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08/05/2009 - 10:03

Preço da cesta básica diminui em sete capitais, aponta DIEESE


Sete das 17 capitais onde o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, apresentaram recuo no custo dos gêneros alimentícios essenciais, em abril. As maiores quedas ocorreram em Manaus (-2,58%) e Aracaju (-2,16%). Em outras dez localidades o custo da cesta subiu, com destaque para João Pessoa (5,32%), Fortaleza (3,95%) e Belo Horizonte (3,85%).

Embora o preço dos gêneros essenciais tenha recuado 1,64%, em Porto Alegre, a capital gaúcha continuou a registrar o maior valor para a cesta básica: R$ 234,81. Como em São Paulo os alimentos subiram 1,68% e no Rio de Janeiro 1,82%, estas duas localidades apresentaram, em abril, valores mais próximos do apurado (se comparado com o mês anterior) para a cidade mais cara, respectivamente com R$ 225,63 e R$ 222,60. Aracaju continuou a ter o menor custo (R$ 163,76), seguida por Recife (R$ 176,65) e João Pessoa (R$ 184,02).

Com base no maior valor apurado para a cesta e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente quanto deveria valer o salário mínimo necessário. Com a queda no custo da cesta, o valor do mínimo necessário também diminuiu, ficando em R$ 1.972,64, ou seja, 4,24 vezes o mínimo vigente (R$ 465,00), enquanto em março o valor necessário era de R$ 2.005,57, que representava 4,31 vezes o salário mínimo. Em abril de 2008, o mínimo era estimado em R$ 1.918,12, ou 4,62 vezes o piso de então (R$ 415,00).

Variações acumuladas - Nos primeiros quatro meses do ano, quinze capitais registraram variação acumulada negativa para o custo da cesta básica. As maiores quedas, entre janeiro e abril, ocorreram em Aracaju (-15,27%), Florianópolis (-12,09%), Natal (-9,88%), Curitiba (-8,57%) e João Pessoa (-8,24%). Os aumentos foram apurados em Goiânia (1,16%) e Belém (0,74%). Entre maio de 2008 e abril último, seis das 16 capitais pesquisadas apresentaram variação acumulada negativa e naquelas onde houve alta, o aumento é inferior ao reajuste de 12,05% concedido ao salário mínimo em fevereiro último. As maiores retrações, em 12 meses, foram apuradas em Belo Horizonte (-6,03%) e Aracaju (-5,50%). As maiores elevações foram verificadas para Goiânia (9,38%), Salvador (8,21%), Porto Alegre (3,54%), Vitória (3,26%) e Brasília (3,25%). Ainda não existem dados anuais para Manaus.

Cesta x salário mínimo - Em abril, houve alta no valor da cesta na maior parte das capitais pesquisadas, mas como grande parte das variações foram relativamente baixas, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta básica na média das 17 capitais manteve-se em patamar semelhante ao do mês anterior: em abril, a compra dos gêneros essenciais exigiu uma jornada de 96 horas e 42 minutos, enquanto em março eram comprometidas 96 horas e 12 minutos. Em abril de 2008, quando a pesquisa considerava 16 capitais, a mesma compra necessitava a realização de uma jornada de 106 horas e 57 minutos.

Quando se leva em conta o percentual do salário mínimo líquido - após o desconto equivalente à Previdência Social – comprometido com a aquisição da cesta, o mesmo quadro se repete. Em abril, a compra dos gêneros essenciais demandava 47,78% do mínimo líquido, enquanto em março 47,53% dos rendimentos líquidos eram destinados à mesma aquisição. Há um ano, na média das 16 localidades pesquisadas, o comprometimento era de 52,84% do rendimento líquido.

Comportamento dos preços - Os preços dos itens que compõem a cesta básica não apresentaram alta generalizada, ainda que 10 das 17 capitais acompanhadas tenham registrado aumento em abril. Três produtos – leite, açúcar e manteiga – subiram em 11 capitais. O café e o tomate tiveram elevação em 10 e o preço da batata aumentou nas nove localidades onde o item é acompanhado.

Problemas de escoamento devido às condições de estradas vicinais e a intensidade das chuvas em regiões produtoras foram responsáveis pela alta, verificada em abril, no preço do leite integral. As maiores elevações ocorreram no Rio de Janeiro (8,45%), Goiânia (4,15%), Curitiba (3,73%) e São Paulo (3,55%). As retrações mais expressivas foram apuradas em Brasília (-3,27%), Natal (-1,73%) e João Pessoa (-1,02%). No período de 12 meses, 13 capitais apresentaram elevação no preço do leite, com destaque para Recife (43,14%), Natal (31,21%) e Vitória (30,76%). Recuos foram verificados em Brasília (-12,79%), Salvador (-8,18%) e Belo Horizonte (-5,05%). A forte alta registrada na variação anual tem, como um de seus componentes, a substituição, na pesquisa, do leite C pelo leite longa vida, devido à redução da distribuição para venda ao consumidor do primeiro.

