"Interioridades"

Exposição de 25 de abril a 21 de maio de 2007, de 2ª a 6ª-feira, das 15h às 21h. Sábados, das 16h às 20h, na Galeria de Arte do Centro Cultural Candido Mendes (Rua Joana Angélica, 63 - Ipanema. Tel: 2523-4141 r. 206 – E-mail: [email protected]). Entrada franca

A mostra "Interioridades", da artista plástica Márcia Clayton em sua segunda exposição individual, a artista criou seis instalações de parede e o vídeo Nest, cuja temática fala do tempo e da sexualidade da mulher através de suportes mundanos como absorventes, próteses de silicone e camisinhas.

"Meu trabalho fala da condição feminina através da maternidade, da menstruação, da menopausa, da síndrome do ninho vazio, etc... Revelo a mulher nua, que pode ser vista não mais nas pinturas de Courbet, Goya ou Picasso, mas em objetos íntimos e em um parto de cesariana. Ritualizo o ciclo do corpo feminino e foco na repetição obsessiva de formas e materiais" - explica ela. Segundo Kátia Canton (MAC/SP), curadora da mostra, a artista escancara objetos que revelam os mecanismos de pulsão da vida orgânica, mas em vez de fazê-lo através de uma visceralidade abjeta, os apresenta de forma organizada, obsessivamente bela.

Para dar o tom intimista, logo na entrada da mostra, a tela diminuta de um Ipod coloca o visitante em contato com o grande espetáculo da interioridade feminina - a gestação. Na exposição poderão ser apreciados também pequenos quadros brancos bordados à mão e com traduções em braile, tecendo uma espécie inusitada de estamparias, onde os ciclos menstruais são numerados. Quatrocentos tampões enfileirados formam um cinturão branco com o título "Basta!", numa alusão ao término do ciclo reprodutivo - e também o da violência. Cinqüenta seios portam as imagens dos dois filhos da artista quando bebês e nos remetem à função vital da amamentação.

A costura que permeia as obras desemboca em bordados numa seqüência de frases sobre blocos brancos escritos em braile que falam do tempo, da sexualidade e da condição feminina através de seus sentidos e ciclos.