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26/05/2009 - 11:30

Pesquisa revela que os homens não têm consciência quanto aos riscos da osteoporose

Pesquisa exclusiva da ONG Instituto Ortopedia & Saúde mostra que o risco de fratura de quadril em decorrência de osteoporose é considerável em homens de 65 anos ou mais, embora inferior ao das mulheres da mesma faixa etária. Revela também que a incidência de osteopenia na coluna é maior entre os homens – 50% contra 43% das mulheres analisadas. Mesmo assim, segundo o estudo, a maioria da população masculina não tem o hábito de realizar exames específicos dos ossos, fato que impede a prevenção. A pesquisa sobre osteoporose masculina realizada pelo Instituto foi aceita para apresentação na décima edição do Congresso Efort, da European Federation of National Associations of Orthopedics and Traumatology, um dos mais importantes congressos mundiais da área.

Existe a impressão errada de que só as mulheres sofrem com a osteoporose. A doença óssea, na verdade, atinge ambos os sexos. A questão é que os homens em geral desconhecem o problema, até porque o trabalho de sensibilização do público masculino para a prevenção da osteoporose ainda é muito incipiente no Brasil e, talvez até, no resto do mundo. Em pesquisa exclusiva que realizamos no Instituto Ortopedia & Saúde, ONG que presido, essa constatação fica evidente: 80% dos homens que participaram fizeram exames específicos dos ossos pela primeira vez, ao contrário das mulheres, que conhecem a questão há mais tempo.

Para a realização da pesquisa, reunimos um grupo de profissionais multidisciplinares ligados ao Instituto Ortopedia & Saúde, para avaliar o grau de conscientização dos homens em relação ao risco de ter osteoporose. Foram analisados 250 homens e 250 mulheres, com idade igual ou acima de 65 anos, por dois métodos: exames médicos de densitometria mineral óssea (DMO), método moderno que mostra como os ossos estão principalmente no que se refere à quantidade de cálcio; e WHO Fracture Risk Assesment Test (FRAXâ - Teste da Organização Mundial da Saúde que Avalia o Risco de Fraturas) que calcula o risco absoluto de uma pessoa ter fratura de quadril, além de qualquer outra fragilidade que possa ser alvo de fratura. Os dois grupos comparados foram semelhantes em termos de idade, classe social e nível de memória (segundo o Teste de Índice de Memória e Concentração).

Apesar dos exames detectarem situações semelhantes quanto aos ossos em ambos os sexos, registraram uma surpresa: a maioria dos homens, 80%, fez os exames específicos dos ossos pela primeira vez. Já entre as mulheres, somente 18% nunca haviam feito tais exames. A grande maioria feminina já tinha conhecimento dos riscos da osteoporose e tomava medidas preventivas. No que se refere aos indicadores de densidade, é interessante notar que, em ambos os casos, há perda de massa óssea. Há diferenças, contudo, entre os percentuais encontrados quando comparados homens e mulheres: as mulheres tendem a sofrer de osteoporose mais cedo, por conta da baixa hormonal na fase da menopausa, que faz com que percam massa óssea em média dez anos antes dos homens. Há casos até em que a pesquisa revelou maior incidência nos homens, como mostrou o tópico osteopenia da coluna, em que os homens apresentaram perda de massa óssea de 50% e as mulheres de 43%. Já a incidência de osteoporose do fêmur verificada no trabalho realizado foi de 13% para os homens e de 18% para as mulheres, ou seja, uma diferença pequena, de apenas 5 pontos percentuais.

Como estímulo à prevenção, o estudo detecta a possibilidade de fratura de quadril nas pessoas em um horizonte de dez anos. Nesse caso, a avaliação da ONG Ortopedia & Saúde revelou que a probabilidade é de 4,8% para o sexo masculino e de 5,2% para o feminino – percentuais bastante próximos e que confirmam a necessidade de um olhar mais atento à osteoporose masculina. O risco de fratura grave ficou em 5,6% entre os homens e em 24,33% entre as mulheres. Nesse caso, a diferença maior se explica em razão de as mulheres desenvolverem mais precocemente a osteoporose devido ao climatério.

Os dados da pesquisa revelam a necessidade de dedicarmos mais atenção à prevenção da osteoporose masculina. Além de disseminar informações sobre o problema, vale lembrar que os homens em geral precisam ficar mais atentos à saúde. Como sabemos – e a psicologia explica – a população masculina, tradicionalmente, tem menos senso de autopreservação e menos hábito de procurar tratamento médico em comparação à feminina. A pesquisa sobre osteoporose masculina foi aceita para apresentação na décima edição do Efort – European Federation of Natural Associations of Orthopedics and Traumatology, um dos mais importantes congressos mundiais da área, que este ano acontece no início de junho, em Viena (Áustria). O grupo de estudo do qual faço parte também vai apresentar mais duas pesquisas: uma outra sobre a ferramenta FRAXâ e uma sobre a síndrome da mão inchada, que ocorre durante a caminhada.

