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14/04/2007 - 07:52

Nem só de crítica vive o real valorizado

São Paulo - - Os efeitos da queda do dólar, que se aproxima da marca de 2 reais, não são unanimidade. Apesar das reclamações da indústria, que perde competitividade no mercado externo, alguns setores se vêem favorecidos pelo real mais forte.

Uma das atividades que comemoram é o turismo. Com a valorização do real, os brasileiros têm maior poder de compra no exterior, o que incentiva as viagens internacionais.

Segundo dados do Banco Central, os gastos dos turistas no exterior totalizaram 5,8 bilhões de dólares em 2006, um crescimento superior a 20 por cento em relação aos 4,7 bilhões de dólares em 2005. O valor do ano passado foi o maior desde 1998, quando o dólar valia cerca de 1 real.

A CVC, uma das maiores empresas do ramo no Brasil, considera que 2007 "vai ser o ano internacional dentro da operadora". A empresa pretende aumentar de 20 para 30 por cento a participação das viagens internacionais nas vendas de pacotes, de acordo com a assessoria de imprensa.

Entre os destinos preferidos estão a Argentina e os parques da Disney, nos Estados Unidos.

A valorização do real também torna os produtos importados mais baratos. Para o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares (Abipp), Gustavo Dedivitis, a queda do dólar é uma oportunidade para melhorar a qualidade desse tipo de produto, produzido principalmente na China.

"Com a queda do dólar você consegue fazer melhores compras. Você consegue imprimir qualidade no mercado popular, nas classes D e E, e isso ajuda a se diferenciar no mercado", disse à Reuters.

Além disso, o momento favorece o crescimento do setor. "Chegaram mais de 500 e-mails me solicitando como fazer para abrir uma loja de 1,99 (real)", contou. A associação prevê um faturamento de 11 bilhões de reais em 2007, frente a 9 bilhões de reais em 2006 e os 7,5 bilhões de reais em 2005.

Ainda assim, ele não vê com bons olhos a possibilidade de o dólar cair para uma cotação entre 1,80 e 1,90 reais. Dedivitis, que defende um "equilíbrio entre importado e nacional" no setor, teme que o governo aumente a burocracia para a compra de produtos estrangeiros preocupado em "preservar os fabricantes nacionais".

Por isso, diz, a desvalorização do dólar é "positiva e negativa ao mesmo tempo".

Exportações - As preocupações sobre a queda do dólar envolvem também o fato de que ela deixa os produtos do país mais caros nos mercados internacionais, afetando as exportações.

O setor têxtil e de confecção, por exemplo, teve déficit comercial de 91 milhões de dólares em março, o pior resultado mensal desde novembro de 1997, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). O valor é mais de nove vezes superior ao saldo negativo registrado no mesmo mês do ano passado, de 9,7 milhões de dólares.

"São vários os setores que lidam com essa concorrência de importados, como da China, entre eles vestuário... Compete às autoridades adotar soluções... porque o dólar desvalorizado não é um ato de Deus", disse Paulo Francini, diretor de economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Somente neste ano, a moeda norte-americana acumula queda de mais de 5 por cento sobre o real.

Depois de registrar superávits comerciais crescentes a partir de 2001, o Brasil deve assistir agora a uma desaceleração desses números. A previsão do mercado para 2007 é de 39,45 bilhões de dólares de saldo positivo, ante 46,074 bilhões de dólares em 2006.

O setor agrícola é outro que sente os efeitos do real valorizado, por ter boa parte de suas vendas atrelada à moeda norte-americana. O câmbio influencia diretamente a rentabilidade dos produtores e tem sido acusado de ser, nos últimos anos, um forte agravante da crise vivida pelo setor.

Por outro lado, o dólar mais barato tende a reduzir os gastos com insumos como fertilizantes, que são importados na sua maioria.| Por: Silvio Cascione, colaboração de Inaê Riveras e Vanessa Stelzer/Reuters.

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