Oportunidades de negócios em tempos de crise

A quebra do Lehman Brothers no segundo semestre de 2008 dimensionou o tamanho da crise econômica: a maior desde 1929. Desde então, economistas chegaram ao consenso de que este ano seria de desaceleração, com escassez de crédito, redução nos níveis de produção, de emprego e de consumo na grande maioria dos países. Entretanto, alguns setores e algumas empresas sofrem mais com a crise do que outros. A mudança de comportamento dos consumidores frente à crise precisa ser bem interpretada pelos empreendedores. Em tempos de crise também existem boas oportunidades de negócios.

Com menos crédito disponível e maior insegurança, o consumidor também revê seu orçamento doméstico e parte para redução de custos, mudando seus hábitos e substituindo produtos e serviços. Assim, a procura por substitutos mais baratos deve crescer. Podemos ilustrar essa mudança de padrão de consumo com o crescimento da venda de passagens domésticas da TAM e da Gol no final de 2008. Com o dólar alto, o brasileiro trocou a viagem para o exterior por um passeio pelo nordeste do Brasil, por exemplo.

Há setores que são menos vulneráveis à crise do que outros, pela própria natureza de seus produtos e serviços. Os setores de alimentação e medicamentos, por exemplo, foram menos atingidos pela crise do que os setores de automóveis e eletrodomésticos. O desempenho das empresas no início deste ano comprova essa realidade. A Danone (empresa do setor de alimentos) teve uma evolução de 26% em janeiro de 2009, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A rede de supermercados Pão de Açúcar teve um crescimento de 10% em janeiro de 2009, também em comparação com o mesmo período do ano anterior. São empresas de setores pouco afetados pela crise. Já a GM (automóveis) caiu 17,7% em janeiro deste ano, e a Mabe (eletrodomésticos) caiu cerca de 18,7% em janeiro, pois são empresas de setores mais afetados pela crise.

A estratégia então é identificar os setores menos atingidos pela crise, criar produtos e serviços que sejam uma alternativa de redução de custos para os segmentos de mercado mais afetados. Produtos e serviços alternativos para consumidores em tempos de crise têm grandes chances de sucesso. Afinal, produtos e serviços com qualidade que conseguirem se estabelecer como alternativa de menor custo não deixarão de ser consumidos.

. Por: Cláudio J. Carvajal Júnior – Coordenador dos cursos de Administração da Faculdade Módulo. É Master of Business Administration - MBA Executivo Internacional - pela Universidade da Califórnia (EUA), pós-graduado em Administração pela EAESP/FGV e bacharel em Administração de Empresas. Coautor do livro “Como sair do vermelho e se tornar um investidor de sucesso”.