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10/04/2009 - 10:00

Estudos revelam potencial de ocupação do Centro de Belo Horizonte

Centro de BH permite disponibilizar imóveis com preços acessíveis.

O Centro de Belo Horizonte tem potencial para abrigar moradias de interesse social. É o que mostra o projeto ´Habitar Belo Horizonte: ocupando o Centro`, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo teve apoio financeiro do Programa Habitare, da FINEP.

"Os dados colhidos nas entrevistas revelam que existe um mercado promissor no Centro, à espera de oferta de moradias econômicas e de boa qualidade, associadas a melhorias ambientais na região”, reforça a coordenadora do projeto, professora Maria Lúcia Malard.

O estudo mostrou que 30% dos entrevistados trabalham no Centro há mais de 10 anos, conhecem bem a região e acompanharam de perto suas mudanças. Cerca de 26% desses trabalhadores têm interesse em se tornar moradores dessa região.

As análises foram realizadas por integrantes do Grupo de Pesquisa Estúdio Virtual de Arquitetura (EVA), ligado ao Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG. A equipe estudou a evolução do Centro de Belo Horizonte, que assim como outras cidades sofreu um processo de esvaziamento nos últimos 30 anos. Foram realizadas análises sobre a legislação das edificações centrais, as ofertas de moradias na região, os valores dos imóveis, o comportamento do mercado imobiliário e a demanda por habitação no Centro da capital mineira.

Os dados obtidos indicam que a região central de Belo Horizonte tem o maior potencial construtivo permitido pela legislação em vigor e apresenta a possibilidade de um adensamento suficiente para viabilizar imóveis com preços acessíveis aos grupos sociais que ali trabalham. Levantamentos junto aos trabalhadores do centro mostram também que há interesse de algumas famílias em morar na região. Esse público potencial foi entrevistado pelos arquitetos, para levantamento de sua visão a respeito de problemas e dificuldades, preconceitos, medos e atrativos que as pessoas alimentam com relação à moradia nesse bairro.

O grupo realizou também levantamento sobre os preços dos imóveis e observou, por exemplo, que todos os apartamentos mais antigos, entre 20 e 35 anos de idade, embora espaçosos e confortáveis, estão muito depreciados em relação aos mais novos. Um dado surpreendente é que os apartamentos comercializados na faixa de R$ 500,00 a R$ 550,00 o metro quadrado são mais baratos do que os imóveis dos seis empreendimentos do Programa de Crédito Solidário, em Belo Horizonte, que custam entre R$ 550,00 e R$ 650,00 o metro quadrado. E estes são apartamentos com área de 47 a 50m2, localizados em bairros periféricos de Belo Horizonte, onde há maior precariedade de equipamentos e infraestrutura urbana.

Os estudos foram também realizados para que a equipe buscasse entender contradições que marcam o mercado imobiliário no Centro de Belo Horizonte. Uma delas, o fato de haver um grande número de imóveis vazios, mas também um reduzido número de transações imobiliárias. Além disso, por qual motivo, apesar dessa quase “paralisia” nas transações, os imóveis continuam muito caros em comparação às periferias, o que os tornam inacessíveis para o segmento popular.

Buscando entender essa contradição, a equipe procurou saber qual a interpretação desse fenômeno por parte de agentes imobiliários atuantes no Centro. Nesse levantamento foram entrevistados integrantes de algumas das imobiliárias mais antigas da área. “Observa-se que, na perspectiva dos corretores imobiliários, o Centro poderia atrair novamente os mais abastados, desde que houvesse oferta de imóveis nos padrões contemporâneos (duas vagas de garagem, duas suítes, piscina, salão de festas, play-ground, etc)”, avalia a equipe.

“Não raro a mídia belorizontina clama por ações de revitalização do centro, para devolver-lhe o glamour de 40 anos atrás, com cinemas, cafés, bares e restaurantes freqüentados pela classe média e pela intelectualidade local”, lembram os arquitetos, que defendem outra forma de revitalizar o Centro.

“O Centro de Belo Horizonte continua vivo, uma vida popular que ali transita para baldear ou comprar artigos mais baratos, que enche os bares para um lanche rápido ou um prato feito. Levantamos a hipótese de que essa população transeunte, que enche o Centro de vida durante o dia, talvez tivesse interesse em habitá-lo permanentemente, apropriando-se integralmente dele e de todas as vantagens infraestruturais que possui”, explicam. Não se trata, portanto, de ´revalorizar` para o benefício da elite, numa visão nostálgica da década de 1950. Trata-se, antes, de estudar meios de aplicar no Centro parâmetros urbanísticos e arquitetônicos que são peculiares aos assentamentos populares.

Para a equipe, outra possibilidade de atrair pessoas para a moradia no Centro é permitir a construção de edifícios garagens, suprindo a demanda por vagas na região. “Isso possibilitaria que empreendedores investissem na requalificação de edifícios desocupados”, sugerem.

O projeto ´Habitar Belo Horizonte: ocupando o Centro` permitiu também a realização de simulações arquitetônicas para ocupação de quadras localizadas na região central. As propostas criam espaços de comércio e serviços de frente para as ruas movimentadas, e espaços de lazer no interior das quadras, com as habitações voltadas a elas. A expectativa é de que os estudos contribuam para que o Poder Público formule políticas de incentivo à ocupação habitacional da área.

“Trata-se, sobretudo, de uma contribuição metodológica para o estudo dos centros urbanos e as possibilidades de sua ocupação como lugar de moradia dos cidadãos que ali trabalham”, avaliam os autores.| www.finep.gov.br

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