A manteiga, derivado do leite e, portanto, produto também com sua produção afetada pelas condições climáticas, teve as principais elevações anotadas em Goiânia (5,90%), Recife (4,89%) e Salvador (3,18%). Dentre as seis localidades onde o preço caiu, o destaque foi Manaus (-3,13%). No período anual, os aumentos também foram constatados em 11 capitais, com as elevações mais significativas apuradas em Salvador (32,24%), Florianópolis (19,90%) e Porto Alegre (19,70%). São Paulo (-12,64%) e Curitiba (-11,52%) registraram as maiores quedas.

Os principais aumentos do açúcar foram apurados em Curitiba (5,67%), Aracaju (5,59%), Porto Alegre (3,42%) e Recife (3,15%). No Rio de Janeiro houve estabilidade e cinco cidades tiveram redução de preço, as mais expressivas observadas em João Pessoa (-1,38%), Fortaleza (-1,32%) e Brasília (-1,12%). O início da colheita da cana no Centro- Sul do país, e em especial no estado de São Paulo, deve diminuir o preço do açúcar nos próximos meses. Em comparação com abril de 2008, 15 capitais registraram elevações, 11 delas acima de 20,0%. Os principais aumentos ocorreram em Goiânia (78,95%), Belém (55,75%), Fortaleza (49,00%), Porto Alegre (48,04%), Florianópolis (47,46%) e Curitiba (46,08%). A única redução ocorreu em Belo Horizonte (-10,27%). Este comportamento altista tem como justificativa, a elevação do dólar no segundo semestre, uma vez que o produto está incluído entre os itens de forte exportação.

As maiores taxas de elevação para o café foram notadas em Brasília (7,67%) e Porto Alegre (4,70%), enquanto entre as seis localidades onde foi apurada retração, as mais significativas ocorreram em Salvador (-2,99%), Fortaleza (-2,68%) e Rio de Janeiro (-2,23%). Em 12 meses foram registrados aumentos em 10 localidades, em especial em Goiânia (18,74%), Porto Alegre (13,75%) e Aracaju (11,01%). As principais quedas foram observadas em São Paulo (-11,01%), Belo Horizonte (-7,12%) e Rio de Janeiro (-7,05%). A valorização cambial, combinada com a crise financeira, vem prejudicando as exportações e provocando oscilações no preço do café. João Pessoa (45,83%), Fortaleza (35,98%) e Brasília (25,49%) foram as capitais com maior aumento no custo do tomate. Seu preço manteve-se estável em Aracaju e as quedas foram registradas, principalmente, em Porto Alegre (-24,33%), Belém (-6,19%) e São Paulo (-5,44%). Em 12 meses, 10 cidades apresentaram retração, as mais expressivas verificadas em Porto Alegre (-37,81%), Florianópolis (-34,63%) e Rio de Janeiro (-31,83%), enquanto Salvador (22,65%) e Fortaleza (14,57%) tiveram as maiores altas. Fortes temporais em regiões produtoras prejudicaram a maturação, mas mesmo assim seu preço hoje é inferior ao de abril de 2008.

A batata, pesquisada apenas nas nove capitais do Centro-Sul do país, teve alta em todas, com destaque para Belo Horizonte (30,68%), Rio de Janeiro (26,14%) e Brasília (24,39%). O mesmo fato pode ser observado com relação à variação anual, pois ocorreram aumentos de 70,00%, em Brasília; 65,47%, em Belo Horizonte; 64,60%, em Porto Alegre e 55,24%, no Rio de Janeiro.

Com relação aos produtos para os quais houve predomínio de queda, feijão e óleo de soja registraram recuo em todas as 17 capitais, na comparação entre abril e março, e o arroz mostrou o mesmo comportamento em 15 localidades. As boas safras e a grande oferta do produto vêm reduzindo, nos últimos meses, os preços do feijão. As maiores quedas foram apuradas em Florianópolis (-21,09%), Belém (20,51%), Curitiba (-20,13%) e Rio de Janeiro (-16,90%), enquanto a menor retração deuse em Belo Horizonte (-3,47%). Em comparação com abril do ano passado, todas as 16 capitais para as quais existem dados registraram queda, 10 delas com taxas superiores a 40%. As variações situaram-se entre -6,75%, anotado em Brasília e -56,57%, apurado em Fortaleza.

