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16/07/2009 - 10:23

Onde investir?

A África é o futuro.

Se você tivesse R$ 5 bilhões hoje para aplicar com um horizonte de 20 anos e objetivo de alto retorno, onde investiria? Eu digo: na África.

O continente africano sofreu durante séculos, mais precisamente depois da colonização européia, que na divisão dos novos países constituídos não respeitou as etnias existentes. A independência de várias nações no século XX, trouxe em conjunto a guerra civil para maioria deles, e ainda tínhamos o absurdo do apartheid na África do Sul. Ouço dizer que o século XX foi o século perdido para este continente.

Com um pouco de contato com a história do continente é possível detectar uma riqueza cultural única e um desenvolvimento econômico surpreendente em algumas regiões, antes da conquista pelos europeus.

No século XXI a coisa começou a mudar. O apartheid não existe mais; o continente também deu ao mundo o maior estadista do século XX, Nelson Mandela, pois nem Franklin D. Roosevelt, nem Churchil conseguiriam fazer o que ele fez. As guerras civis cessaram, apesar de persistir em alguns países. Os jovens começaram a ter um forte espírito nacionalista que supera as etnias; e a união entre elas contribuiu para isso, pois os filhos pertenciam às duas etnias ou à nenhuma delas.

Quando um país deixa de estar em conflito, seja porque terminou uma ditadura ou uma guerra civil, tudo tem que ser construído, e a vontade de crescer dos países africanos democratizados, ou perto de se tornarem democratizados, é enorme. Começa a emergir lentamente uma classe média ávida por ter qualidade de vida. É uma grande oportunidade para colocar em prática o conceito de sustentabilidade, pois a tendência é que, queiramos ou não, temos que praticá-la. Nas primeiras carvoarias, o sistema de gestão era praticamente feudal, mas teve que mudar, pois se tornou insustentável; no atual momento, a sustentabilidade terá que entrar na agenda desses países para que o planeta não se torne inviável.

Outra grande vantagem do continente é o mercado intra-africano. Como o olhar dos investidores era mais de desconfiança do que de oportunidade, os países fortaleceram os laços comerciais entre seus pares, o que contribuiu para o impacto da crise internacional não abalar tanto alguns deles.

Atualmente, existe uma corrida para a utilização dos recursos naturais, mas o continente africano é muito mais do que isso, e um grande exemplo é a empresa brasileira Vale, que além da utilização mineral poderá produzir energia em Moçambique, um país onde cresce os membros da chamada classe média, que se utilizará de energia, entre outros fatores.

Um outro item importante é como a Vale chegou ao continente, pois não aportou lá como uma corporação imperialista. Muito pelo contrário, respeitou a cultura local, preocupação com a formação da força de trabalho e com o desenvolvimento socioeconômico do entorno onde se instalara. É a prova de que sustentabilidade é estratégico e inteligente, pois a pró-atividade do Estado Nacional e de sua população com a Vale é positiva.

Tomando a liberdade de fazer uma rápida analogia, a África é hoje o que o Brasil era há 20 anos, recém saído de uma ditadura, com toda uma infraestrutura a ser remodelada, arcabouço legal a ser reconstruído e a necessidade do fortalecimento das instituições nacionais. Se acreditamos que ter investido no Brasil há 20 anos foi um bom negócio, por que não na África?

. Por: Roberto Sousa Gonzalez, professor da Trevisan Escola de Negócios, diretor de estratégia de sustentabilidade da The Media Group – Comunicação Corporativa e membro do Conselho do Fundo Ethical da Santander Asset Management. |Email: [email protected]

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