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21/05/2009 - 10:27

É possível evitar fraudes


Inúmeros estudos de mercado evidenciam o aumento da preocupação dos empresários brasileiros com relação a fraudes. O International Business Report 2008, pesquisa anual realizada pela Grant Thornton International, registrou que 38% destes executivos já adotaram métodos para gestão de riscos. As fraudes cometidas em empresas – uma prática que sempre existiu e sempre existirá, apesar de todas as precauções - não são apenas os mais comuns como desvios de numerário, bens patrimoniais e estoques e erros intencionais nos demonstrativos financeiros e econômicos. Fraudes em relatórios gerenciais e relatórios de metas podem causar, muitas vezes, prejuízos bem maiores do que os roubos, além de causar prejuízos à imagem da empresa. Em épocas de crise, como esta que o mundo vive hoje, as chances de ocorrer fraudes podem ser maiores, pois os mal-intencionados podem forjar resultados a fim de atingir metas pré-definidas. Para estas pessoas, o que importa são os resultados a fim de se beneficiarem. Por isso, é muito importante que as empresas tenham um programa antifraude como instrumento de análise contínua. Estes cuidados não vão acabar com todas as artimanhas, mas, com certeza, minimizará bastante as chances de que esses erros intencionais ou desvios aconteçam.

Mesmo nas grandes corporações, onde se pressupõem a existência de boas práticas de governança corporativa e do ambiente de controlo interno, há fraudes, como vimos acontecer nos últimos tempos. Por isso, o melhor são os investidores, conselheiros e executivos procurarem minimizar estes riscos cada vez mais por meio de programas antifraude em suas organizações. Afinal, nenhuma empresa está livre desses estratagemas e a grande maioria delas não está preparada para lidar com as fraudes.

Avaliar a governança, a gestão das decisões internas e dos controles, com o foco na fraude, se torna algo imprescindível nos dias de hoje. Assim, a sugestão para executivos e administradores é a avaliação realista de sua empresa, inclusive das companhias com as quais eles se relacionam, ou seja, a partir de fatos e focos e não de rotinas e expectativas.

Há alguns pontos que o executivo tem de ponderar:

1) Há um efetivo gerenciamento de riscos, considerando os estratégicos (incluindo os da concorrência e os catastróficos), os financeiros (incluídos a gestão do caixa, moedas, taxa de juros, commodities, crédito e liquidez) e os operacionais (como processos, sistemas, informação, comunicação, relacionamentos externos e, pessoas)?

Muitas empresas, grandes ou pequenas, de maneira mais ou menos formal, até possuem o gerenciamento de riscos. Mas pode haver brechas, falta de entendimento e apenas cumprimento formal em pontos relevantes.

2) Temos um programa antifraude? Há uma cultura ética e antifraude na empresa? Há processos de gestão de pessoas, políticas, procedimentos, métodos e resultados mensurados de um programa antifraude? Detectamos ou prevenimos ou um pouco dos dois? Controlamos tudo ou pouco? Monitoramos o que deve ser monitorado?

A cultura das empresas brasileiras (e mesmo internacionais, pelos exemplos recorrentes que têm aparecido) tende a considerar a fraude como uma doença. Ou seja, quanto menos tocar e/ou falar do assunto, melhor. Mas os exemplos têm mostrado que, com certeza, muitas organizações ou empresas, grandes ou pequenas, possuem pontos falhos na gestão de seus processos, de suas pessoas e de suas informações, internas e externas. Hoje, eles podem estar sendo notados parcialmente ou sequer serem notados. Mas, cedo ou tarde, a perda poderá ocorrer.

É bom lembrar que, sem o real envolvimento das pessoas que fazem parte da organização, treinadas e preparadas com objetivos claros, é muito difícil evitar fraudes. Isso porque pesquisas de mercado mostram que a maioria das irregularidades em empresas e instituições financeiras é cometida por algum funcionário. A pesquisa mostra que a fraude mais comum é o desvio de ativos e os fraudadores trabalham, principalmente, na área financeira. Já o perfil do colaborador que pratica desvios é uma pessoa com nível superior e que tem entre 2 e 5 anos de trabalho. Normalmente eles agem sozinhos.

A fraude pode significar mais do que uma perda financeira para a empresa, pois muitas vezes ela traz embutida a perda da imagem institucional da organização. Em pouco tempo, a imagem, que levou anos para ser construída, pode ficar arranhada. E levará anos até que o prestígio da instituição seja recuperado.

Por isso, executivos e integrantes da governança corporativa que querem ganhar o jogo devem jogar no ataque, com os objetivos, metas a realizar e realizados de fato, e cuidar da defesa, conhecendo onde estão os riscos, as possíveis fraudes, e colocar a dose certa de controle. Pois a empresa pode controlar demais o que pouco vale e controlar de menos o que realmente vai causar impactos.

. Por: Leandro Sanches, sócio da Terco Grant Thornton, auditoria e consultoria, onde é o responsável pela área de Gerenciamento de Riscos.

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