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17/04/2009 - 11:03

Acre é um pólo estratégico no intercâmbio entre Brasil e Peru

Muito pertinente a realização em Rio Branco, no Acre, do Encontro Empresarial Brasil-Peru (28 de abril), com a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan Garcia. Afinal, o Estado, não apenas por ser fronteiriço com esse país, constitui-se em fator estratégico para o incremento das relações bilaterais. A começar pela Rodovia Transoceânica, estrada de 2,6 mil quilômetros ao longo da Floresta Amazônica e dos Andes, estabelecendo a tão sonhada ligação rodoviária brasileira com o Oceano Pacífico.

Além de aumentar a competitividade de nosso comércio exterior, a rodovia será fator de desenvolvimento regional no Acre, estados vizinhos e vasta área do território do Peru. Estudo da Federação das Indústrias do Estado Acre (FIEAC) estima que o mercado a ser aberto pela estrada envolve sete milhões de consumidores em Madre de Dios, Cusco, Puno, Arequipa, Apurímac, Ayacucho, Ica, Tacna, Moquegua, Loreto, San Martin, Ucayali, Huanuco e adjacências. Será estabelecido um novo pólo de fomento comercial e intercâmbio na América do Sul.

A conclusão da obra, prevista para o final de 2010 ou início de 2011, representará uma vitória do talento humano ante dificuldades geográficas imensas. O traçado parte de Rio Branco, no Acre, e segue por 344 quilômetros em território brasileiro. Cruza a fronteira com o Peru, percorrendo mais 2.256 quilômetros, cortando a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes, até chegar a três portos do país vizinho: Ilo, Matarani e San Juan de Marcona. É um empreendimento de US$ 1,8 bilhão, envolvendo os governos das duas nações e a participação privada.

A integração econômica entre os dois países implica, necessariamente, a ampliação dos investimentos em infraestrutura. Nesta área, há excelentes oportunidades de negócios, por exemplo, na privatização de seis dos sete principais portos do Peru: Paita, Bayovar, Callao, Marcona, Matarani, Ilo, Muelle. Sua operação contribuirá para viabilizar a exportação brasileira aos mercados do Pacífico. Entendemos, ainda, ser fundamental a integração entre a Ferrovia do Pacífico, no Peru, e a Ferronorte, no Brasil. Esta obra está contemplada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esperamos que saia do papel e se torne realidade.

No campo da energia, também há desafios a serem vencidos. Atualmente, o Peru utiliza apenas cerca de cinco por cento de seu potencial hidroenergético, que atinge 60 mil megawatts. O país conta, ainda, com 35 projetos de geração de energia, cujo desenvolvimento exige a investimentos de US$ 30 bilhões. Tais empreendimentos, que ampliam e diversificam a matriz energética peruana, podem viabilizar a exportação do precioso insumo ao Brasil. Para isto, porém, será necessário ampliar a rede de interconexão.

O gás natural é outro item importante, considerando ter o Peru a única fonte sustentável desse combustível na costa do Pacífico Sul-Americano. Há, dom mesmo modo, oportunidades de investimento no setor de mineração, em especial na produção de prata, na qual o Peru é o líder mundial. Na América Latina, é o primeiro produtor de ouro, zinco, estanho e chumbo e o segundo de cobre e molibdênio.

Em paralelo aos investimentos, defendemos a liberação comercial recíproca. Por isto, a indústria acriana apoia o acordo, já firmado, de paulatina queda das barreiras, até chegarmos à meta do livre comércio, em 2019. Os números evidenciam o acerto dessa medida: as concessões tarifárias em vigor representaram, em 2007, 99,7 por cento das importações e 93,6 por cento das exportações brasileiras ao Peru.

O fluxo comercial entre os dois países, embora apresente razoável crescimento, tem muito espaço para se expandir. Em 2007, o Brasil exportou US$ 1,65 bilhão e importou US$ 1 bilhão de dólares do Peru. É possível ir além! Nesse sentido, é relevante o Encontro Empresarial Brasil-Peru realizado no Acre, Estado que muito tem a contribuir para que a ampliação do intercâmbio bilateral seja um relevante fator de desenvolvimento para as duas nações.

. Por: João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC).

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