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31/03/2007 - 08:55

A hora e a vez das cooperativas de crédito

Desde meados da década de 1990, com a estabilização da economia brasileira, até agora, nós vivemos a era dos bancos. Forte crescimento nos ativos, expansão dos negócios e lucros inacreditáveis foram o resultado de anos de juros estratosféricos e de um esforço governamental sem precedentes (vide Proer) para solidificar e consolidar o setor financeiro – sem dúvida alguma essencial para o funcionamento do país.

Em 2006, por exemplo, o lucro das 104 instituições financeiras atuantes no Brasil alcançou R$ 33,4 bilhões. E isso foi alardeado pela imprensa aos quatro cantos. Pelo segundo ano consecutivo, os bancos bateram recorde de rentabilidade. E grande parte desses ganhos foi impulsionada pelas tarifas cobradas. Para se ter uma idéia, em 1996, esse tipo de cobrança proporcionou um faturamento de R$ 12,1 bilhões. No ano passado, o valor foi de R$ 47,5 bilhões, uma alta de 293%.

Desde o Plano Real, em 1994, a receita dos bancos com as tarifas cresceu oito vezes e dobrou no governo Lula. O ganho com as tarifas aumentou mais do que a receita total, que triplicou desde o Plano Real e cresceu 21,2% desde o governo Lula, para R$ 298,97 bilhões. A contribuição das tarifas para as receitas totais, que era de apenas 6,5% em 2004, atingiu 17,68% em 2006, de acordo com os cálculos da consultoria Austin Rating.

Já o faturamento alcançado pelos bancos com juros de empréstimos chegou a R$ 152,3 bilhões no ano passado, 137% a mais do que em 1996.

Segundo o Procon de São Paulo, os juros cobrados pelas instituições financeiras são altos – cerca de 5,38% ao mês.

Em contrapartida, a média cobrada pelas cooperativas de crédito gira em torno de 2% ao mês. Assim, a tendência é que as cooperativas de crédito se fortaleçam cada vez mais como uma ótima alternativa para quem acaba se endividando com as altas taxas de empréstimos oferecidas pelos bancos.

Em suma, como já disse o presidente Lula diversas vezes, estamos entrando na era do cooperativismo de crédito. Para dar força a esse movimento, precisamos divulgar mais as vantagens que os cooperados ganham ao se associarem às cooperativas. Não é só para oferecer empréstimos mais em conta que o sistema de crédito cooperativo serve. Nossos produtos proporcionam também boa rentabilidade. A remuneração de uma aplicação no sistema cooperativista de crédito, independentemente do valor, é de 90% do CDI, em média. Já nos bancos tradicionais, a rentabilidade alcança 75% do CDI para pequenos valores.

No entanto, apesar das vantagens do cooperativismo de crédito, a participação no Sistema Financeiro Nacional é ainda pouco expressiva. Estamos longe de movimentarmos as mesmas cifras do que os bancos, mas caminhamos para a conquista de nosso espaço. O nosso intuito não é concorrer com esses gigantes, e sim servir como alternativa factível e viável para quem busca um serviço financeiro diferenciado. E, com isso, vamos colhendo os resultados.

É o caso das 197 cooperativas de crédito, filiadas ao Sicoob Central Cecresp (Central das Cooperativas de Crédito de São Paulo). Elas somaram R$ 1 bilhão em ativos, em 2006. Trata-se de um crescimento de 18,23% em relação ao ano anterior, quando a cifra foi de R$ 861 milhões. Para se ter uma idéia do bom desempenho nos últimos anos, em dezembro de 2003 os ativos das filiadas somavam R$ 576 milhões. Durante os três últimos anos, houve alta de 76%. Ou seja: as cooperativas de crédito estão expandindo o crédito, os depósitos e os serviços oferecidos para os seus cooperados.

E isso pode ser medido em números: as operações de crédito totalizaram R$ 675 milhões. Já as sobras das cooperativas aumentaram 25% em 2006: saltaram de R$ 79 milhões (2005) para R$ 96 milhões. Esses dados podem parecer pouco representativos quando comparados aos números recordes dos bancos, mas representam apenas as cooperativas vinculadas à central das cooperativas de crédito urbano de São Paulo.

Caminhamos no rumo certo – mas a passos mais lentos do que gostaríamos, é verdade. E para alcançar um público cada vez maior, é necessário trabalhar a informação de maneira adequada. Nem todo mundo sabe o que é uma cooperativa e como ela funciona – ainda mais uma de crédito. Precisamos fazer com que cada vez mais as pessoas entendam que o sistema cooperativo veio para, além de oferecer crédito a juros mais baixos, contribuir para o desenvolvimento de uma região. E, mais do que isso, melhorar a vida de quem é associado. Elas oferecem, além de produtos convencionais de investimentos e poupança, parcerias que dão descontos em estabelecimentos de ensino e ainda fazem parceria com grandes empresas de eletroeletrônicos com o objetivo de financiar produtos com taxas inferiores às praticadas pelo mercado.

Há tempos pensar em cooperativas deixou de ser algo pequeno. Nosso princípio – o da cooperação e do investimento no ser humano – passa longe da preocupação das instituições financeiras, nas quais o lucro vem em primeiro lugar.

.Por: Manoel Messias da Silva, presidente da Central das Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo

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