Formação de engenheiros será discutida por França e Brasil

Profissionais com duplo diploma têm mais chances de fazer carreira internacional

Com o objetivo de discutir a dupla formação de engenheiros, que obtêm simultaneamente diploma de duas escolas de engenharia, uma brasileira e outra francesa, será realizado em São Paulo, nos dias 19 e 20 de abril, o Fórum Franco Brasileiro "Empresas e Formação de Engenheiros”. O evento servirá para que empresas e universidades dos dois países se encontrem, se conheçam melhor e discutam a formação desses engenheiros com duplo diploma e formação bi-cultural para agregar valor às empresas com inserção internacional.

Um dos palestrantes do fórum será o engenheiro francês radicado no Brasil Frédéric Donier, diretor da consultoria Crescendo e conselheiro da Câmara de Comércio França-Brasil. Donier vai falar sobre as expectativas das empresas do Brasil e da França em relação aos engenheiros com duplo diploma. “No caso das brasileiras, elas têm o desafio de prosseguir a sua inserção no mundo globalizado, e portanto vão precisar cada vez mais de engenheiros multi-culturais e não apenas multi-idiomas”, explica.

Em relação às empresas francesas, o consultor as divide em dois tipos: as instaladas no Brasil e as na França e em outros países. Segundo Donier, as expectativas delas são diferentes. “As primeiras esperam que esses engenheiros possam ajudá-las a ‘tropicalizar’ a sua gestão, visando maximizar a mobilização das equipes brasileiras a serviço da eficácia do negócio e aperfeiçoar os relacionamentos técnicos entre engenheiros de várias partes do mundo em prol do desenvolvimento tecnológico”, explica.

Quanto às segundas, Donier diz que elas visam desenvolver futuros líderes multi-culturais que possam colaborar para gerir os negócios, as plantas industriais e os projetos de engenharia, nos países em que atuam. “Com base nas suas qualidades naturais, como flexibilidade, inteligência tática, relacionamento inter-pessoal e dinamismo, o engenheiro brasileiro pode almejar responsabilidades ampliadas”, diz. “Para isso, o duplo diploma será um grande acelerador de carreiras internacionais.”

As diferenças entre a formação dada aos engenheiros pelas universidades do Brasil e da França é outro tema que será objeto de debate no Fórum. Para o presidente da Comissão de Cooperação Internacional da Universidade de São Paulo (USP), Adnei Melges de Andrade, há algumas importantes. “O estágio na França, por exemplo, é muito diferente do que existe no Brasil”, diz. “Nas universidades francesas, os alunos passam por três tipos de estágio. Um chamado operário, que é no chão da fábrica, no qual o aluno realiza o mesmo trabalho que os operários da empresa. Há um outro estágio mais técnico e outro profissional, quando o estudante já atua como engenheiro, realizado em tempo integral”, explica. Já no Brasil, na maioria dos casos, “o estágio é realizado em tempo parcial pelos estudantes de engenharia.”

As diferenças entre as duas formações não se limitam aos estágios, no entanto. Elas podem ser percebidas também ao longo do curso. Segundo Andrade, a formação dada pelas universidades brasileiras é mais prática e técnica. “A formação no Brasil é rica em experiência de mercado”, diz. “Já na França há um conteúdo maior de teoria. Além disso, há um forte componente de humanidades em seus cursos de engenharia, incluindo a formação em línguas estrangeiras.”

Promovido pela Conferência de Diretores das Escolas Francesas de Engenheiros, pelo Consulado da França em São Paulo e pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) e organizado pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), o encontro reunirá representantes governamentais, acadêmicos, gestores de ciência & tecnologia e empresários dos dois países.

O Fórum Franco Brasileiro “Empresas e Formação de Engenheiros” será realizado na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), à Av. Paulista 1313. A programação completa e a ficha de inscrição estão em www.anpei.org.br/ffbefi. Mais informações: (11) 3842-3533 ou [email protected]