As maiores retrações no preço do óleo de soja foram verificadas em Florianópolis (-8,38%), Goiânia (-5,39%), Rio de Janeiro (-5,21%), Recife (-5,04%) e Fortaleza (-5,00%). Na comparação com abril de 2008, todas as 16 capitais apresentam redução no preço do produto, com a taxa variando entre -22,92%, em Florianópolis, a -32,71%, em Porto Alegre. As restrições às exportações pela redução do crédito têm provocado queda no preço da soja no mercado internacional e também no interno. A boa oferta de arroz permitiu a redução de seu preço em 15 capitais, com destaque para Aracaju (-7,78%), Curitiba (-6,32%) e Florianópolis (-5,00%). Natal (0,51%) e Brasília (1,00%) tiveram pequenas elevações. Em 12 meses, este item teve aumento nas 16 capitais para as quais existem informações, com variações entre 4,65%, em Goiânia a 34,84%, em Florianópolis. A tendência atual é de barateamento, mas a forte seca que atinge o Rio Grande do Sul – principal estado produtor – pode impedir a redução.

Dez cidades mostraram redução no preço da carne, em abril, com destaque para Brasília (-2,81%), Aracaju (-2,66%) e Manaus (-2,51%). Dentre as sete capitais com elevação, apenas no Rio de Janeiro (1,14%) o aumento superou 1,0%. Na comparação anual, a alta é generalizada, mas heterogênea, pois se situa entre 0,63%, em Aracaju e 21,08%, em João Pessoa. O preço do dólar, há um ano, permitia que a carne brasileira fosse oferecida, no mercado internacional a preço muito competitivo. Ainda assim, no mercado nacional seu preço era mais acessível. Hoje, a falta de crédito para exportação devido à crise financeira internacional vem contribuindo para o fechamento de abatedouros e para a manutenção dos animais no pasto, uma vez que a umidade do solo deixa as pastagens em boas condições. A proximidade da entressafra pode resultar em redução da oferta de gado de corte e leiteiro, a menos que o clima seja favorável, sem estiagem prolongada. Variação em quatro meses

Nos quatro primeiros meses deste ano, apenas duas capitais apresentaram variações positivas no custo da cesta, pois no período houve predomínio de redução no preço de itens essenciais como o feijão (comportamento apurado em todas as 17 capitais), da carne (16 localidades), arroz e tomate (em 15) e óleo de soja (em 14).

Dentre os produtos com predomínio de alta, os destaques foram açúcar (aumento em 16 capitais) e leite ( em 13). A alta verificada em quatro meses em Goiânia teve como fator determinante a elevação ocorrida na batata (55,04%), no açúcar (76,62%), na banana (33,28%) e no leite (16,005). Em Belém, dois produtos foram decisivos: açúcar (34,35%) e banana (21,13%). São Paulo

Ao contrário de março, quando o conjunto de 13 produtos que compõem a cesta básica pesquisada pelo DIEESE no município de São Paulo apresentou queda de 6,51%, em abril houve uma pequena elevação de 1,68%. Ainda assim, as variações acumuladas tanto no primeiro quadrimestre deste ano (-5,79%), quanto em 12 meses (-0,96%) são negativas. O custo da cesta ficou em R$ 225,63, o segundo maior entre as 17 capitais pesquisadas. Dentre os 13 itens cujos preços são acompanhados, seis apresentaram retração no mês: feijão carioquinha (-7,10%); tomate (-5,44%), óleo de soja (-2,47%), arroz agulhinha tipo 1 (-2,37%), manteiga (-0,57%) e café em pó (-0,46%). A batata (17,28%) apresentou a maior elevação, mas também subiram os preços do pão francês (8,65%); banana nanica (4,17%), leite integral (3,55%), açúcar refinado (2,82%), carne bovina de primeira (0,49%) e farinha de trigo (0,34%).

Em comparação com abril de 2008, seis itens tiveram recuo em seus preços: feijão (-50,52%); óleo de soja (-27,08%); manteiga (-12,64%); banana (-11,92%); café (-11,01%) e farinha de trigo (-9,06%). As maiores altas ocorreram para a batata (36,59%), o açúcar (33,94%), arroz (28,75%), carne bovina (12,22%), leite (9,78%) tomate (4,91%) e pão francês (0,67%).

O trabalhador paulistano que recebe salário mínimo precisou cumprir, em março, uma jornada um pouco maior do que a necessária em fevereiro para a compra dos mesmos produtos alimentícios: 106 horas e 45 minutos, contra 104 horas e 59 minutos. Quando a comparação é feita com abril de 2008, a jornada atual é bem menor, pois naquele mês correspondia a 120 horas e 46 minutos. Também quando se considera o valor do salário mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social – verifica-se a mesma correlação. Em abril, o custo da cesta representava 52,74% da renda líquida do trabalhador, enquanto em março correspondia a 51,87% do mínimo líquido. Em abril de 2008 eram comprometidos com a aquisição dos bens 59,67% do valor recebido.

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