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05/05/2009 - 09:58

OTC: Carlos Tadeu da Costa Fraga, em entrevista


Criar e desenvolver soluções tecnológicas para melhorar o desempenho das atividades de exploração e produção da Petrobras é um dos desafios constantes do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes). Com a nova fronteira exploratória do pré-sal, esse trabalho será ainda maior. O gerente executivo do Cenpes, Carlos Tadeu da Costa Fraga, concedeu a seguinte entrevista falando sobre os desafios tecnológicos do pré-sal que serão apresentados pela Petrobras na OTC 2009 e suas expectativas sobre a feira.

A cada ano aumenta a expectativa em torno de projetos que a Companhia apresenta na OTC. Para a edição 2009, qual é o foco do trabalho na feira - Carlos Tadeu: O grande foco da participação da Petrobras na OTC 2009 é o pré-sal, culminando com a realização de uma sessão especial sobre o Polo Pré-sal, com sete trabalhos técnicos abordando todos os desafios tecnológicos relevantes e, principalmente, os resultados que a Petrobras vem obtendo no tocante a esses desafios tecnológicos. Além dessa sessão do pré-sal com sete trabalhos, oito outros trabalhos serão apresentados em diferentes sessões cobrindo importantes inovações tecnológicas da Petrobras nas áreas de construção de poços, garantia de escoamento, gerenciamento de reservatórios, tecnologia submarina e facilidades de produção.

. A crise internacional mudará o cenário que foi apresentado em anos anteriores? Que novidades você espera encontrar na OTC 2009? - Carlos Tadeu: A indústria de petróleo sempre tem reações diferentes em função dos preços de petróleo. Isso vale para os investimentos em novos empreendimentos como também vale para os investimentos em novas tecnologias. Esse efeito varia de empresa para empresa, no caso específico da Petrobras a nossa política é de investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento mesmo em situações onde os preços do petróleo possam não ser tão favoráveis. A crise vai poder nos mostrar, inclusive, qual é a reação de cada uma das grandes empresas em relação a essa variação de preços. A OTC vai ser uma oportunidade para constatarmos, portanto, que reações os diferentes atores dessa indústria estão tendo. As informações que temos obtido são de que a expectativa da indústria em relação à crise é de efeitos pontuais, efeitos de curto prazo. Não se espera redução dos preços de petróleo para patamares inferiores aos atuais, se espera a manutenção dos preços em um horizonte de tempo razoável em patamares compatíveis com um passado recente. Evidentemente, não se espera também que teremos grandes períodos de preço equivalente aos picos de US$ 100 o barril como no passado. E esses picos foram anormais também. Mas, os investimentos dos diversos fornecedores da Petrobras, por exemplo, têm sido mantidos, os investimentos da Petrobras têm sido mantidos. O próprio Plano Estratégico da Petrobras deixa isso claro. Mais uma vez, a própria OTC vai nos permitir, durante a sua realização, entender um pouco melhor como é que cada um dos atores está reagindo à crise. Uma coisa é certa: em tempos de crise, há muito espaço para a inovação. A inovação é movida por necessidades e, em tempos de crise, a busca por soluções criativas é incrementada. Uma outra coisa também é certa: a seletividade aumenta em tempos de crise, há uma tendência a se concentrar esforços naquilo que evidentemente é mais importante. No caso da Petrobras, o pré-sal é o grande fator determinante na nossa atuação no segmento de exploração e produção nesse momento e as oportunidades são muito promissoras. Mesmo no cenário de preços que a gente está vivendo, como já foi anunciado pela própria empresa, os nossos investimentos estão não só mantidos como, em alguns casos, até crescendo.

. O Procap (Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Sistemas de Produção em Águas Profundas do Cenpes) é considerado o maior celeiro de inovações para a atividade exploratória da Petrobras. Que novidades do programa serão apresentadas em Houston? - Carlos Tadeu: O Procap já tem mais de duas décadas de atuação e seu foco vem mudando ao longo do tempo. Recentemente, as discussões finais que nós tivemos sobre o Procap enfatizaram duas coisas: a primeira é que, sobre águas profundas, nós já desenvolvemos (se não tudo) praticamente tudo aquilo que era necessário. O segundo ponto enfatizado é que o nosso foco passa agora para áreas ultraprofundas, para além de 2.000 e 2.500 metros de profundidade d’água. Não por coincidência, um ambiente no qual boa parte das descobertas do pólo pré-sal se situa. Durante a OTC, nós apresentaremos um trabalho que reflete o sucesso do Procap na área de processamento submarino e bombeamento submarino. É um trabalho muito interessante porque mostra a evolução na Petrobras das possibilidades de aplicação de tecnologias submarinas, seja para processamento em ambientes submarinos dos fluídos, seja para adição de energia a esses fluídos de forma a permitir o escoamento em grandes distâncias.

. Fale um pouco sobre cada uma das três frentes que o Procap tem desenvolvido: Carlos Tadeu: Nessa nova focalização do Procap para águas ultraprofundas, os três grandes eixos de atuação são: primeiro, a questão das grandes tubulações, dos risers, na medida em que se aumenta a profundidade d’água mudam os esforços a que são submetidas essas tubulações que escoam a produção dos poços para as plataformas e novos requisitos são necessários para que o projeto, a instalação, a manutenção e a inspeção dos risers seja feita de forma adequada. Então, o primeiro eixo é o das tubulações de produção dos risers. O segundo eixo é justamente ao que eu me referi na pergunta anterior, o da utilização mais abrangente de tecnologias submarinas de processamento e bombeamento dos fluidos produzidos. A utilização mais intensa desse tipo de tecnologia vai reduzir a dependência das tecnologias atuais que demandam área no convés das plataformas para a realização do processamento do bombeamento. E o terceiro eixo é o da arquitetura naval. Que tipos de embarcações e de plataformas, com que configurações poderão ser desenvolvidas para atuar em águas mais profundas. Tanto por meio da extensão de conceitos mais recentes, mas também – por que não? – na aplicação de novos conceitos, inclusive os que permitam a utilização de poços com completação seca, conceitos que permitam a operação simultânea de sondas de perfuração e integração com a operação das facilidades de produção. Esses são conceitos que estão sendo bastante estudados no Procap com a nova focalização que ele tem em águas ultraprofundas.

