"Ágora, Agora - Conexões entre o Clássico e o Moderno”

Sucesso na primeira temporada, projeto que integra palestras e espetáculos para debater vertentes clássica e moderna das artes cênicas contemporâneas volta ao espaço da CAIXA Cultural Rio.

Após o sucesso da primeira temporada, o projeto "Ágora, Agora - Conexões entre o Clássico e o Moderno", idealizado pelo ator Wanderlei Lemos, volta ao palco do Teatro Nelson Rodrigues, da CAIXA Cultural, nos dias 23 e 30 de junho, propondo questões artístico-filosóficas sobre o atual fazer cênico, considerando, em particular, a influência dos clássicos em montagens contemporâneas.

A segunda edição do projeto será dividida em dois módulos. Cada evento será composto por apresentação teatral, a ser comentada e debatida, posteriormente, pelo pesquisador convidado e pelos espectadores, e por palestra sobre a montagem apresentada. Nessa edição do projeto, a palestrante será a Professora Doutora em Poéticas do Teatro e atriz Nanci de Freitas.

O primeiro espetáculo, que ocorrerá no dia 23 de junho, será “Il Primo Miracolo”, monólogo de Roberto Birindelli, do qual também é diretor, com texto de Dario Fo, Nobel de Literatura em 1997. O espetáculo já foi assistido por mais de 30.000 espectadores em 230 apresentações por todo o Brasil.

Paulo César Medeiros, será apresentado no dia 30 de junho. O próximo espetáculo “Jozú – O Encantador de Ratos”, monólogo da atriz Carla Tausz, com texto de Hilda Hilst, ganhador no, Festival de Juiz de Fora, em 2008, dos prêmios de melhor atriz e melhor iluminação, para “Ágora, Agora propõe não apenas discussões teóricas sobre múltiplos aspectos do fenômeno teatral, mas também sobre políticas culturais, formação de platéia, novas possibilidades de se fazer chegar à cena espetáculos inovadores que não se enquadram na atual e perversa mentalidade econômico-mercantil, que só objetiva o lucro em detrimento de outros valores bem mais significativos”, explica o crítico teatral e palestrante da edição anterior do evento Lionel Fischer.

O evento, patrocinado pela Caixa Econômica Federal, propõe um espaço de diálogo sobre o universo da produção teatral, voltado tanto para os profissionais de artes cênicas como também para todos os que se interessam por teatro.

As montagens.: Il Primo Miracolo - O espetáculo parte da história bíblica dos evangelhos para satirizar os valores atuais da sociedade. O texto é uma paródia que conta os primeiros anos da vida de Jesus, mostrando o lado humano e contraditório de sua família, seus defeitos e virtudes, sem, no entanto, qualquer teor religioso.

A dramaturgia de Dario Fo estabelece uma relação cômica e sarcástica da infância de Jesus com questões como a opressão, os preconceitos raciais, a fome e o exílio. Neste espetáculo, Birindelli interpreta 21 personagens, sem quaisquer recursos cenográficos, e cada um com sua partitura básica de ações, seu gestual e sua vibração. A mediação se dá pela presença de um narrador, como os antigos juglares medievais, que será a ponte com o imaginário de cada espectador. A linguagem cômica retrata, com muita atualidade, as situações do nosso cotidiano, expondo de forma hilária as relações de poder. Os principais recursos utilizados são o corpo e a voz, sustentados por uma pesquisa sobre a presença cênica do performer.

Roberto Birindelli parte deste texto de Dario Fo (Nobel de Literatura em 1997), uma obra prima da dialética, combinado com a dinâmica dos quadros de Cândido Portinari (série Os Retirantes) para desenvolver uma elaborada linguagem visual e sonora. É fruto de uma pesquisa centrada na presença cênica do performer e na relação ator-espectador, baseada em alguns princípios básicos da Antropologia Teatral, tendo como mestres e principais influências Eugenio Barba e o Odin Teatret, da Dinamarca, e o Lume, da UNICAMP, de Campinas/SP.

Jozú, o encantador de Ratos - A peça conta a história de Jozú, figura dramática e ingênua, que ganha a vida treinando seu rato de estimação, que é também seu melhor amigo, e visitando com frequência o interior de um poço seco, onde recebe algumas revelações, nem sempre compreendidas. Totalmente diferenciado e inadaptado, ele é incompreendido pelas pessoas com as quais convive.

A peça trata da solidão humana, mas é também uma discussão sobre o direito à diferença e à individualização. Num mundo cada vez mais globalizado, numa época tirânica em que a massificação tenta, propositalmente, ignorar as diferenças, é cada vez mais importante declarar justamente a existência das mesmas.

Montado e dirigido como um monólogo para múltiplos personagens, todos assumidos pela atriz Carla Tausz, que acolhe a obra de Hilda Hilst como uma segunda pele, “Jozú, o encantador de ratos” é uma fascinante experiência teatral, tanto no que diz respeito à escolha do jogo cênico, quanto à estrutura da sala em si, que como um poço, acolhe os espectadores dentro da realidade sensível do personagem principal. O público assiste de perto, para não dizer dentro de si mesmo, aos inúmeros conflitos sensoriais e afetivos de Jozú ao longo de sua narração. Escolhas e embaraços cotidianos, dúvidas, desejos, angústias e desilusões são despidos de estratagema social e encontram na fala do personagem a justeza da verdade crua. Jozú atravessa um verdadeiro comboio de sentimentos. Passado e presente desembocam e afloram em sua sensível cabeça de homem/menino. A voz e a alma de Hilda estão presentes na montagem deste lindo conto, que narra aos espectadores tudo aquilo que, na verdade, eles sentem e sabem.

Texto: Hilda Hilst (conto O grande pequeno Jozú, do livro Rútilo nada, de 1993) | Direção: Alexandre David | Elenco: Carla Tausz | Direção musical: Paulo Severo | Iluminação: Paulo César Medeiros | Preparação corporal: Polyanna Góes | Figurino, adereço e vídeo produção : Eloy Machado e Thomas Kaufmann | Espaço cênico: Dudu Garcia | Fotografia: Renato Neto | Projeto Gráfico: Psicodesign.

Palestra/Espetáculo: "Ágora, Agora - Conexões entre o Clássico e o Moderno” Palestrante convidada: Nanci de Freitas, de 23 e 30 de junho de 2009, às 20h (confira a programação), na CAIXA Cultural RJ - Teatro Nelson Rodrigues, Av. Chile, 230 (anexo) – Centro, Rio de Janediro (RJ).(entrada de pedestres pela Av. República do Paraguai - Estacionamento Rotativo - entrada pela Rua Silva Jardim).Duração: 1h40min. Entrada franca – retirada de senhas 30 min. antes do evento.Lotação: 386 + 2 para portadores de necessidades especiais. | www.caixa.gov.br/caixacultural | Tel.: (21) 2262-5483/8152. | www.caixa.gov.br/caixacultural .