A medicina conta hoje com recursos para examinar os ossos com detalhes que nossos avós nem imaginavam. O FRAXâ,, por exemplo, é um método moderno que – por meio de um questionário individual – quantifica os fatores de risco e observa como esses fatores interagem. Desenvolvida a partir de estudos populacionais na Europa, América do Norte, Ásia e Austrália, essa sofisticada ferramenta avalia doze fatores distintos: idade; sexo; peso; altura; histórico de fraturas; histórico familiar de fraturas de quadril; incidência do hábito de fumar; uso de glucocorticóide; histórico de artrite reumatóide; histórico de desordem secundária associada à osteoporose; consumo de álcool; e densidade mineral óssea do fêmur.

Com base nessas variáveis, o FRAXâ calcula o risco absoluto de uma pessoa ter fratura de quadril, além do risco de qualquer outra fragilidade de fratura. A ferramenta abre, portanto, novas perspectivas de prevenção e tratamento, além da medição da densidade óssea, tradicionalmente realizada. A OMS – Organização Mundial da Saúde recomenda, inclusive, que os pacientes procurem especialistas já familiarizados com a ferramenta e que possam auxiliar o paciente a preencher o questionário. Mais do que isso, é papel do profissional explicar os resultados, alertar para os riscos futuros de fratura e convencer o paciente a realizar o tratamento prévio.

A osteoporose – doença que leva ao enfraquecimento dos ossos, tornando-os vulneráveis aos pequenos traumas —, é uma patologia assintomática, ou seja, sem sintomas, lenta e progressiva. Esse caráter silencioso faz com que não seja diagnosticada até que ocorram as fraturas, principalmente nos ossos do punho, colo de úmero, quadril e coluna vertebral. Entre os principais indícios da osteoporose destacam-se a dor prolongada na coluna vertebral, associada à diminuição da altura do paciente devido a microfraturas em vértebras, e o desevolvimento de um cifose, ou seja, corcunda.

A osteoporose é também uma doença complexa, cujas causas não são totalmente conhecidas. Certos fatores estão associados a um maior risco para essa doença, entre eles, ser mulher, envelhecer, ter um corpo pequeno, ser branco ou asiático e ter histórico familiar da doença. As mulheres têm um risco quatro vezes maior de desenvolver osteoporose do que os homens. O fato é ocasionado, basicamente, pela diminuição de hormônios sexuais femininos após a menopausa. Mas os homens também podem desenvolver osteoporose — embora menos frequentemente — em decorrência de distúrbios hormonais ou do uso de alguns medicamentos.

Minha experiência com o atendimento a idosos em consultórios e hospitais me provou que a qualidade de vida na terceira idade – ou melhor idade – está estreitamente ligada à manutenção da saúde. Diante desse desafio, a prevenção a doenças ortopédicas, que têm grande incidência entre os maiores de 60 anos, mostra-se importante para garantir que a longevidade alcançada pela humanidade seja também sinônimo de saúde. Algumas ações de prevenção ganham destaque no combate à osteoporose e são simples: a prática de atividade física é uma delas.

. Por: Dr. Fabio Ravaglia, médico ortopedista graduado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) com residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual, especialização em coluna vertebral Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) e mestre em cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Foi o primeiro brasileiro aceito pelo programa do Royal College of Surgeons of England, onde se especializou em ortopedia reumatológica (próteses e revisão de próteses articulares, artroscopia de várias articulações, tratamento de dor na coluna e traumatologia). Durante quatro anos atuou como cirurgião ortopédico em hospitais ligados à Universidade de Bristol, na Inglaterra, país reconhecido pelo pioneirismo no desenvolvimento de próteses e de técnicas de ortopedia reumatológica. Na Alemanha, dr. Ravaglia fez especialização nas mais avançadas técnicas para cirurgias de coluna minimamente invasivas, realizadas com um aparelho do tamanho de uma caneta e com anestesia local. A técnica é utilizada para cirurgias de hérnia de disco.

Em 1994, o ortopedista voltou ao Brasil e passou a atuar com um avançado tratamento cirúrgico para problemas das articulações — a artroscopia, técnica cirúrgica que minimiza as desvantagens da cirurgia e reduz as dores provocadas pela artrose, artrite, traumatologia e hérnia de disco. O médico é pioneiro em cirurgias de mínima invasão na coluna vertebral e foi o primeiro a realizar o processo de descompressão percutânea da coluna vertebral. Presidente do Instituto Ortopedia & Saúde, organização não-governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção, o dr. Ravaglia é também membro do corpo clínico externo dos hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz e Santa Catarina; diretor-presidente da Arthros Clínica Ortopédica e membro titular da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 118, patrono Ernesto de Souza Campos).

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