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02/07/2009 - 12:17

Cooperativismo e equilíbrio econômico

A crise econômica que enfrentamos, por mais dramáticas que sejam suas consequências, tem um subproduto muito positivo: ela demonstra com clareza a diferença que há entre a economia real e a economia do papel, a especulação financeira. A verdade é que essa distância deveria estar clara para os governos e sociedades há muito tempo, pelo menos desde a crise mundial de 1929. Mas tem gente que não aprende e acredita que é possível sustentar um enriquecimento acelerado a partir da especulação. A quebra de mais uma bolha especulativa evidencia que isso é uma bobagem. Agricultura, pecuária, indústria, máquinas, são economia real. Papéis, manejados por operadores ambiciosos, são só papel. E podem virar pó a qualquer momento.

Outra bobagem é continuar advogando o ultraliberalismo econômico, hostil a qualquer intervenção do Estado, em nome da supremacia da “mão invisível do mercado”. Não fosse a decidida intervenção de todos os Estados – a maior da história econômica mundial –, o mundo estaria perdido. É curioso ver os ultraliberais de ontem pedindo mais recursos do estado para fechar os buracos abertos na economia pela irresponsabilidade dos especuladores.

Se o ultraliberalismo agoniza, seu antípoda, o socialismo, já morreu. E o que ocupará esse espaço? Ainda é cedo para afirmações definitivas, mas é difícil imaginar um pós-crise sem um grau importante de intervenção econômica do Estado combinado ao estímulo da livre iniciativa. Muito mais difícil, no entanto, é pensar o pós-crise sem melhores formas de distribuição de renda. Afinal, não é o mercado interno que, com o estímulo do Estado, vem salvando as economias nacionais? Veja-se o caso do Brasil.

É aí que ganha força o cooperativismo. Modelo que combina as vantagens da iniciativa privada, sólidas parcerias com o Poder Público e uma vocação histórica para a maior justiça na distribuição de riquezas, o cooperativismo é o caminho mais curto para a saída da crise. Seja no setor agropecuário, na área de crédito, de saúde, de consumo ou do trabalho, o fato de os cooperados participarem de toda a gestão da empresa é uma vacina poderosa contra os abusos registrados nos mercados financeiros. Aliás, cabe dizer que a crise imobiliária nos Estados Unidos só não foi mais grave porque figuravam, entre os investidores, cooperativas de crédito atuando sem especulações.

Comemoramos, neste primeiro sábado de julho, o 87º Dia Internacional do Cooperativismo, movimento que teve origem em 1844, na Inglaterra. Nosso cooperativismo se estende do Sul do Brasil ao Norte da Europa e aos extremos da Oceania. Onde há uma cooperativa, há estímulo ao crescimento econômico; há uma gestão mais democrática e transparente; há o compartilhamento de destinos, nos bons e maus momentos.

Uma pesquisa recente da FEA-USP de Ribeirão Preto demonstrou que o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior nos municípios em que atuam as cooperativas. O resultado ratifica a missão do cooperativismo de promover não somente o crescimento do negócio, mas o desenvolvimento financeiro e social da comunidade em que está presente.

E a coisa ganha proporções quando nos deparamos com os números. São Paulo conta com mais de mil cooperativas com três milhões de cooperados distribuídos em 10 ramos do cooperativismo. Esse número pode ser multiplicado por três ou quatro se pensarmos nos familiares dos cooperados; e mais ainda quando levamos em conta os empregados das cooperativas, os empregados dos cooperados e seus familiares. No Brasil são 7,7 mil cooperativas, 8 milhões de cooperados em 13 ramos do cooperativismo. Projeções demonstram que 30 milhões de pessoas dependem hoje do cooperativismo no país. No mundo, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) estima que haja 800 milhões de cooperados. A renda que a atividade desenvolvida pela cooperativa proporciona é distribuída e usufru&a mp;i acute;da por todos os membros diretos e indiretos, movimenta a economia local e, consequentemente, beneficia toda a comunidade.

Este é o legado que o Movimento Cooperativista, surgido em meio às lutas por justiça social na Inglaterra da Revolução Industrial, no século XIX, deixa ao mundo. Somos mais jovens do que nunca e estamos prontos a auxiliar municípios, estados e países a tornar menos penoso o caminho da recuperação econômica.

. Por: Edivaldo Del Grande, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de S. Paulo (Ocesp)

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