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09/06/2009 - 10:34

Otoplastia corrige orelha de abano

Cirurgia é indicada ainda no início da idade escolar, quando a autoestima da criança é mais atingida por causa do problema, onde no período de férias é o ideal para realizá-la.

Voltar às aulas, para milhões de crianças, é matar a saudade do colégio, aprender matérias inéditas, sentir o cheirinho de material escolar novo, rever e brincar com os amigos. Para outras tantas é o início ou a continuidade de um tormento. Entre os diversos problemas típicos da infância, ser motivo de chacota por causa de algum aspecto físico dito anormal é talvez o que mais atinge a autoestima da criança. Um dos mais evidentes e comuns é a chamada orelha de abano. Apesar de não existirem problemas clínicos de audição associados a esta ocorrência, pois a alteração é somente na forma estética do pavilhão auricular, os distúrbios psicológicos são frequentes e podem traumatizar o aluno a ponto de não querer mais ir para a escola.

Nos consultórios médicos, referem-se a ela como orelha em abano ou descolada, mas na sala de aula quem a possui ganha apelidos como Dumbo, Topo Gigio, Orelhão, Radar, entre outros tantos que as cabecinhas alheias conseguirem imaginar. Crianças caçoam do defeito dos outros porque não percebem a crueldade que está embutida na brincadeira maldosa. E a reação, geralmente, ocorre cedo, quando por iniciativa própria se deseja uma solução – neste caso, por meio de cirurgia plástica. Os pais devem ficar atentos à manifestação do filho em querer corrigir a forma da orelha, mas muitas vezes ele tem vergonha ou medo de falar sobre o assunto.

Segundo o cirurgião plástico Zulmar Antonio Accioli de Vasconcellos, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de Santa Catarina (SBCP-SC) e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a otoplastia “é a única cirurgia estética que se faz de rotina em criança, pois a orelha cresce muito pouco depois dos seis, sete anos. A hora de operar é quando a criança reclama”. E o período de férias escolares, que está chegando, é propício para realizá-la, em especial no inverno, quando a criança está mais distante do sol e da praia.

A cirurgia - A orelha de abano ocorre quando há a alteração de dois ângulos: o crânio-conchal e o escafo-conchal. A ausência de uma dobra na região da concha impede a orelha de se manter rente à cabeça. Nos casos mais graves, a orelha pode ficar até perpendicular ao crânio e não tem nem como disfarçar com o cabelo. “Em princípio não é uma malformação, é apenas uma alteração da forma normal que não se encaixa nos padrões de beleza da maioria”, explica o médico.

Entre as várias técnicas para a correção, bastante eficiente é se fazer uma incisão atrás da aba da orelha para que se possa retirar a quantidade certa da concha, dobrar e moldar a cartilagem. Com a nova dobra, a orelha “deita”, aproximando-se da cabeça. Os pontos, além de fecharem o corte, ajudam a manter a nova forma. A otoplastia, normalmente, dura uma hora, metade para cada lado. “Na maioria das vezes, a criança quer tanto a cirurgia que é possível fazer com anestesia local”, conta Vasconcellos, lembrando que, normalmente, a mãe acompanha a operação. Quando há vontade do paciente, ele coopera com o tratamento e a satisfação com o resultado é maior. O que não pode é ser operado com medo, podendo lhe causar mais um trauma.

A cirurgia causa certo grau de dor, que é perfeitamente controlada com medicamentos. Quando a anestesia é local, o paciente vai em seguida para casa, mas se for o caso de sedação basta esperar algumas horas antes de ter alta. O pós-operatório é muito simples: usa-se uma atadura durante 24 horas e, pelos 30 dias seguintes, uma bandana para proteger a orelha operada. “Os cortes são feitos atrás da orelha, não aparecem. Os pontos são absorvíveis e o resultado fica muito natural. Dois meses após a cirurgia, não dá para notar que o paciente operou”, garante o médico.

Não é raro a parte superior da orelha voltar a se dobrar um pouco, pois a cartilagem possui um efeito “memória”. Se não for bem acomodada, poderá tentar “regressar” ao seu contorno original depois de algum tempo. Porém, nunca volta ao que era antes e a correção é simples, por meio de um pequeno procedimento de apenas cinco minutos.

Acredita-se que, nas primeiras 48 horas de vida, se pode moldar um pouco a orelha do bebê. É comum as mães usarem fita adesiva para tanto, mas depois de dois dias de nascido não adianta mais. E deve-se ter o cuidado de não machucar a pele delicada da criança. Há quem siga a prática até a vida adulta, por receio da cirurgia.

Enquanto os meninos são mais atingidos pelo problema na vida infantil, as mulheres sentem-se movidas a buscar a solução às vésperas do casamento. Se antes escondiam as orelhas com os cabelos soltos, agora o penteado e o vestido de noiva a preocupam tanto qualquer detalhe da cerimônia.

Além da orelha de abano, existem outras variedades, como a orelha de lobo, quando a ponta aparece dobrada para baixo e para frente; orelha de concha, quando não há a curva na borda exterior e as dobras naturais; orelha em repolho, comuns nos lutadores de luta livre e jiu-jitsu, que não tem conserto; e ainda lóbulos muito grandes, esticados ou com dobras.

Ao contrário, as orelhas também podem ser muito pequenas, faltar parte delas ou mesmo serem ausentes (microtia), por causa genética, doença ou ferimento. A reconstrução é complexa e o resultado considerado pobre: tira-se uma parte cartilaginosa da costela para montar a orelha nova e cobre-se com retalhos de pele locais.

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