. O pré-sal, mais uma vez, estará em evidência no evento. A expectativa do mundo em relação às soluções da Petrobras para a extração do petróleo em tal profundidade e distância do continente é muito grande. Que projetos específicos para a área do pré-sal a Companhia levará para a OTC? - Carlos Tadeu: A Companhia está levando uma sessão especial organizada pelo comitê da OTC. Especialmente para que a Petrobras possa demonstrar todo o conjunto de desafios tecnológicos vinculados ao pré-sal. Estaremos cobrindo praticamente da exploração até a parte de produção. Todo o conjunto de desafios culminando com a apresentação do plano de desenvolvimento do pré-sal. Nós teremos um trabalho voltado para a questão da exploração muito interessante. Esse trabalho visa mostrar a evolução da Petrobras, a trajetória da Companhia na exploração desde os arenitos turbidíticos, ambiente no qual nós fizemos a maior parte das descobertas anteriores ao pré-sal, até os carbonatos, formação na qual nós temos encontrado óleo e gás do pré-sal, mostrando como é que evoluíram os conhecimentos e os conceitos exploratórios culminando com outras descobertas. O segundo trabalho a ser apresentado vai mostrar a nossa curva de aprendizado em relação à construção de poços no pré-sal com as complexidades associadas a esses poços. É um trabalho que mostra os resultados que nós já estamos alcançando e também mostra o que a gente tem de atividades previstas ao longo dos próximos meses e anos para acelerar essa curva de aprendizado. O terceiro trabalho vai mostrar especificamente a estratégia que estamos adotando de testes de longa duração e de produção por meio de unidades piloto para a área de Tupi. Esse trabalho é interessante porque nós vamos apresentá-lo coincidindo com a entrada em operação do primeiro poço de Tupi. O quarto trabalho, já focando as tecnologias especificamente, será sobre os grandes desafios tecnológicos associados ao pré-sal, embora os grandes desafios tecnológicos, todos eles, já estejam sendo objetos de estudo por parte da Petrobras. Na imensa maioria desses tópicos o nosso aprendizado anterior em águas profundas serve de plataforma inicial para que a gente possa desenvolver o que precisa ser desenvolvido e atingir o estágio que precisamos. O quinto trabalho é o que foca a estratégia de suprimento dos itens, equipamentos e materiais que serão necessários para o pré-sal, como é que nós vamos obter do mercado fornecedor os itens que são necessários. E o penúltimo trabalho diz respeito à previsão de produção do pré-sal, as expectativas que a Petrobras tem com a área e como é que a Petrobras pretende então atingir um novo patamar, não só nos resultados, mas também na indústria local de fornecedores de bens e serviços. O pré-sal traz algo muito importante para o desenvolvimento da indústria local que é a escala. O porte das atividades numa escala tal que nos permite fazer planejamentos de médio e longo prazo no desenvolvimento de alianças com fornecedores. E o último trabalho é onde estaremos de novo sintetizando todo plano de desenvolvimento do pré-sal. Então, é uma sessão especial que, tenho certeza, será uma das sessões mais concorridas de toda OTC.

. Quais outras abordagens a Petrobras levará à OTC? - Carlos Tadeu: Além da participação da Petrobras na construção de novas tecnologias, há dois painéis especialmente organizados na OTC voltados para a discussão entre executivos de diversas companhias de temas de caráter mais gerencial, estratégico. Um desses painéis é o intitulado Gerenciando a Tecnologia. O painel está organizado de forma a permitir uma troca de experiências entre executivos que atuam na área de pesquisa e desenvolvimento em grandes companhias, sejam elas produtoras de óleo e gás, sejam elas fornecedoras. E que essa troca de experiências possa servir para que a gente enfim faça reflexões sobre a gestão da tecnologia em tempos de crise. Vamos discutir diversos aspectos ligados à gestão da tecnologia com foco principal nos impactos que uma crise econômica pode trazer, os impactos e oportunidades que isso traz. O painel será mediado por um importante membro da academia do meio universitário. Outro painel interessante, também abordando a questão da crise, é o do impacto da crise nos investimentos de grandes projetos de desenvolvimento de campos de petróleo. O painel também é organizado de maneira similar, contará com diversos executivos das indústrias, e o título é Lidando com a volatilidade de preços, como é que isso pode afetar grandes projetos de produção. Então, tanto no ambiente tecnológico como no ambiente dos empreendimentos, vamos participar de mesas redondas onde o impacto da crise nesses investimentos de pesquisa e desenvolvimento ou em projetos de produção será debatido. Vai ser uma participação também muito importante, não só pela oportunidade de nós ouvirmos colegas da indústria, mas também a chance da Petrobras levar o seu ponto de vista e enfatizar, mais uma vez, o que nosso plano estratégico já definiu. Nós estamos enxergando oportunidades que estão além da duração da crise.

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