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01/07/2009 - 11:13

Transpedagogia e consciência


O termo é relativamente novo e não consta da lista de 380 mil verbetes do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Ao visitar em Nova Iorque o MoMa (Museu de Arte Moderna), o primeiro dedicado à era moderna, tomei conhecimento da realização de um painel sobre “Transpedagogia”, com a presença de um grupo de especialistas, notadamente de origem europeia. Pareceu à primeira vista tratar-se de um movimento que liga a ciência da educação ao uso de tecnologias hoje presentes no cotidiano das escolas e dos sistemas, em países desenvolvidos.

Aprofundando a pesquisa, dentro e fora do MoMa, onde fui recebido com muita delicadeza, descobri a extensão da palavra. Tenho em mãos o livro “Transpedagogia – Educar para a consciência”, da psicanalista e professora Mani Alvarez, da Unicamp, em que a explicação é mais ampla. Na página 43, sob o título “Um novo olhar”, a especialista em Psicologia Transpessoal revela a síntese do seu pensamento sobre Transpedagogia: “Se por pedagogia entendemos o ato de conduzir as crianças para o processo de socialização, cultura e aprendizagem, o termo “trans” acrescenta a tudo isso algo que vai promover um ir além do meramente humano, social ou cultural. Vai agregar o olhar transpessoal à educação, preparando o despertar do ser espiritual, planetário e cósmico para a verdadeira consciência humana.”

O objetivo é claramente ambicioso. Visa à formação do caráter e o resgate dos valores humanos nos educandos, desde os primeiros anos de convívio escolar, dando-lhes o autoconhecimento das múltiplas dimensões da sua consciência, por intermédio de técnicas simples e naturais, que abrangem igualmente pais e educadores. Pensa-se que assim o individuo dificilmente se deixará corromper ou seduzir por falsas ilusões.

É certo que o processo educacional vem desde o berço ou, como querem alguns, desde o útero materno. Por isso é interessante pensar um pouco mais sobre a palavra consciência, objetivo maior da Transpedagogia. A palavra tem origem latina (conscire, que significa “com” ou “em companhia de”; scire que quer dizer “saber” ou “conhecimento”). Não é difícil concluir que a palavra, em sua extensão, significa “conhecer algo por si mesmo” ou “agir com ciência”, na busca da verdade. O autoconhecimento, assim, passa a ser fundamental, para que equívocos deixem de ser cometidos, ou sejamos influenciados para cometer ações negativas. Mas, na verdade, o fenômeno consciência não é totalmente conhecido.

Assim se entende melhor o que o escritor francês Rousseau quis afirmar quando disse que “falar sobre educação é falar sobre a condição humana”, com todas as suas características de certo ou errado, ou adequado e não adequado. Einstein foi o autor da teoria da relatividade, o que revelou a sua mente racional privilegiada. Mas, excluído da Alemanha por motivos religiosos (era judeu), ao lado das conquistas científicas sempre deu enorme valor aos sentimentos espiritualistas, o que explica a sua grande devoção às questões educacionais, depois que passou a viver nos Estados Unidos. Sem se confundir com os objetivos da Religião, a Transpedagogia trabalha pela sensibilização para a vida, pela transformação interior, partindo do princípio de que a importância da espiritualidade em nossa existência é o equilíbrio.

. Por: Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras (ABL) e presidente do CIEE/Rio | Contato: [email protected]

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