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06/04/2007 - 10:53

Meio Ambiente, ação e reação

Os efeitos do aquecimento global estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Aos poucos, vai se deixando de lado a velha máxima de que o Brasil é um país abençoado por Deus e bonito por natureza, imune às intempéries. A ventania que sacudiu a zona Sul de São Paulo na primeira semana de abril é um prenúncio do que pode ocorrer nos próximos anos. Um alerta para que as pessoas comecem a despertar para a necessidade da preservação ambiental. Se o forte calor já vinha incomodando os moradores do Sudeste, agora há o perigo iminente de chuvas torrenciais acompanhadas de ventanias destruidoras que somente acompanhávamos pelas imagens exibidas no noticiário internacional dos meios de comunicação.

Quando, em sã consciência, um paulistano poderia prever que rajadas de até 110 km/h atingiriam a cidade? Em apenas algumas horas, a tempestade incomum de outono derrubou mais de 50 árvores, destelhou casas e provocou um apagão que deixou cerca de 200 mil residências e estabelecimentos sem luz – em alguns casos, por mais de 24 horas. Sem falar no crônico problema das enchentes, que causa congestionamentos gigantescos na cidade e provoca transtornos incalculáveis a milhares de famílias, sobretudo para quem vive nas áreas mais pobres e afastadas.

A tendência é que esse tipo de ocorrência se torne cada vez mais freqüente no dia-a-dia dos paulistanos. Se havia um temor em relação aos moradores de áreas costeiras, alimentado principalmente pelo avanço dos oceanos sobre a faixa de areia, agora também sobrou para quem vive em locais altos e densamente populosos como a metrópole paulistana. Segundo especialistas, a cidade será palco de tempestades ameaçadoras causadas pelo aquecimento da atmosfera e pela concentração de substâncias nocivas, com destaque para o gás carbônico expelido pelos automóveis.

Agora, a questão que se coloca diante da sociedade não é mais como lidar com a situação. Mas, sim, como agir para evitá-la.

Ninguém pode se eximir de responsabilidade nesse processo. Os cidadãos têm a obrigação de mudar hábitos culturais e de comportamento com urgência, cuidando de seu próprio lixo, economizando água e informando-se a respeito do que acontece no planeta. Já os governantes e políticos precisam se conscientizar dessas transformações, exercendo de fato sua autoridade com a apresentação de projetos simples e que tenham impacto na vida das pessoas. De nada adianta fazer campanha sobre a necessidade da reciclagem do lixo se não existe coleta seletiva em uma cidade.

No século passado, o desenvolvimento tecnológico gerou uma riqueza que permitiu a ocupação de áreas que até então pareciam inabitáveis em locais perfeitos para a construção de prédios e asfalto. A várzea deu lugar ao concreto. O reflexo da invasão urbana está aí. E ao invés de ocorrer uma inversão desse processo, o que vemos é um número significativo de novas edificações erguidas em terrenos que poderiam servir como escape para a absorção da água das chuvas e para o plantio de árvores.

Ou alteramos esse processo, ou embarcamos em um caminho sem volta. A chuva fina que transformou São Paulo na “Terra da Garoa” corre o risco de ser substituída por fenômenos incontroláveis e imprevisíveis. Fatalidades serão inevitáveis dentro dessa perspectiva. Mais do que nunca, a humanidade precisa dar um passo atrás para ter segurança no futuro. Não quero parecer repetitivo, mas insisto: se não houver uma mudança significativa em nosso comportamento, em algumas décadas teremos de viver com roupas especiais e longe do litoral. Fadados à extinção.

.Por: Sebastião Almeida, deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]

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