Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

02/05/2009 - 08:13

Campinas deverá ter “exame do sono” ainda em 2009

Especialistas afirmam à CEE da Saúde que financiamento de R$ 7,2 milhões/ano e credenciamento do Beneficência Portuguesa disponibilizará 40 leitos para a cidade; presidente da CEE, Sellin quer ampliar o número considerado insuficiente.

Campinas deverá ter até o final do ano um total de 40 leitos para a realização do “exame do sono”, que desde fevereiro de 2008 é obrigatório para que motoristas de caminhões, ônibus e carretas obtenham ou renovem suas carteiras de motorista. Segundo afirmaram nesta quinta-feira (30) especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) à Comissão Especial de Estudos (CEE) da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Francisco Sellin (PDT), um financiamento será buscado junto à Secretaria Estadual da Saúde ainda neste mês de maio para que a Unicamp possa oferecer os exames – chamados de polissonografias. Além disso, o Hospital Beneficência Portuguesa se encontra em processo de credenciamento para oferecer os procedimentos via SUS.

“Agora no dia 14 de maio temos uma reunião com a Secretaria Estadual da Saúde na qual apresentaremos projeto para obter financiamento previsto para esse fim. São R$ 7,2 milhões por ano, que deverão ser divididos por seis entidades. Na prática, conseguiremos montar dez leitos para o exame na Unicamp”, conta o médico otorrinolaringologista Edilson Zancanella, do Laboratório de Ronco e Apnéia da universidade.

“Fora isso outros 30 leitos serão disponibilizados na cidade no hospital Beneficência Portuguesa, que aguarda credenciamento”, complementa o coordenador de assistência do HC da Unicamp, Manoel Barros Bartolo. O processo para que o Beneficência passe a operar estes leitos não tem data prevista para ocorrer, mas o credenciamento deve ser efetivado ainda neste ano, até mesmo porque a CEE pretende pressionar politicamente para que ele seja agilizado.

A realização do exame do sono foi determinada como obrigatória em todo país para os motoristas de caminhão, carreta e ônibus pelo Conselho Nacional de Transito (Contran) desde fevereiro de 2008, por meio da resolução 267. “Para reduzir o índice de acidentes causados por motoristas destes veículos que dormem ao volante, o Contran determinou que quando a carteira for emitida, renovada ou alterada para estas categorias, o exame é obrigatório, pois ele identifica doenças do sono e as probabilidades de o condutor dormir no volante. O exame tem quer ser feito na rede pública, pois há restrições quanto aos Centros de Formação de Condutores usarem serviços privados e também porque o custo da polissonografia é alto, na casa dos R$ 600,00”, diz Sellin.

O vereador esclarece que em Campinas, até o presente momento, o “exame do sono” não é realizado. “Tenho conhecimento que em São Paulo há realização, mas um motorista demora até dois anos na fila de espera. Justamente por isso o Detran não fiscaliza a realização do exame hoje, mas é importante que ele seja viabilizado no município e na região não por causa de uma exigência, mas sim pela necessidade de se evitar acidentes”, diz.

Na prática, o motorista antes de receber a carteira teria que ser avaliado por um médico, que procuraria por indícios da Síndrome de Apnéia Obstrutiva do Sono, que causa sonolência durante o dia – e que leva muitos dos motoristas a tomarem drogas para se manterem acordados (a mais famosa delas é o arrebite). O médico coleta informações pessoais, faz medição da pressão arterial e índice de massa corporal, além de também poder usar a Escala de Sonolência Epworth - na qual o candidato atribui notas de 0 a 3 sobre sua chance de cochilar ou adormecer em oito diferentes situações hipotéticas.

Caso o candidato apresente escore igual ou maior que 12 na escala ou apresente dois ou mais indícios de distúrbios, a critério médico, ele poderá ser encaminhado à realização de polissonografia, que é o exame em que o motorista é avaliado durante o sono por sensores colados à pele. “Se constatada a doença, a CNH não poderá ser emitida até que a deficiência seja sanada com tratamento adequado. O que os especialistas da Unicamp nos indicarão são os caminhos necessários para que consigamos realizar a contento estes exames na cidade. É uma medida que pode diminuir e muito os acidentes de trânsito, desde que seja aplicada corretamente”, acredita Sellin, com a experiência acumulada de quem trabalhou por décadas como policial rodoviário – o vereador é tenente reformado da corporação – e ainda é despachante policial.

CEE quer ainda mais leitos - Apesar do fato de Campinas ser habilitada em breve para realizar o “exame do sono” ser uma boa notícia, o médico Edilson Zancanella, do Laboratório de Ronco e Apnéia da Unicamp, alerta para o fato de que este primeiro passo é importante, porém tímido. “A demanda que já existe e a que será gerada são muito altas. Sabemos que trinta leitos na Beneficência e dez na Unicamp são praticamente nada frente a ela, até porque haverá procura da região”, diz.

Justamente por isso o vereador Sellin acredita que a CEE da Saúde pode agir em duas frentes para melhorar a situação. A primeira é tentando agilizar o credenciamento da Beneficência e, a segunda, procurando formas junto ao governo, inclusive o federal, para que o número de leitos possa ser maior.

“A CEE já conseguiu importantes vitórias em suas edições anteriores, inclusive sendo a grande responsável pela ampliação de procedimentos cardíacos de alta complexidade via SUS em Campinas. A idéia, então, é agirmos da mesma forma em relação a estes exames”, diz Sellin, relembrando que para este fim a CEE chegou a formar uma frente parlamentar supra-partidária, com deputados eleitos da região. “Vamos tentar fazer isso mais uma vez.”

Além de a CEE de Sellin, fazem parte da CEE os vereadores Jairson Canário (PT) e Arly de Lara Romêo (PSB), este último também presidente da diretoria do Hospital Beneficência Portuguesa.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira