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14/04/2007 - 08:13

MAM-SP expõe o legado brasileiro de Maria Helena Vieira da Silva

Com 116 obras e a transmissão em tempo real do restauro do único painel de azulejos realizado pela artista luso-francesa, o museu inaugura em 26 de abril a mostra “Vieira da Silva no Brasil”, dando ênfase à sua produção artística no período em que viveu no país; a curadoria é de Nelson Aguilar.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo estará com a mostra “Vieira da Silva no Brasil”, de 27 de abril a 3 de junho. Antecipando em um ano as comemorações do centenário de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), artista portuguesa, naturalizada francesa em 1956, o curador Nelson Aguilar reúne na Grande Sala do museu paulistano 116 obras a fim de retratar não só a sua produção artística, mas também o espírito artístico da época em que ela viveu no Brasil (1940 a 1947), evidenciando sua estreita relação com artistas, músicos e também poetas brasileiros, principalmente com o núcleo carioca, centrado no bairro histórico de Santa Teresa. Para traçar um amplo panorama da carreira de uma das mais importantes artistas plásticas do século 20, serão exibidas obras tanto de seu período no Brasil quanto anteriores e posteriores. Um dos destaques da mostra será a transmissão em tempo real do processo de restauro de uma de suas obras mais lapidares, o painel de azulejos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Integram a exposição obras de diversas coleções e instituições brasileiras e européias como a Fundação Arpad Szenes e Vieira da Silva, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Coleção do Metrô de Portugal, todas de Portugal, além da Coleção Roberto Marinho, Coleção do Museu Murilo Mendes, de Juiz de Fora, MG, e a Coleção Gilberto Chateaubriand do Rio de Janeiro, entre outras.

A museografia da exposição fica ao cargo de Helio Eichbauer (assistido por Luiz Henrique Sá) e o catálogo, com o artista plástico português radicado no Brasil Fernando Lemos (assistido por Cláudio Ferlauto). Para a publicação, haverá textos do regente Henrique Lian (também responsável pela consultoria musical da exposição, com audição de peças que integravam o ambiente da artista) e da ensaísta Valéria Lamego, além de textos do próprio curador.

Para marcar a abertura, uma orquestra de cordas formadas por membros da Orquestra Sinfônica Municipal, entre os quais o spalla Pablo De Leon, regida por Henrique Lian, executará peças de Heitor Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Cláudio Santoro e Johann Sebastian Bach.

A exposição “Vieira da Silva no Brasil” tem o patrocínio do Banco Itaú BBA e apoio cultural do Banco Português de Investimentos S.A.

O painel da Universidade Rural - Uma das obras mais marcantes realizadas por Vieira da Silva no Brasil foi o painel encomendado por Heitor Grillo, secretário da agricultura de Getúlio Vargas e marido de Cecília Meireles (uma das grandes amigas de Vieira da Silva no país), para a então Escola Nacional de Agronomia, em vias de se tornar a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A importância desse trabalho se deve ao fato de ter sido o único painel de azulejos criado pela artista em toda sua carreira, enfrentando a figuração com parâmetros da abstração. A imagem traz meninas colhendo frutos de uma laranjeira em sua parte principal, com cerca de 3 x 3m. Há mais duas figuras humanas laterais, com cerca de 3 x 0,5m, e cinco figuras menores, entre as quais uma rosa dos ventos.

Em uma iniciativa inédita, o Museu de Arte Moderna exibirá o processo de restauração do painel em tempo real, direto do Estúdio Sarasá, onde passará pelas mãos do restaurador Antônio Luis Sarasá, especialista em azulejaria. No espaço expositivo, figura uma plotagem que reproduz não só o desenho original do painel como todo o levantamento de patologia encontrado na obra, o que possibilitará ao público entender todas as etapas do procedimento. À medida que as peças forem sendo restauradas, serão afixadas em seus respectivos lugares, com a plotagem dando lugar à obra real gradualmente, até que o painel seja completado.

Além de acompanhar o processo de restauro em um monitor de plasma localizado no espaço expositivo, o público pode acessa-lo pela internet, no site do Museu (www.mam.org.br). Teleconferências realizadas por Antônio Sarasá com estudantes serão transmitidas tanto no plasma, ao vivo, quanto em vídeos gravados disponíveis online.

A vinda do painel ao Museu de Arte Moderna de São Paulo tem o apoio do Ministério da Educação.

A mostra - O projeto expositivo de “Vieira da Silva no Brasil” tem na obra da artista sua inspiração, segundo Hélio Eichbauer, idealizador da montagem. Relembrando encontros que teve com a pintora e amigos em comum, como Murilo Mendes e o cenógrafo Eros Martins Gonçalves, Eichbauer, ele mesmo cenógrafo consagrado, criou a museografia como em uma caixa cênica do teatro, de onde Maria Helena extraiu e subverteu a idéia de perspectiva e de linhas que marcou toda sua obra. O respeito às linhas arquitetônicas da Grande Sala do Museu, com projeto de Lina Bo Bardi, é outra das premissas da montagem.

Serão mais de 40 painéis que sustentarão as mais de 100 obras, além dos registros fotográficos, o que cria diversas camadas intercaladas, remetendo à perspectiva intrínseca à produção de Vieira da Silva. A parede de vidro do Museu fica dessa forma exposta, permitindo que também o parque Ibirapuera seja cenário da mostra.

Os vários nichos criados pela colocação dos painéis abrigam diferentes aspectos da obra de Vieira da Silva. Os desenhos do período brasileiro, parte menos conhecida de sua produção, são o foco do primeiro bloco. O espaço seguinte é dedicado ao painel da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com a parede que receberá os azulejos originais da obra, além de seus estudos em guache e de pinturas que enfocam o período que a artista e seu marido viveram em Santa Tereza, no Rio.

Três painéis centrais mostram obras emblemáticas da carreira da artista, entre elas o quadro “Londres” (1959), que ganhou o Grande Prêmio na 6ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo. Outros nichos contemplam obras das coleções Roberto Marinho, Museu de Arte Moderna Murilo Mendes, e Coleção Gilberto Chateaubriand.

Duas poesias de Murilo Mendes explicitam o caráter de proximidade que Vieira da Silva manteve com os escritores brasileiros. Uma é “Harpa-sofá”; a segunda, inédita e rara, chama-se “Tempos Sombrios” e proveio da coleção Eros Martins Gonçalves.

Complementando a parte pictórica, estão fotografias do casal Szenes – Vieira da Silva, seja sozinhos, seja entre seus amigos brasileiros; uma vitrine contendo ilustrações realizadas pela artista para capas e interiores de livros de seus amigos escritores; e, em seis cavaletes de vidro projetados por Lina Bo Bardi (outra homenagem à arquiteta) para o Masp, recortes de jornal com comentários de época sobre as mostras realizadas pela artista no período em que aqui viveu, além do comentário de Fernando Lemos para a obra “O Teatro” (1953)

O nicho educativo traz uma vitrine com materiais e ferramentas utilizados em restauração e dois monitores de plasma. O primeiro traz a transmissão do restauro do painel. No segundo, uma entrevista realizada pela rede Globo nos anos 80, com texto de Rubem Braga, e o filme “Ma femme chamada bicho”, do cineasta português José Álvaro Morais, que mostra a convivência do casal Vieira da Silva – Arpad Szenes.

A trilha sonora - Para a trilha que acompanha a exposição, o maestro Henrique Lian selecionou músicas que têm forte ligação com o contexto em que esteve inserida Vieira da Silva em sua estada no Brasil. A abertura traz trechos de uma recriação para orquestra de violoncelos de Villa-Lobos para “O cravo bem temperado”, de J. S. Bach, compositor preferido da artista. Na seqüência, desfilam trechos de peças de Francisco Mignone, Claude Debussy, Igor Stravinsky, Mário Tavares (amigo de Vieira da Silva), Leopoldo Miguez (em gravação da violinista Mariuccia Iacovino e de seu marido, o pianista Arnaldo Estrela, também amigos da artista), Maurice Ravel, Cláudio Santoro e Jeff Golyscheff.

Equipe - Nelson Aguilar – Atuou como curador geral de diversas mostras de grande relevância, entre elas 22ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo (1994), 23ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo (1996), Mostra do Redescobrimento Brasil + 500 (2000), Parade (2001), Arte Russa (2002) e 4ª Bienal do Mercosul (2003). É professor de história da arte na Unicamp.

Helio Eichbauer – Conceituado cenógrafo, estudou com o tcheco Josef Svoboda, um dos mestres universais dessa arte. em seus mais de 40 anos de carreira desenvolveu cenários que se tornaram marcos, como o de “O Rei da Vela”, de José Celso Martinez Corrêa, em 1967. Entre seus trabalhos mais recentes, está a concepção cênica do show “Carioca”, de Chico Buarque.

Fernando Lemos – Fotógrafo, designer gráfico, pintor, tecelão, e poeta português, é um dos grandes artistas de seu país. Foi tema da retrospectiva “À Sombra da Luz – À Luz da Sombra”, realizada na Pinacoteca do Estado em 2004. Participou da edição de 2006 do Clube de Colecionadores da Fotografia do MAM-SP.

Antônio Luis Sarasá – Dono do Estúdio Sarasá, herdou de seu pai, Gerardo Sarasá, o ofício de restaurador. Entre seus trabalhos, destaca-se a Casa da Frontaria Azulejada, no centro histórico de Santos, e o Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Henrique Lian – Maestro de formação abrangente, administra hoje o Espaço CPFL, em Campinas.

Exposição: "Vieira da Silva no Brasil", curadoria de Nelson Aguilar,de 27 de abril a 03 de junho de 2007, de terça a domingo e feriados, das 10h às 18h, na Grande Sala, Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3 | Telefone (11) 5085-1300 | Site: www.mam.org.br | Ingresso: R$ 5,50 | Sócios do MAM, crianças até 10 anos e adultos com mais de 65 anos não pagam entrada. A entrada é franca aos domingos, durante todo o dia. Estacionamento no local (Zona Azul: R$ 1,80 por 2 horas).

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