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22/07/2009 - 10:35

Nicolas Sarkozy fez lobby três vezes pelo Rafale na Suíça

Dassault, a fabricante francesa do jato Rafale, é uma tarimbada lobista e comanda uma impressionante rede Nicolas Sarkozy está assumindo um papel pessoal e ativo na campanha de vendas de caças Rafale para a Suíça. O Eurofighter e o Gripen também estão reunindo suas forças, na batalha das comunicações.

A lista de convidados da embaixada francesa era algo de causar inveja. Os escalões mais altos das forças armadas foram particularmente muito bem representados, no dia 14 de julho – a data nacional da França – com o comparecimento dos comandantes supremos do exército André Blattmann e da aeronáutica Markus Gygax. E a embaixatriz francesa Joelle Bourgois soube como fazê-los se sentir muito bem: ela recebeu Blattmann com um sorriso encantador. E soube oferecer-lhe um algo a mais: ela havia sido informado por Paris de que a Suíça seria removida da "lista cinza". Este trabalho indireto de relações públicas feito pela embaixatriz não foi por acaso. A França quer vender à Suíça caças Rafale no valor de 2,2 bilhões de francos suíços, mas primeiro terá de superar a concorrência do Eurofighter (EADS, com apoio da Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha) e do Gripen (Saab, Suécia).

A França e a fabricante francesa Dassault estão claramente à frente de suas rivais, em um aspecto pelo menos: lobby. Basta dar uma olhada na programação de visitas à exposição aeroespacial de Paris Le Bourget, realizada nos dias 16 e 17 de junho, para se ter uma prova. A viagem foi organizada pela Swissmem e somente parlamentares do partido político suíço SVP tomaram parte: Adrian Amstutz, Roland Borer, Thomas Hurter e Jean-François Rime.

A fabricante do Gripen, a Saab, fez apenas uma apresentação de uma hora e distribuiu café em copos de plástico. Por sua vez, a fabricante do Eurofighter, a EADS, organizou uma festa, assinada pelo famoso chef suíço Guy Savoy, no seu restaurante "Le Chiberta", em Paris. Contrastando, a fabricante do Rafale, a Dassault, apertou todos os botões de lobby disponíveis: fez uma demonstração aérea do Rafale com duração de duas horas e meia, deu uma recepção no Hotel de Brienne onde o ministro da defesa francês Hervé Morin foi o anfitrião, e organizou uma recepção na Rafale International.

Na França, o Rafale é visto como um assunto de primeiro escalão – algo que cabe ao próprio Nicolas Sarkozy. De acordo com uma pesquisa realizada pelo jornal "Sonntag", o Presidente da França, até o momento, atuou três vezes pessoalmente, com o objetivo de avançar o caso do Rafale, na Suíça. Quando Micheline Calmy-Rey foi recebida por Nicolas Sarkozy, em 2007, parece que o presidente informou-lhe que, se a Suíça comprar o Rafale, a França não agiria tão duramente na disputa tributária.

Quando o Rafale foi exibido em Emmen, em outubro de 2008, Sarkozy queria apresentá-lo pessoalmente. No final, deixou de fazê-lo, em conseqüência das atividades diplomáticas conduzidas atrás do palco. A dica repassada à França foi que a presença de Sarkozy poderia, na verdade, comprometer as chances do Rafale. E quando Sarkozy compareceu à 45a Conferência de Segurança, em Munique, no dia 7 de fevereiro de 2009, foi apresentado a uma cara nova: Ueli Maurer, o novo ministro da defesa suíço, fazendo sua primeira visita oficial a um país estrangeiro.

A Dassault é considerada a fabricante de caças a jato mais bem conectada, até mesmo na Suíça. Várias fontes internas confirmaram isso. Parece que a Dassault mantém bons contatos com a Armasuisse. Felizmente, os franceses também mantém uma linha direta com o próprio Ueli Maurer. Martin Baltisser, Secretário Geral do SVP, desde o dia 1o de julho, já trabalhou para a Farner. E a Farner está encarregada das comunicações da Dassault.

Fontes internas confirmaram ainda que a equipe da Dassault, usando broches dourados do Rafale, parece muito confiante de sua vitória na Suíça. Não é difícil perceber por que a França faz tanto empenho em vencer a licitação. Até hoje, a Dassault fracassou em todas as suas tentativas de vender o Rafale no exterior. A Suíça abriria as portas para novas vendas internacionais.

E fontes internas também destacam que a compra dos caças a jato, que cabe ao Conselho Federal da Suíça decidir, no primeiro trimestre de 2010, é uma decisão estratégia para os próximos 40 anos. Quando os F/A-18 caças forem substituídos daqui a aproximadamente 15 anos, é muito provável que a Suíça opte pelos mesmos jatos que escolheu em 2010. A empresa vitoriosa poderá ter em mãos um negócio no valor de 8 bilhões de coroas suíças, pelos próximos 15 anos.

Todos os concorrentes estão cientes disso e todos estão intensificando seus esforços. A EADS, contando com a consultoria de Franz Egle sobre democracia suíça, está procurando por um executivo de relações públicas para os trabalhos de comunicações técnicas. Segundo fontes internas, a EADS, até o momento, tem mostrado um excesso de arrogância no estilo germânico. E a Suécia, representada pela Gripen, tem se comportado de forma por demais discreta. Razão pela qual a Saab nomeou a Hirzel.Neef.Schmid.Konsulenten como sua nova assessoria de imprensa. De acordo com Victor Schmid, a Saab percebeu que o lobby de seus concorrentes é muito agressivo. "Esta é a razão pela qual a Saab buscou uma agência muito profissional com bons contatos". Reportagem adicional: Silvia Pfenninger.

O comandante do exercito André Blattmann com sua esposa Dora, na recepção da embaixada francesa, no dia 14 de julho, a data nacional da França (no alto). Blattmann teve uma recepção particularmente entusiástica. E o presidente francês Nicolas Sarkozy atuou pessoalmente no lobby do Rafale, na Suíça. | Por othmar von matt

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