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19/06/2009 - 11:33

Compensação, cartões e receios

Em breve, as primeiras iniciativas no sistema financeiro nacional de troca de imagem de cheques, a chamada truncagem, começam a ser implementadas nos bancos. A nova prática irá substituir a troca de papel por documento digital na hora da compensação interbancária. Isso demonstra o quanto o cheque continua ainda vivo na economia brasileira, embora o segmento de cartões de crédito e débito cresça para lá de 20% ao ano no País.

O Brasil é a segunda nação que mais movimenta cheques anualmente: são 1,5 bilhão. É um número muito alto. Já foi quatro bilhões um tempo atrás. Porém, no país mais desenvolvido do mundo, onde a tecnologia costuma chegar primeiro e o cartão é largamente usado como instrumento de compra e financiamento, esse índice é muito superior. Nos Estados Unidos são processados por ano de 30 a 40 bilhões de cheques.

Há uns 10 anos se dizia que no final da primeira década deste século o cheque não seria visto tão facilmente. Errou quem fez esta previsão. Nos EUA não é necessário ter conta bancária para receber o salário mensal. Assim, muitos assalariados têm seus vencimentos entregues via cheque. Além do mais, várias transações entre empresas são ainda feitas pelo documento de papel. Aqui, o cheque tem uso para financiamento. Quem nunca usou cheque pré-datado para pagar um bem ou uma conta?

No ano que vem a prática de truncagem deve se tornar oficial no setor financeiro. Há regras sendo estabelecidas. É preciso treinar profissionais dos bancos à nova prática, principalmente no que tange ao processamento de imagem do cheque. Também se faz necessário o estabelecimento de padrões entre os envolvidos na troca. A qualidade do documento e a segurança são prioridades. Mas já existem soluções e plataformas desenvolvidas nesse campo. Além dos americanos, venezuelanos, argentinos e mexicanos já adotaram o sistema de troca de imagem interbancária.

Como resultado, a truncagem irá representar redução de custos ao sistema financeiro, que não usará mais o transporte de cheques em carros blindados, pelo fato da compensação passar a ser feita por um sistema de transmissão de imagem entre os bancos via rede de comunicação.

Em uma outra vertente, a obtenção e uso indevido de informações de cartões de crédito e débito por outras pessoas é uma preocupação de 80% dos brasileiros, de acordo com a quarta edição do “Índice de Segurança Unisys para o Brasil”, elaborado para medir o nível de preocupação do País em relação à segurança - esta edição foi produzida a partir de pesquisa feita em março deste ano com 1.500 pessoas, das classes A, B e C, nas oito principais capitais brasileiras. Na edição anterior do estudo (realizada em setembro do ano passado), 85% dos entrevistados encontravam-se preocupados com a questão de uso indevido das informações dos cartões de débito e crédito.

O investimento de bancos em segurança e tecnologia, além de adoção de soluções de monitoramento de transações e captação de desvios do perfil do consumidor – importantes para detecção de fraudes ou uso ilegal - sempre foram grandes e a oscilação para baixo da pesquisa (cinco pontos no tópico exposto anteriormente, mostrando, portanto, melhora no item, conforme análise do estudo) pode ser fruto de investimento recente do sistema financeiro na área.

Porém, em meio a preocupações e tendências com o cheque e de seu substituto direto, o cartão de crédito ou débito, um outro item dessa mesma pesquisa de “Índice de Segurança” vale destacar: 52% das pessoas no País estão preocupadas com a sua capacidade de honrar suas obrigações financeiras. Em relação ao estudo anterior, a proporção não mudou de maneira significativa nesta questão.

Porém, este resultado impõe a reflexão de que a maioria tem expressada preocupação em quitar dívida assumida. E a despeito da crescente aplicação de modelos seguros nas operações financeiras, no fundo, são iniciativas de contingência necessárias, seja aqui ou em qualquer outro lugar do mundo onde a tecnologia caminha de maneira veloz no dia-a-dia das pessoas – e assim deter uma minoria que faz uso ilícito dos sistemas de pagamento.

. Por: Marcelo Piquet, vice-presidente de Serviços de Consultoria e Integração de Sistemas da Unisys Brasil.

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