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01/07/2009 - 09:40

Estudo PricewaterhouseCoopers mostra que em 2008 fusões e aquisições cresceram 24% no setor energético

No mercado mundial, embora o número de fusões e aquisições no setor energético tenha aumentado, os valores caíram consideravelmente, levando as empresas a adotar uma postura mais cautelosa no caso de grandes negócios. A mais recente edição do relatório anual da PricewaterhouseCoopers sobre fusões e aquisições no setor energético, Power Deals, mostra que houve no mundo um aumento de 24% nos números de transações que chegaram a 954 em 2008, em comparação com 2007, quando foram realizados 768 negócios. O estudo mostra que, no entanto, houve uma queda brusca de 41% no valor total dos acordos, que passaram de US$ 372,5 bilhões, seu nível recorde em 2007, para US$ 220 bi.

Entre os negócios realizados no Brasil os destaques foram, a operação entre a AES e BNDES, a tentativa de privatização da Cesp, a compra da participação da Votorantim na VBC pela Camargo Correa (R$ 2,6 bilhões) e as movimentações da Tractebel e EDP.

Os agentes do setor não tendem a seguir uma maior consolidação, porém para que tal processo ocorra em uma escala maior faz-se necessária a definição do marco regulatório de concessões. O país não tem um histórico de reversão de concessões, porém vários empreendimentos relevantes irão ter a concessão vencida no ano de 2015. Atualmente há grande incerteza sobre a forma e modelo envolvendo a renovação de concessões, que passa pelas questões licitatórias, renovação automática e, sobretudo, pela forma de indenização dos ativos. A indefinição com relação ao tema foi um dos fatores que contribuíram para o insucesso na tentativa de privatização da Cesp.

O Brasil seguiu no ano de 2008 o movimento mundial que indica que o número de fusões e aquisições aumentou em todas as regiões: América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico. Ainda que as companhias europeias liderem o ranking em valores, a realização de transações foi uniformemente distribuída: 35% na Europa, 29% na Ásia-Pacífico e 24% na América do Norte (considerando a origem do comprador). Em todas essas regiões, o padrão se manteve: quantidade maior de transações, mas com valores menores.

“A grande questão em relação ao cenário de negócios no setor é: quanto tempo teremos que esperar para que a liquidez retorne aos mercados de dívidas. De igual importância é o ritmo com que será definida a política de mudanças climáticas no primeiro ano da presidência de Barack Obama e a preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro de 2009, em Copenhague", afirmou o sócio da PricewaterhouseCoopers, Manfred Wiegand, líder global de Utilities.

As principais tendências destacadas no relatório Power Deals 2008 incluem: Acordos nucleares no centro das atenções - A revitalização do mercado de energia nuclear está gerando uma disputa entre as grandes empresas no mercado global para capitalizar sobre as expansões planejadas. A EDF (França) esteve no centro das atenções em 2008 por suas aquisições, no Reino Unido e nos EUA, de aproximadamente US$ 30 bilhões em ativos em acordos com a British Energy e por pouco menos de 50% da carteira de geração de energia nuclear da Constellation Energy, respectivamente. A revitalização do mercado de energia nuclear também impulsionou parcerias, sem fusão nem aquisição, entre empresas de energia elétrica e empresas de tecnologia nuclear e construção.

Empresas de gás se retraem - Acordos no mercado de gás foram notoriamente esporádicos, devido à retração das empresas de gás que resguardaram suas valiosas reservas, compreendendo 11,6% de todos os acordos no mercado energético e apenas 7% dos valores desses acordos. A forte retenção das empresas de gás sobre seus recursos ficou evidente com a resistência bem-sucedida da Origin Energy à oferta de compra do BG Group, no valor de US$ 13,3 bilhões.

Principais mercados: América do Norte -Apesar do número de proponentes ter aumentado em até 58% na América do Norte, o valor total caiu em 54% (de US$ 87,5 bi em 2007 para US$ 40 bi em 2008). Isso ocorreu principalmente devido à ausência de megaacordos como os de US$ 21,6 bi da Kinder Morgan e de US$ 43,8 bi da TXU, que se forem excluídos do total do ano anterior, o valor das demais transações entre empresas norte-americanas foi comparável aos registrados anteriormente: US$ 32,9 bi em 2006, US$ 43,7 bi em 2007 e US$ 40 bi em 2008.

Europa -A Europa cresceu bastante em termos de distribuição geográfica por valor de transações, representando mais da metade do valor total: 58% por comprador e 53% por empresa adquirida. A influência da Europa sobre o total de acordos no mercado energético em 2008 foi impulsionado pelo número de grandes acordos envolvendo empresas europeias. Seis dos dez maiores acordos e 45% de todos os acordos acima de US$ 1 bilhão foram provenientes de proponentes europeus.

Ásia-Pacífico - O valor das ofertas de compra de empresas da região em 2008 caiu para US$ 25,9 bilhões, 49% menor do que os US$ 50,4 bilhões em 2007. As propostas compradoras foram igualmente menores (42%), passando de US$ 47,6 bilhões em 2007 para US$ 27,4 bilhões no ano passado. Somente 3% desse valor não foram destinados a ativos de eletricidade. Assim como em outras regiões, as empresas de gás resguardaram suas valiosas reservas. O valor ofertado para aquisição de empresas australianas caiu significativamente de US$ 19 bilhões (37,7% do total da região) em 2007 para apenas US$ 1,75 bilhões (6,7% do total) em 2008. A maior parte das transações na região da Ásia-Pacífico envolveu empresas chinesas e japonesas. Proponentes da China e de Hong Kong representaram US$ 9,8 bilhões (35% de todo o valor da Ásia-Pacífico).

Brasil - O mercado de fusões e aquisições no Brasil segue a tendência mundial com um aumento de operações. Em linha com o mercado mundial o país passa por uma fase de grande expansão de investimentos e de novos entrantes. Novos investimentos em usinas hidrelétrica, térmicas e eólicas e em linhas de transmissão têm sido os principais temas do setor apesar de toda a sua complexidade e das restrições regulatórias e ambientais. O setor energético está em forte expansão e deverá passar por esse processo até dar início a um processo de consolidação. Em linha com essa tendência tivemos recentemente a compra da Terna pela CEMIG. Com a diminuição de liquidez no cenário internacional e uma tendência de atuação mais regional por parte de alguns grupos internacionais pode haver novos movimentos relevantes no setor no médio prazo.

Destaca-se também a forte presença estatal, a nova estratégia da Eletrobrás e a capacidade de caixa de várias distribuidoras que estão em processo de expansão. A perspectiva é de que deveremos presenciar nos próximos anos um processo de fusões e aquisições no setor que poderá alterar de forma relevante o cenário atual.

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