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11/06/2009 - 09:32

Qualidade, competitividade e o “custo Brasil”: desafios a serem superados

Quando pensamos no atual estágio da economia mundial, não podemos deixar de lembrar que a queda de barreiras comerciais característica do processo de globalização exige de cada país e de suas empresas uma postura ativa para que a pauta comercial local ganhe espaço nesse mercado sem fronteiras.

Diante de uma competição acirrada com diversos players internacionais em grande parte dos setores, o desafio a ser encarado pelos exportadores dos setores produtivo e de serviços é oferecer itens com diferenciais que garantam sua aceitação pelo mercado internacional e permitam retorno financeiro que viabilize e torne atraentes os negócios.

Qualidade e preço -- que apresentem uma boa relação entre custo e benefício percebido -- são os dois principais diferenciais exigidos pelo mercado global das empresas que buscam as exportações como opção de negócio. Como se sabe, a boa qualidade de bens e serviços é uma característica praticamente intrínseca aos negócios, e deve ser sempre buscada a partir do investimento sério em: planejamento; organização; implantação de sistemas produtivos ou operacionais eficientes; sintonia com fornecedores; constante capacitação de funcionários e colaboradores; e adoção de sistemas de controle eficazes.

A grande questão que fica é a formação dos preços. São inúmeros os fatores que afetam a composição dos valores de venda de produtos ou serviços. Tal composição deve levar em conta as variações de oferta e de procura de matérias-primas, mão-de-obra, tecnologia e logística, entre outros elementos essenciais ao processo produtivo. No entanto, há determinados fatores especialmente sensíveis para as empresas brasileiras que, reunidos, são conhecidos como “custo Brasil”.

O chamado “custo Brasil” engloba uma série obstáculos à competitividade brasileira, tais como: a alta carga tributária; as elevadas taxas de juros; a burocracia que envolve especialmente a relação das empresas e dos empreendedores com os organismos governamentais; o alto custo do crédito devido aos elevados spreads bancários; as deficiências de infraestrutura; e a desqualificação da mão-de-obra, por exemplo.

Reduzir os efeitos desses obstáculos para tornar as exportações brasileiras mais competitivas é, portanto, uma necessidade inadiável para colocar o Brasil no mesmo patamar das grandes potências comerciais do mundo.

Nos últimos anos, o país tem conseguido evoluir em alguns setores, o que reduz os impactos sobre o setor produtivo nacional. Uma prova dessa tendência foi registrada no recém divulgado Relatório Anual de Competitividade, da escola de negócios suíça International Institute for Management Development. Segundo o documento, o Brasil avançou entre 2008 e 2009 três posições no ranking da competitividade, alcançando o 40º posto entre os 57 países analisados. Esta performance não pode ser considerada um feito magnífico, mas indica certo grau de evolução.

Atualmente, os exportadores estão vendo uma importante janela competitiva se fechar: a crise desvalorizou o real ante o dólar norte-americano, mas a volumosa entrada de recursos estrangeiros no país, além da depreciação internacional do dólar diante das outras divisas, está eliminando este benefício para as vendas externas. Para minimizar o efeito negativo, o Banco Central Brasileiro dispõe de algumas opções, entre as quais: comprar dólares para aumentar as reservas internacionais; emitir títulos vinculados à moeda norte-americana; e reduzir a taxa de juros. É justamente este último fator que também é reivindicado por todo o setor produtivo brasileiro e, em especial, pelos exportadores, como forma de equilibrar a diferença competitiva entre os produtos e serviços nacionais e seus similares estrangeiros. O custo do dinheiro em nosso país é praticamente proibitivo, limitando as possibilidades de capitalização das empresas.

As instâncias governamentais tentam, também, dirimir o gigantesco déficit de infraestrutura do país, com iniciativas como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. O problema é que obras de infraestrutura exigem investimentos vultosos, planejamento de longo prazo e capacidade de execução, questões de difícil solução em nosso país.

Mas é importante destacar que o grande e real gargalo para a valorização da competitividade de nossas empresas continua sendo a elevada carga tributária que incide sobre toda a população, mas que afeta consideravelmente o setor produtivo. Em 2008, as discussões sobre uma possível reforma tributária avançaram, mas acabaram emperrando sem definição a partir da eclosão da crise financeira internacional, em setembro passado. Como os esforços parlamentares neste ano de 2009 ainda estão vinculados aos efeitos da crise e 2010 é ano de eleições, há poucas perspectivas de que a reforma tributária, tema naturalmente polêmico e complexo, volte ao centro dos debates.

O certo é que a desoneração tributária do setor produtivo brasileiro é fator essencial para que a competitividade da pauta de exportações nacional seja ampliada, permitindo que produtos e serviços brasileiros tenham condições de competir e conquistar a preferência do mercado global.

Como se vê, os desafios não são pequenos, mas a perspectiva de superá-los representa uma oportunidade indispensável de maior inserção de nosso país na economia global. Por isso, só nos cabe enfrentar e suplantar tais desafios.

. Por: Eduardo Pocetti, sócio-diretor e CEO da BDO Trevisan. E-mail: [email protected].

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