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15/07/2009 - 09:53

Responsabilidade produtiva no setor da alimentação

A produção de alimentos saudáveis, de alta qualidade e em quantidade suficiente para atender à demanda do mercado interno e externo definem um conceito fundamental para o Brasil, considerada sua posição como grande fornecedor mundial: a responsabilidade produtiva na cadeia de suprimentos da alimentação. O tema implica, obviamente, o resultado operacional de todas as empresas do setor, de modo que possam gerar empregos, renda e impostos e contribuir para o desenvolvimento. Porém, a questão é muito mais ampla.

A indústria da alimentação busca ser cada vez mais responsável no uso da água e dos insumos básicos e na prática da produção mais limpa. Preocupa-se, também, com a qualidade do que produz e com a educação alimentar, pois não basta ofertar comida. É preciso disseminar bons hábitos de vida e alimentação saudável. Dados da ONU, da Organização Mundial da Saúde e da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) mostram que há cerca de um bilhão de pessoas sem alimentação suficiente no mundo. Em contrapartida, há outra parcela de um bilhão com sobrepeso e obesidade. E, como se sabe, a obesidade e suas conseqüências, como diabetes, hipertensão e problemas coronarianos, podem ser tão letais quanto a inanição.

Fica muito claro, portanto, que a segurança alimentar implica três fatores principais: o da inclusão social, possibilitando que as pessoas hoje abaixo da linha da pobreza possam tornar-se consumidoras e cidadãs na acepção plena deste termo; a da educação, para prevalecerem os bons hábitos de alimentação e vida; e a sustentabilidade ambiental e dos recursos naturais. Assim, fazer a sua parte quanto à produção e contribuir para a sustentabilidade e a inclusão socioeconômica são ações que definem em ternos práticos a responsabilidade produtiva da indústria alimentícia, e o setor volta-se cada vez mais para esse desafio, ao qual toda a sociedade deve engajar-se.

No âmbito dessa lição de casa, é necessário, em primeiro lugar, garantir ao Brasil a capacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente para atender à demanda interna. Devemos entender o conceito “demanda interna” como a totalidade da população, pois não podemos vislumbrar um futuro imediato em que haja brasileiros sem acesso à dieta nutricional mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Quanto à educação alimentar, é preciso quebrar velhos paradigmas, deixando claro que se pode comer de tudo, desde que de modo equilibrado, nas quantidades certas e em harmonia com uma vida saudável.

A despeito de todos os itens que consubstanciam o conceito contemporâneo de sustentabilidade, não há dúvida de que a prioridade é a segurança alimentar. Afinal, alimentação correta e vida saudável são a base de uma sociedade mais equilibrada, com menos doenças e, portanto, com mais oportunidades para que os indivíduos ascendam a patamares de renda acima da linha da pobreza.

A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) preocupa-se de longa data com toda essa questão relativa à segurança alimentar, pois o desafio é imenso. Até 2012, o número de habitantes da Terra aumentará de seis para sete bilhões. Será quase uma Índia a mais. Até 2050, serão nove bilhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de crescimento, em relação a 2008, equivalente ao dobro do número de habitantes da China.

Tais projeções, do recente relatório intitulado “Revisão das Perspectivas para a População Mundial de 2008”, do Departamento da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, mostram a premência de soluções para alimentar, vestir, garantir habitação, saúde e educação para as novas gerações. Dentre esses itens, porém, a alimentação vem em primeiro lugar, pois é o pressuposto essencial para a manutenção da vida.

Para simplesmente manter o presente status quo como produtor e fornecedor, o Brasil precisa aumentar em 25% a sua produção de alimentos nas próximas duas décadas e em 50%, até a metade deste século. A indústria alimentícia tem imensa responsabilidade nesse processo. Por isso, juntamente com toda a sociedade, busca alternativas viáveis para viabilizar a expansão da oferta de alimentos.

É com esse intuito que a ABIA está promovendo uma série de eventos nos quais reúne representantes de indústrias, de organismos multilaterais, universidades e representantes da sociedade. Foi o caso do 1º Fórum de Responsabilidade Produtiva na Cadeia Alimentícia (RPCA 2009), realizado em São Paulo. No evento, em 30 de junho, aprofundaram-se as discussões do World Economic Fórum on Latin América, realizado em abril último, no Rio de Janeiro. O Fórum será desdobrado em vários eventos ao longo do ano, para que a discussão do tema crucial da sustentabilidade e segurança alimentar paute de modo definitivo as prioridades da sociedade e do governo na busca de alternativas para garantir o futuro.

. Por: Edmundo Klotz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA).

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