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11/04/2007 - 08:19

Os tempos estão mudando

O fim da economia mundial de hub-and-spokes (centros e raios): a grande mudança de paradigma dos negócios globais do século XXI.

Jean-Pierre Lehmann, palestrante do painel “A construção de novos líderes asiáticos” A Emirates Airlines faz vôos diários sem conexões de Xangai e Pequim para Dubai. Em breve, a empresa irá inaugurar vôo direto entre Dubai e São Paulo. Será, então, possível para empresários brasileiros e chineses (e outros, como oficiais do governo, estudantes, turistas e casais em lua-de-mel) viajar entre os dois países sem que façam conexão obrigatória em Frankfurt (Europa) ou Los Angeles (EUA). Vôos regulares saindo de Dhaka, Karachi, Mumbai e Colombo com destino a Dubai também asseguram dinamismo e ainda mais forte ligação entre as economias do Golfo e as do subcontinente indiano. Empresários árabes estarão voando para todos os destinos enquanto a ainda crescente corrente de bens de consumo, capital e idéias conecta as quatro regiões: Grande China, sul da Ásia, América do Sul e Oriente Médio.

As economias de maior crescimento do mundo Os laços econômicos e redes de negócios na Ásia estão sendo desenvolvidos e discutidos na recém-inaugurada reunião anual de cúpula de CEOs (Chief Executive Officer, na sigla em inglês) indo-arábicos e sino-arábicos, organizada pelo fórum Moutamarat, com sede nos Emirados Árabes Unidos. Isto reflete, além de outras coisas, o fato de que a China, a Índia e os Estados do Conselho de Cooperação do Golfo são as três economias de maior crescimento do mundo. O recente aumento do intercâmbio econômico dentro e fora das três regiões asiáticas (leste, oeste e sul) tem sido descrito como a “nova rota da seda”.

Enquanto a conexão transasiática – que cada vez mais incorpora a Ásia Central em sua crescente órbita – é o fenômeno econômico mais importante da primeira década do século XXI, isto não significa que é o único. Em outubro de 2006, Pequim sediou a primeira cúpula China-África, um grande negócio que levou à capital chinesa 50 chefes de Estado africanos. A China é de longe o mais rápido e crescente parceiro comercial e de investimentos da África, com a Índia também gradativamente mais ativa. Essa tendência foi descrita em uma publicação de Harry Broadman, do Banco Mundial, como “A Rota da Seda Africana: a nova fronteira econômica da China e da Índia”. Num nível político, a nova relação entre os três continentes do “mundo em desenvolvimento”, África, Ásia e América Latina, foi retratada no estabelecimento do G-20 durante o encontro ministerial da Organização Mundial do Comércio em Cancun, em setembro de 2003, liderados por Brasil, Índia, China e África do Sul.

O G-20 é a primeira aliança comercial do mundo em desenvolvimento para conter o, até agora, autoritarismo do “Quarteto” (Estados Unidos, União Européia, Japão e Canadá).

O novo paradigma -Todas essas tendências são indicativos do legado terminal do paradigma de negócios hub-and-spokes do século XX, no qual os países da OCDE representam o hub e as diferentes partes do mundo em desenvolvimento, os spokes. O novo paradigma, embora ainda não inteiramente claro, é um dos crescentes eixos de comércio, investimento e conhecimento através dos spokes passados. Enlaces econômicos estão gerando mais conexões políticas e culturais. Nada infere que as antigas nações industrializadas chegaram ao fim. Estados Unidos, União Européia, Japão, Austrália, Suíça e Noruega continuam extremamente ricas em bens materiais, assim como em conhecimento. Mas, nas palavras de Bob Dylan, os tempos estão mudando3, e ambos, o legado da economia de hub-and-spokes e o crescimento dos novos eixos globais de desenvolvimento do comércio, são inexoráveis.

A necessidade de ajuste - Esses desenvolvimentos terão virtualmente imensas complicações em toda dimensão que se pode imaginar. Os mentores de política ocidental e líderes comerciais terão que se ajustar. Isto requer mudança em ambos, metas e estruturas de organização. A típica empresa multinacional do oeste que dirige seu império comercial a partir de um hub ocidental, com o mundo em desenvolvimento compartimentado em spokes regionais – África, Oriente Médio, América Latina, sul da Ásia, Ásia-Pacífico etc. – provavelmente não capturará os etos de uma nova época e então, no final das contas, perderá o negócio em implementação.

O influente e altamente respeitado editor econômico do Financial Times, Martin Wolf, escreveu em 2005 em um artigo: “O crescimento econômico dos gigantes asiáticos é a mais importante história de nossa época. Isso anuncia o fim, em um futuro não tão distante, dos cerca de cinco séculos de dominação pelos europeus e suas colônias.” (Asia’s giants on the move, 23 de fevereiro de 2005). O crescimento dos impérios marítimos europeus no século XV ditou o fim da Rota da Seda, ao passo que seus comerciantes e sociedades mantiveram-se confinados em seus estilos determinados e conceitos predefinidos e, através disso, falharam na resposta à nova competição e tecnologias ou na adaptação aos tempos de mudança.

A corporação multinacional ocidental do século XXI necessitará para sobreviver, deixando de lado o sucesso, refletir essa nova realidade em termos de organização, administração, cultura e força de trabalho. Não pode ser demasiadamente enfatizado que será extremamente difícil, especialmente no que diz respeito à cultura e metas. Mas não há opção real, além da extinção.

Líderes empresariais devem se inspirar pelo que Bob Dylan tinha a dizer: “Admita que as águas à sua volta cresceram, r aceite que cedo você será afogado até os ossos, aí então é melhor você começar a nadar ou afundará como uma pedra pois os tempos estão mudando”

. Por: Jean-Pierre Lehmann, professor de Economia Política Internacional do Institute for Management (IMD) e diretor fundador do Evian Group./CEBC

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