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30/03/2007 - 07:59

Oscilação das bolsas chinesas afeta mundo, mas epicentro da instabilidade não é chinês

O atual cenário de apreensão nos mercados acionários globais – que após anos de sólidos ganhos temem uma eminente contração de liquidez internacional e fortes correções, por conta de preocupações sobre fundamentos da economia americana – direcionou à China atenção inédita de instituições financeiras e mídia internacional. Depois de exacerbada valorização em 2006 e recentes esforços do governo em conter o boom especulativo, a bolsa de Xangai teve, em 27 de fevereiro, a maior desvalorização diária registrada em uma década: -8,8%. O movimento de correção nos preços de seus ativos, acompanhado por Shenzen (-8,54%), disseminou-se em um típico efeito cascata por todo o mundo.

Ainda que Xangai tenha sido responsável pelo estopim de uma seqüência de quedas, analistas e investidores internacionais reconhecem a pouca capacidade das bolsas continentais chinesas em influenciar a trajetória econômica do país, e, por conseguinte, a economia global. As bolsas chinesas são por demais voláteis, têm modesta capitalização, baixa participação estrangeira e pouca relação com o mundo real dos negócios no país.

Ademais, a referida desvalorização recorde das ações em Xangai, impulsionada também pelo rumor da criação por parte do governo chinês de novo tributo que incidiria sobre os lucros auferidos em bolsa, anulou apenas ganhos de seis pregões anteriores. No dia seguinte, o índice da bolsa de Xangai voltou a registrar forte alta, 4%. A correção do dia 27, portanto, não reverteu o comportamento do mercado acionário chinês. Observa-se ainda que, somente no dia 28 de fevereiro, foram abertas 190 mil novas contas para operações nas bolsas da China continental, segundo dados oficiais.

O episódio ressaltou, entretanto, a responsabilidade das autoridades chinesas em relação à pouca atenção dada pelo mercado local aos fundamentos das ações listadas em Xangai e Shenzhen. Enquanto a Comissão de Regulação Imobiliária prontificou-se a negar planos de nova tributação que, supostamente, atenderiam ao declarado interesse do governo em conter o desenvolvimento de bolha nas bolsas continentais, a maneira encontrada pelo governo para evitar queda mais abrupta das bolsas foi, no dia seguinte ao referido evento, ordenar às instituições estatais que comprassem ações. Justifica-se assim o comportamento dos aplicadores, que se pautam mais por sinalizações do governo do que por fundamentos econômicos. Ainda que a postura intervencionista de Pequim tenha colhido frutos na expansão do setor produtivo do país, analistas apontam para a pouca eficácia desse tipo de conduta na administração da volatilidade de mercados acionários.

Além de imaturo, o mercado acionário da China tem no excesso de liquidez de recursos um forte propulsor de ganhos. Frente a isso se discute a capacidade das autoridades chinesas em induzir comportamentos mais racionais aos aplicadores, mesmo que essa indução seja feita via mecanismos mais eficientes do que as atuais orientações políticas sobre players ligados ao Estado. O que não se discute, porém, é a limitação do índice da bolsa de Xangai em influir no processo de expansão da economia chinesa./CEBC

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