Armadores alertam para altos preços e monopólio na praticagem brasileira

O estudo apresentado pelo CEGN (Centro de Estudos em Gestão Naval) - entidade ligada à Escola Politécnica da USP - que apontou a praticagem brasileira como uma das mais caras do mundo foi o estopim para uma queda de braço entre os atores do setor marítimo. Outro fator que tem chamado atenção é a não regulação do modelo de monopólio utilizado no país, alvo de críticas do ministro Pedro Brito da Secretaria Especial dos Portos (SEP) e dos armadores devido à impossibilidade de livre escolha de serviço.

Elias Gedeon, diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) - entidade representante das 30 maiores companhias de navegação com atividades na costa brasileira – defende a revisão imediata destas questões.

“A principal medida a ser tomada deve ser uma efetiva regulação do modelo de monopólio por parte de um órgão governamental, para que seus preços sejam estabelecidos de acordo com critérios técnicos, tendo em vista planilhas de custo e outros parâmetros confiáveis e não algo arbitrado de forma aleatória”, sugere Gedeon.

Com intensa participação nos ativos brasileiros - seus associados chegam a movimentar U$ 40 bilhões e representam quase 100% da movimentação de cargas - o Centronave entende que em um mundo globalizado e competitivo, tais medidas podem representar um grande desenvolvimento para a exportação brasileira.

Estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) confirmam esta visão: para cada 10% de redução de custos logísticos, as exportações de um país conseguem crescer cerca de 40%.

Gedeon enfatiza que “a redução de custos indevidos deve ser uma preocupação não somente do setor privado como também de governantes e de entidades que representam profissionais que, de alguma forma, prestam serviços atinentes à atividade portuária. A redução destes custos deve ser responsabilidade de todos os brasileiros”.