Empreendedorismo e trabalho

Diz o velho ditado que “nem tudo o que brilha é ouro”. A máxima vale ipsis litteris também para o mundo do empreendedorismo, para quem se arrisca a montar um negócio próprio. Isso porque o investimento feito em um negócio, independentemente de valores, não é a única garantia de sucesso. Para início de conversa, antes dos estudos de viabilidade, das pesquisas e outras tantas exigências, o empreendedor deve estar consciente de que não vai encontrar facilidades. E deve encarar com desconfiança quem vende facilidades. Para perseguir um sonho, é imprescindível estar preparado para muito trabalho e dedicação constante. Não comece um negócio sem detalhadamente as características do mesmo (setor de atuação, estatísticas, sazonalidade, etc).

O povo brasileiro é considerado um dos mais empreendedores do mundo. Com a crise financeira mundial - e que também atingiu o país –, o número de ”novos empresários” aumentou de forma expressiva. Tal crescimento deve-se, em grande parte, a dois públicos. O primeiro, formado pela massa de desempregados vítimas dos inúmeros cortes realizados por empresas dos mais variados segmentos. Diante do fantasma da recessão e da necessidade de corte na produção, centenas de empresas optaram por enxugar seu quadro de colaboradores. Diante da escassez de vagas no mercado e com o dinheiro da indenização no bolso, centenas de demitidos se viram diante da oportunidade de criar um negócio próprio.

O mesmo acontece com o segundo público, constituído por jovens recém-formados, que aos milhares são alijados do mercado de trabalho. Com formação, mas sem experiência, não conseguem cavar espaço na batalha por uma vaga de emprego. E, então, se aventuram no mundo do empreendedorismo.

Esses candidatos a empresários, ao mergulharem na empreitada de abrir a própria empresa, mesmo tendo como fator prioritário na decisão a necessidade de buscar seu sustento, precisam estar atentos a uma série de cuidados, para que seu negócio se transforme sim em boa alternativa para sua vida e a de sua família.

Além da presença constante, planejamento e execução cautelosa de cada tarefa e permanente avaliação devem fazer parte da gestão do negócio. Também é indispensável a atenção máxima às mudanças ditadas pela economia que, dinâmica, por vezes demanda ações emergenciais por parte do empresário. E tudo isso somente pode ser bem feito se houver vasto conhecimento na área de atuação.

Nesse sentido, uma pesquisa realizada pelo Sebrae em todo o país mostra que o brasileiro tem se preparado mais e melhor antes de iniciar a carreira empresarial, buscando mais qualificação no setor em que deseja atuar. O levantamento registra que, atualmente, 78% das empresas sobrevivem nos dois primeiros anos de vida. Em 2002, eram apenas 50% em período idêntico, mostrando que, entre outros fatores, a elevação da qualidade da gestão e a melhora do nível educacional dos novos empreendedores estão sendo fundamentais para que o negócio prospere.

O que muitos marujos prontos a realizar sua primeira viagem questionam é como buscar essa qualificação, minimizando riscos de fracasso em seu empreendimento. Uma boa alternativa é buscar apoio através do Sistema SEBRAE e demais entidades parceiras, como o Senai, Sesi, Sesc, Senar, entre outras. Elas podem auxiliar no processo de preparação, de atualização, com treinamentos e diversos cursos profissionalizantes, além de prestar informações valiosas para que a gestão de hoje conduza ao sucesso de amanhã.

. Por: Milton Dallari, diretor de administração e finanças do Sebrae-SP e conselheiro da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp