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21/05/2009 - 10:14

Referência da música clássica se apresenta no Museu Imperial


Marcelo Fagerlande lança Cd com concerto na residência do imperador d. Pedro II.

As portas do antigo Palácio Imperial vão se abrir para um evento inesquecível. Ao som de um dos maiores cravistas do Brasil, Marcelo Fagerlande, será encerrada a programação da Semana de Museus no Museu Imperial. O concerto, programado para às 18h30 do dia 23 de maio, marcará o relançamento do Cd “Marcelo Fagerlande no Museu Imperial”, produzido em 1990. Os interessados poderão retirar os ingressos antecipados, gratuitamente, na bilheteria do museu. Os ingressos são limitados.

“O Museu Imperial para a música é o mais importante, por ter o único instrumento original preservado, o que é uma raridade neste sentido. Tocar no Museu tem uma importância muito grande para mim, porque foi lá que gravei o meu Cd de estreia. O lugar é lindo, voltamos no tempo. Além disso, é uma atmosfera inspiradora. Dar vida a uma peça de 200 anos é uma responsabilidade muito grande”, comentou Marcelo Fagerlande.

A apresentação do músico faz parte da intenção da diretoria do museu em oferecer música de qualidade para um público cada vez maior: “Queremos que o petropolitano se habitue a prestigiar concertos de música clássica, formando assim plateia para este tipo de evento”, declarou o diretor da Instituição, o historiador Maurício Vicente Ferreira Júnior, adiantando que a programação de concertos no Museu Imperial será intensa durante todo o ano. Maurício lembra que a ligação do museu com a música recupera o lugar dessa arte na formação do indivíduo e no interesse da família imperial brasileira.

O Cd “Marcelo Fagerlande no Museu Imperial” contém 16 faixas, com músicas portuguesas e brasileiras do século XVIII, e foi gravado no único exemplar da espineta Mathias Bostem no mundo, que pertence ao acervo do museu. Depois de receber ótimas críticas da imprensa especializada, que o apontou como “um clássico” (Jornal do Brasil), como “um do melhores – se não o melhor – disco de música antiga já produzido no Brasil” (Folha de São Paulo) e como “uma real contribuição à cultura do cravo no Brasil” (Kenneth Gilbert) e várias tiragens esgotadas (mais de cinco mil CDs vendidos – um número elevado para a música clássica), o Cd será relançado com nova apresentação e remasterizado. O Cd poderá ser adquirido durante o concerto.

Por ter o instrumento uma grande importância para a música portuguesa da época, Marcelo Fagerlande escolheu, para fazer parte deste trabalho, obras de compositores do período, como Francisco Xavier Bachixa, João de Souza Carvalho e Francisco Xavier Baptista. Ao lado destes foram incluídos Carlos Seixas - autor da primeira metade do século XVIII e um dos maiores nomes portugueses que compôs para o teclado - e os brasileiros Luís Álvares Pinto e José Maurício Nunes Garcia, mais conhecidos por suas obras sacras, mas representados no Cd por composições tecladísticas.

O Cd “Marcelo Fagerlande no Museu Imperial” tem direção de Otto Drechsler, produção da TTodas Produções, remasterização e revisão da edição de Eduardo Monteiro.

Desvendando o instrumento - A espineta é um instrumento totalmente preservado, que foi restaurado também em 1990, para a execução do Cd. A espineta foi construída, em Lisboa, em 1785, pelo artesão Mathias Bostem, responsável pela manutenção dos cravos do Palácio Real (1770 a 1790). O artesão também ocupou o cargo de ‘cravista da Real Câmara’ e produziu inúmeros instrumentos, dentre os quais apenas quatro ainda podem ser encontrados: um pianoforte em estado original, dois cravos convertidos na época em pianofortes e a espineta pertencente ao Museu Imperial. A espineta é, portanto, o único exemplo de instrumento de cordas pinçadas do construtor, constituindo uma preciosa herança de sua arte.

Classificada como espineta arqueada, o instrumento manufaturado por Mathias Bostem, típico de uso doméstico, é na realidade um cravo de corpo oblíquo em relação ao teclado e com apenas um registro (de 8’), ou seja, um único jogo de cordas. Possui 61 teclas (de sol -1 a sol 5), o que era habitual em Portugal na década de 1780. A decoração do instrumento foi realizada na primeira metade do século XIX: sobre o fundo em madeira dourada foram pintadas grinaldas em vermelho, máscaras no estilo renascentista tardio e tufos de instrumentos musicais; a parte principal do tampo, quando aberto, revela a pintura de uma paisagem. Já a superfície do espelho – parte que fica imediatamente acima do teclado – é revestida de um folheado de mogno com grinaldas de flores em forma de campainhas, em buxo, e contém a data, local e assinatura de seu construtor. O tampo harmônico é feito de madeira de conífera e o teclado é revestido de marfim (teclas naturais) e de ébano maciço (teclas acidentais) (G. Doderer e J.H. van der Meer, Cordofones de tecla portugueses do século XVIII, Fundação Calouste Gulbenkian, 2005). Somente para efeito de gravação adaptou-se um registro de alaúde dividido, retirado em seguida à conclusão dos trabalhos.

O instrumento pertenceu a José da Cunha Porto e foi doado ao Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, em 1902. Este museu, por sua vez, transferiu-o ao Museu Imperial em 1939/1940. Foram realizadas restaurações em 1971, 1972, 1975 e 1990.

Além de Mathias Bostem, diversos outros construtores foram responsáveis por uma considerável produção de cravos, clavicórdios e pianofortes, em Portugal, na segunda metade do século XVIII. A presença destes instrumentos certamente contribuiu para o desenvolvimento da música de teclado naquele país, considerada a vertente instrumental mais significativa da música portuguesa do período.

Biografia - Marcelo Fagerlande, natural do Rio de Janeiro, teve sua formação musical na Alemanha, no Brasil e na França. É graduado em cravo com grau máximo pela Staatliche Hochschule für Musik Stuttgart, na classe de Kenneth Gilbert (1986), Doutor em Musicologia pela Uni-Rio (2002) e pós-doutor no Institut de recherche sur le patrimoine musical en France, Paris (IRPMF/CNRS) em 2004/2005.

Realizou concertos por todo o Brasil e nos Estados Unidos, México, Alemanha, França, Portugal, Espanha, Hungria e Uruguai. Foi o diretor musical e regente ao cravo de óperas de Monteverdi (Orfeu) Telemann (Pimpinone) e Boismortier (Dom Quixote e a Duquesa), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na Sala Cecília Meireles, no Teatro Amazonas, e no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Concebeu e dirigiu os musicais Barroco! e O Último Dia, sobre José Maurício Nunes Garcia, apresentados nos Centros Culturais Banco do Brasil Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Gravou diversos CDs no Brasil e na Alemanha, destacando Marcelo Fagerlande no Museu Imperial, Bach e Pixinguinha (Núcleo Contemporâneo) e Modinhas Cariocas (Biscoito Fino). Publicou O Método de Pianoforte de José Maurício (Relume-Dumará).

É professor da Escola de Música da UFRJ desde 1995, sendo responsável pelas classes de cravo (graduação e pós-graduação) e baixo contínuo. Nesta instituição coordena desde 2004 a Semana do Cravo, evento anual que reúne alunos e professores de diversas instituições brasileiras que contemplam o ensino do instrumento. [ Museu Imperial, visitação de terça a domingo, das 11h às 18h, Rua da Imperatriz, 220 ].

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