadas, citando "uma população jovem que vai engrossar a massa de consumidores e uma economia sofisticada que atrai substanciais investimentos diretos estrangeiros". Os analistas especializados no tema certamente se debruçarão sobre o diagnóstico e alertarão para a necessidade de eliminar os obstáculos ao crescimento, como alta taxa de juros, abusiva carga tributária, expansão da dívida pública e burocracia que breca o empreendedorismo.

As melhores marcas, obtidas nos quesitos sofisticação de negócios e inovação (ambas no 38º posto), não são suficientes para anular obstáculos ao crescimento, como os 152 dias e 17 procedimentos necessários para abrir um negócio. Citação de Lopez-Claros, que também se referiu a um sistema trabalhista inibidor da produção com elevados encargos e a larga migração da mão-de-obra para a economia informal, que alguns estimam que está na casa dos 50% da renda nacional. Num cenário tão cheio de sombras, como se pensar na possibilidade de criação de novos empregos suficientes para absorver os 1,5 milhão de jovens entre 16 e 24 anos, que hoje estão desempregados apenas em seis grandes regiões metropolitanas? Isso sem falar nos quase 2 milhões que, todos os anos, chegam às portas do mercado de trabalho. Para concretizar a visão otimista de Lopez-Claro, é fundamental que, mesmo sem a perspectiva de ingresso num ciclo de crescimento desejável a curtíssimo prazo, o governo, as empresas e as escolas intensifiquem os esforços para preparar os profissionais do futuros, gente capaz de responder ao desafio de elevar competitividade brasileira e aumentar a riqueza nacional, de forma a proporcionar às novas gerações uma vida mais digna e mais justa.

Só com profissionais bem formados, técnica e humanamente, o País poderá quebrar o ciclo perverso que condena a grande maioria dos 3,2 milhões de jovens que tiveram a sorte de conseguir uma colocação nas referidas áreas metropolitanas, a se contentar com um rendimento médio de 1 a 2 salários mínimos. E, o que é pior, um percentual entre 60 e 70% não consegue conciliar estudo e inserção profissional, abandonando a escola.

Para isso, não podemos deixar de lado nenhum instrumento de aprimoramento de capacitação profissional, entre os quais o estágio se destaca, pois soma aprendizado escolar e prática em ambiente de trabalho, com um grau de eficiência confirmado pela elevada taxa de efetivação de ex-estagiários: exatos 64%, medidos em pesquisa do instituto InterScience.

. Paulo Nathanael Pereira de Souza é educador e presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE (e.mail: [email protected])

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira