Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

05/06/2009 - 11:44

O Valor da Informação: da indeterminação de Morgenstern à irrelevância de Phelps.

Uma matéria divulgada no jornal O Globo, de 26 de maio de 2009 chamou a atenção sobre o valor da informação. O jornal declara que em 1972 o New York Times perdeu para o seu concorrente Washington Post o “furo” da década pelo envolvimento do presidente Richard Nixon no escândalo Watergate (colocação de escutas na sede do Partido Democrata). O FBI havia entregue a informação ao jornal, em fitas cassetes gravadas, mas o redator Robert M. Smith as deixou de lado e saiu do emprego para estudar em Harvard e o editor Robert H. Phelps tirou férias no Alasca, deixando o “furo” na gaveta. A questão que se coloca é o valor da informação. Como foi que uma empresa que tem a informação como negócio, o New York Times, não conseguiu calcular o valor tanto de sua matéria-prima quanto de seu produto final. Muitas empresas cometem esse mesmo erro e muitas delas sofrem com isso.

Na economia mundial comandada pelo conhecimento, a informação é simultaneamente o seu recurso mais abundante e também o mais escasso. O recurso é abundante porque as empresas investem somas incalculáveis na aquisição, na transformação e na produção de informação, embora poucas delas saibam o verdadeiro valor das informações. E é também escasso porque poucas empresas conseguem imaginar quanto dinheiro elas já perderam, ou pelo menos deixaram de ganhar, pelo elevado custo da ignorância.

Aqui ignorância não quer dizer falta de saber, de instrução ou de conhecimento, mas a falta de capacidade de gerar ou de dar valor a uma informação, como souberam os jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward, os repórteres do Washington Post que ficaram famosos por terem publicado o escândalo.

Grande parte das informações de uma empresa está estocada ou vagueando nos complexos fluxos dos sistemas corporativos, computadores, notebooks, portais, relatórios e atas de reuniões. Algumas delas podem estar até mesmo em gavetas, como aconteceu no New York times. Mas, há também os casos em que há a informação, e mesmo em abundância, mas não há capacidade para calcular o valor que elas têm ou avaliar o quanto delas é verdadeiro ou falso.

O professor da FGV/RJ Antonio Maria da Silveira, o mesmo da Renda Mínima, certa vez (1984) exemplificou o problema do valor da informação com a estória de um topógrafo que ao perguntar ao nativo quantos anos tinha um dado rio, recebeu como resposta a idade de três milhões e vinte e oito anos. Ao ser solicitado a explicar a exatidão da sua resposta, o nativo informou que desde quando nasceu o pai dele dizia que o rio tinha três milhões de anos e ele agora já contava com vinte e oito anos de idade.

Silveira chamou de indeterminação de Morgenstern (Oskar Morgenstern–Teoria dos jogos) a esta característica de contaminação por falseamentos, de dados, informações e observações das ciências humanas e sociais. Ele faz referência a uma citação de Morgenstern sobre um determinado país europeu que falsificou e mesmo criou (sic) vários dados econômicos para se beneficiar do plano Marshall. Tais dados podem estar sendo usados até hoje em vários trabalhos econométricos.

Se à contaminação das informações por falseamento, o professor Silveira denominou de Indeterminação de Morgenstern, ao desleixo de não gerar valor a uma informação pode ser denominada de a Irrelevância de Phelps. Ambas podem ser fatais para uma empresa.

. Por: José de Moraes Falcão, economista | Por: Sebrae/RJ.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira