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30/04/2009 - 09:53

Mercado aberto aos novos players no setor sucroalcooleiro

A indústria sucroalcooleira no Brasil mostra um dinamismo positivo, com progresso expressivo em termos de responsabilidade social, ambiental e governança. O enfrentamento das mudanças climáticas impôs uma descarbonização da energia, tanto para transportes quanto para eletricidade, abrindo uma janela de oportunidades para a inovação tecnológica e o aumento de produtividade no setor.

O País, que, há dez anos, produzia cerca de 15,4 bilhões de litros de etanol, em 2008 atingiu uma produção de cerca de 24,3 bilhões de litros, demonstrando mais do que o aumento da área explorada: o ganho em produtividade. Se a evolução tecnológica e gerencial fez com que os custos de produção de açúcar e etanol fossem sensivelmente reduzidos em todo o mundo, o Brasil é uma das nações mais competitivas e nossos custos podem continuar decrescentes. Além disso, a parcela na pauta de exportações poderá ser beneficiada via câmbio/preço. Outra vantagem é que 50% da frota nacional é integrada por veículos que poderiam substituir a gasolina por etanol de cana-de-açúcar. E para gerar tal volume de etanol, apenas 1% das terras agricultáveis do País seriam ocupadas.

Esse quadro próspero envolveu empreendedores que se interessaram na construção de usinas no Brasil. Dessa forma, verificou-se um ciclo de produção que atingiu um pico cíclico, causando um descasamento entre a oferta e a demanda, que não ocorreram na mesma velocidade.

Em diversas usinas, as expectativas dos agentes e produtores de combustíveis era a previsibilidade da safra e estabilidade nas regras de mercado e preços. Porém, esse rápido crescimento na produção não foi totalmente acompanhado de mecanismos de eficiência administrativa.

Esta é uma das principais preocupações, mas, de um modo geral, percebe-se que o setor não está estruturado para enfrentar este e os demais reflexos de mudanças no mercado. Como resposta de equacionamento desses gargalos, abre-se a possibilidade de consolidação no setor com fusões e aquisições.

Ocorre que num mercado globalizado, e agora abalado por uma expressiva crise mundial, há preocupação com queda de demanda, deflação de preço do concorrente petróleo e o represamento na captação de recursos financeiros para investimento e/ou rolagem de dívidas.

Os reflexos do ambiente macroeconômico no setor sucroalcooleiro se mostram de várias formas, inclusive com margens em declínio. Esses impactos são mais sentidos nesse setor em razão de algumas usinas terem seu modelo de gestão ultrapassado. A maioria delas mantém administração familiar e tem seu foco no gerenciamento do caixa e não do lucro. Somam-se a isso uma falta de financiamento de longo prazo.

É muito importante nesse momento ter cautela e flexibilidade no cumprimento de acordos de financiamento, mas, vale dizer, que sempre existe a possibilidade de rever antigos contratos. Mais do que nunca é necessária a percepção do momento econômico e dos limites reais de capacidade de pagamento, para que seja possível cumprir as obrigações dos contratos. Entretanto, com a entrada de recursos decorrente do início da safra, espera-se o equilíbrio entre quitação de dívidas e reinvestimento. Outras alternativas para quitar dívidas, consideras por boa parte dos produtores, são a busca por sócios investidores, a abertura do capital em bolsas ou até mesmo a alienação do empreendimento.

O empresário rural percebeu que seu sucesso no mercado depende cada vez mais do conhecimento e da aplicação de princípios de administração estratégica aos negócios. Por isso, um planejamento cuidadoso faz toda a diferença, principalmente quando a decisão é abrir o capital. Fatores como ampliar a visibilidade e melhorar a imagem institucional com seu público são motivos relevantes quando uma organização decide participar do mercado de ações.

Assiste-se, atualmente, a um mercado disponível para a entrada de novos atores, bem como suscetível às fusões e/ou aquisições. Esse interesse advém, ainda, da co-geração de energia, por meio dos subprodutos gerados na produção de álcool, que alcançam destaque cada vez maior nas políticas energéticas. Essa conjuntura fortalece a formação de um oligopólio dotado de uma série de vantagens em relação às demais nações, o que atrai o interesse de competidores externos.

A consolidação, bem como a profissionalização do setor sucroalcooleiro no País, envolverá negociações, principalmente, com grandes empresas transnacionais; grupos de investidores estrangeiros e brasileiros; empresas nacionais de capital aberto, que receberam aporte financeiro ou mesmo sócios estrangeiros; e fundos de investimentos em capital produtivo. Essa tendência acarretará a disseminação da administração baseada em valor e risco, bem como o uso de ferramentas de suporte automatizadas para sua gestão.

Os principais players concluíram que a verticalização e/ou concentração do setor não deverá suscitar preocupação sob o ponto de vista concorrencial, já que não existem altas barreiras à entrada no mercado, tendo o Brasil enorme quantidade de terras aptas para a agroenergia e sendo fácil o acesso à tecnologia da produção.

. Por: Antonio Carlos Porto Araujo é ambientalista, especialista em agronegócio e consultor de energia sustentável da Trevisan | Email: [email protected]

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