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13/04/2007 - 09:22

Os novos números do PIB

Em março, o IBGE divulgou os resultados atualizados do PIB de acordo com a nova fórmula de cálculo, que segue a orientação de organismos internacionais como ONU, FMI, Banco Mundial e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A fórmula incorpora novas atividades e redimensiona o peso de seus diversos componentes.

Os pesos relativos das atividades agropecuária e industrial caíram e o das atividades de serviços subiu. O da despesa das famílias aumentou e o dos investimentos caiu. Isso ocorreu devido ao dinamismo da economia e à mudança de hábito de consumo das famílias: as despesas com telefone celular, Internet, lazer, transporte, educação, segurança, atividades típicas da área de serviço, hoje são muito maiores do que há cinco ou dez anos.

O cálculo também leva em conta pesquisas sobre o comportamento da economia brasileira, como as de renda, de consumo e de produção agrícola. Dentre os dados mais importantes que foram incorporados, estão aqueles fornecidos pela declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (DIPJ) e os das pesquisas anuais do IBGE, como a da Indústria, a de Serviços, a do Comércio e a da Construção Civil. Dessa forma, o cálculo do PIB passa a incorporar parte da economia informal, que era desprezada pela fórmula anterior. Assim, o resultado torna-se mais próximo da realidade.

Ao comparar os números do PIB nos últimos onze anos, percebemos que o crescimento médio anual foi de 2,44% no primeiro Governo FHC, de 2,14% no segundo, e de 3,34% no primeiro mandato de Lula – apesar de superior ao do período FHC, a média do crescimento do PIB no Governo Lula ficou ainda mais distante do que a dos demais países em desenvolvimento. Durante os mandatos FHC, o Brasil cresceu anualmente 2,78 pontos percentuais a menos do que os países emergentes. No Governo Lula nosso crescimento anual foi 3,94 pontos percentuais menor que nossos concorrentes.

Os dados do PIB de 2006 também mostram que a economia brasileira vem sendo puxada pelos setores da agropecuária e dos serviços, que subiram 4,1% e 3,7%. O setor industrial, que antes era o principal motor da economia, prosperou apenas 2,8% em 2006. A concorrência com produtos importados e a dificuldade de exportação, devido à valorização do real tem prejudicado bastante a atividade industrial. Por outro lado, o aumento dos preços internacionais das commodities agrícolas e o bom desempenho do comércio impulsionaram o agronegócio e as atividades de serviço.

Analisando pelo lado da demanda, o consumo das famílias elevou 4,3% em 2006. O consumo do Governo subiu 3,6% e os investimentos, 8,7%. As exportações cresceram 4,6% e as importações, 18,1%. A expansão do crédito, devida à queda das taxas de juros e ao alongamento dos prazos de financiamento, a queda da inflação e o aumento real da renda familiar explicam a melhoria do consumo das famílias. Uma maior quantidade de transferência de renda e os reajustes dos funcionários públicos foram os principais causadores da amplificação do gasto do Governo.

Embora tenha registrado um número maior, a propagação da atividade exportadora ficou bem aquém das importações. Essa situação, ainda que prejudique a indústria doméstica, pode contribuir para um melhor ajuste da taxa de câmbio.

O melhor sinal vem dos investimentos que, apesar de ainda muito reduzidos em relação ao PIB, dão sinais de forte recuperação. Somente com aplicações da ordem de 25% do PIB – hoje elas não chegam a 20% – é que o Brasil pode sustentar, por longo prazo, taxas de crescimento anual da economia acima de 5%.

Os novos números do PIB indicam que a economia brasileira é cerca de 10% superior ao que se supunha anteriormente. Com juros cadentes, inflação sob controle e ampliação do volume de investimentos, o Brasil pode ingressar numa era de expansão significativa. Para um país que enfrenta uma certa estagnação econômica há duas décadas, essa é uma excelente notícia.

Por: Alcides Leite, coordenador do Centro de Conhecimento Equifax e especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.

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