Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

08/07/2009 - 10:27

Redução de jornada de trabalho e Produtividade Brasileira

As centrais sindicais estão pressionando pela redução de jornada de trabalho para 40 horas semanais. Elas argumentam que isso traria mais emprego, mas, na verdade, não existe nenhuma comprovação, apenas argumentos falaciosos. Na França, a redução de jornada não mexeu no nível de desemprego que continuou elevado. Nada mais lógico considerando que praticamente 70% dos empregos são gerados pelo setor de serviços que pode reduzir sem precisar contratar ninguém. A redução de jornada apenas vai reduzir mais ainda a já baixa produtividade brasileira.

A OIT liberou pesquisa demonstrando que a produtividade do trabalhador brasileiro decresceu, na contra mão do que ocorreu no mundo, e hoje o país ocupa apenas o 65º lugar no ranking de 124 economias pesquisadas pela OIT. O Brasil é superado por Chile, Argentina, Bósnia, Irã, etc e tem taxa equivalentes às de Uganda. O valor agregado produzido por um trabalhador brasileiro caiu de US$ 15 mil por ano para US$ 14,7 mil, enquanto um trabalhador americano produz US$ 66,8 mil, irlandeses US$ 55,9 mil e franceses US$ 54,6 mil. Em contrapartida, a produtividade de um trabalhador chinês dobrou entre 1996 e 2005 atingindo US$ 12,5 mil, e deverá superar a produtividade do brasileiro até 2010.

A produtividade do trabalhador é medida pela geração de riqueza promovida per capita e, em 1980, o Brasil tinha muito menos trabalhadores na População Economicamente Ativa (PEA) e desemprego praticamente nulo. Hoje, temos mais de 80 milhões como PEA e um volume de mais de 8 milhões de desempregados. Além disso, com o Estatuto do Menor e do Adolescente, jovens de 12 a 18 anos (que fazem parte da PEA) tem muitas dificuldades de entrar no mercado de trabalho e praticamente vivem no desemprego ou no trabalho precário. Esses números por si só já justificam o não crescimento da produtividade brasileira, pois o crescimento da riqueza nacional produzida nestes 25 anos foi menor do que o crescimento da População Economicamente Ativa empregada.

Além do mais, quando falamos em tempo de trabalho os números são arrasadores. O brasileiro trabalha, em média, 1.600 horas/ano contra 1.800 horas/ano de um trabalhador americano, o mais produtivo do mundo, e das 2.200 horas/ano de um chinês, ou seja, um trabalhador chinês trabalha na prática, 60 dias de 8 horas a mais que um brasileiro por ano.

Essas 1.600 horas/ano brasileiras, com uma jornada de trabalho de 44 horas semanais, significam 36 semanas por ano, 15 a menos do que as 52 possíveis. Portanto, um brasileiro trabalha, em média, 9 meses por ano e deixa de trabalhar por 3 meses, 1 em férias, 1 pela somatória das pontes e feriados (somos recordistas mundiais) e mais 1 por faltas e doenças. Em resumo, somos mais, trabalhamos menos e nosso PIB cresce menos do que a população.

Em paralelo, pressionado pelos direitos definidos na Constituição de 88, o peso do Estado atinge incríveis 38% do PIB. Tudo na mesma panela, o brasileiro consome menos do que poderia, perde poder aquisitivo porque sustenta um Estado pesado, desce para um nível de sobrevivência e, finalmente, bate recordes de assistencialismo. Hoje 46 milhões de brasileiros, 25% da sua população, recebe e vive de “ajuda do Estado” – o Bolsa Família. Nossos governantes continuam míopes e só olham para os resultados das próximas eleições. Como temos eleições a cada 2 anos, nossas obras, metas e objetivos tem que ser definidas para 2 anos.

Tudo isto revela mais uma das falhas de visão estratégica do país e explica porque temos esta distorcida má distribuição de renda.

. Por: Gilberto Guimarães, diretor da multinacional francesa BPI no Brasil, empresa especializada em reestruturação de empresas e gestão de carreira, com mais de 200 escritórios pelo mundo. Atua também como professor da Business School São Paulo e do Ibmec São Paulo. É engenheiro pela Escola Politécnica da USP, com MBA pela FGV e cursos de especialização no IMS – Alemanha. Tem experiência em processos de desenvolvimento e reestruturação, planejamento estratégico e gestão empresarial, tendo sido alto executivo dirigente em empresas de porte como Grupo Saint Globain (Santa Marian, Brasilit) e Grupo Paramount-Lansul, além de ser presidente do Instituto Amigos do Emprego, uma ONG que promove debates e eventos sobre carreira e emprego e Membro do CORES – Comitê de Responsabilidade social da FIESP. É ainda autor dos livros: “Esta Desabalada Carreira”, "Reestruturando Vidas e Empresas” e da coluna Entra e Sai da Revista Você S/A.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira