Jovens autores franceses comprovam que o desenvolvimento sustentável é possível e já é uma realidade

Lançamento da Clio Editora retrata 80 iniciativas de empresários que, em todo o mundo, mantêm negócios rentáveis sem agredir o ambiente e promovendo o equilíbrio sócio-econômico.

Há luz no fim do túnel – mesmo em meio a uma crise econômica e sob a ameaça crescente do aquecimento global – e as soluções não estão na mente dos teóricos nem nas mesas de negociação dos países mais ricos ou dos emergentes. Elas já estão sendo colocadas em prática, e com sucesso, nos mais diversos pontos do planeta. O que falta é divulgá-las para que possam ser adotadas em maior escala. É isso que mostra o mais novo livro da Clio Editora: 80 Homens para Mudar o Mundo, escrito a quatro mãos por Sylvain Darnil e Mathieu Le Roux.

A idéia do livro surgiu em São Paulo. Os dois jovens, recém-formados em negócios, trabalhavam em diferentes empresas francesas e vieram para o Brasil para trabalhar por um período de 18 meses. Conheceram-se por acaso, numa churrascaria, convidados por um amigo em comum. O que poderia ter sido somente um encontro agradável, sem maiores conseqüências, revelou um desejo em comum: viajar pelo mundo, não como mochileiros curiosos, mas como investigadores de uma nova realidade econômica que eles acreditavam existir.

Essa crença não surgiu do nada. Ambos haviam lido a autobiografia de Muhammad Yunus, o professor de economia de Bangladesh que criou o conceito de microcrédito e fundou o Grameen Bank. Também conhecido como Banco dos Pobres, o Grameen empresta dinheiro a pessoas sem recursos para que elas possam iniciar pequenos negócios. O melhor e o mais surpreendente é que o banco dá lucro. “Yunus não é, evidentemente, um tubarão das finanças, pronto a otimizar o lucro por meio de golpes baixos, tampouco um herói do desinteresse, cuja vida é de sacrifício permanente em prol de uma causa”, explicam. “Ele encarna, para nós, o ideal híbrido entre um empresário criador de riquezas e um ativista militante capaz de agir com eficiência em coerência com suas convicções.”

Concluídos seus contratos de trabalho no Brasil, Darnil e Roux iniciaram seu projeto de procurar outras iniciativas semelhantes, promovidas pelo que eles chamam de “alterempresários”: empreendedores que não se contentam em reclamar da ordem vigente e criam soluções concretas e eficazes para os principais desafios da sociedade atual, como a pobreza, a poluição e o aquecimento climático.

Utilizando suas próprias economias, financiamento de empresas e bolsas do Ministério da Juventude e dos Esportes da França, eles iniciaram uma investigação in loco em 15 de junho de 2003. Em 15 meses, os jovens franceses percorreram 65 mil quilômetros e conheceram 113 iniciativas. Das 80 mais interessantes, 32 são retratadas detalhadamente no livro da Clio Editora. São todas empresas rentáveis e algumas delas competem com players tradicionais.

Para facilitar a leitura, os empreendimentos estão divididos por continente. Um índice por assuntos ajuda o leitor a encontrar iniciativas também por área de atividade. Em 80 Homens para Mudar o Mundo, é possível conhecer a American Apparel, fabricante de roupas, especialmente camisetas, que produz cerca de 1 milhão de peças por semana e é a mais rentável do setor de confecções dos Estados Unidos, graças a um modelo de negócios que prioriza as condições de trabalho e o salário dos funcionários.

Vilã do ecossistema, a indústria química também produz exemplos de sustentabilidade. Na Alemanha, Darnil e Roux avaliaram a Safechem, que inovou ao instituir o conceito de locação de produtos químicos. A empresa trabalha com solventes clorados, substância tóxica utilizada na limpeza de peças metálicas de vários setores, como o automobilístico e o aeronáutico. Hoje, no lugar de comprar o solvente, as indústrias contratam a Safechem para fazer essa limpeza, num processo em que 92% do composto é reciclado. A quantidade de solvente utilizado por cliente passou de 25 toneladas por ano para apenas 2 toneladas e, mesmo vendendo menos, o faturamento da empresa aumentou.

Da América do Sul e África, os autores selecionaram sete iniciativas, quatro delas no Brasil. Voltado para a preservação, o Projeto Tamar transformou as tartarugas em atração turística. A rede CDI – Comitê para a Democratização da Informática promove a inclusão digital graças a escolas de informática instaladas em comunidades pobres. O livro destaca ainda a atuação de Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, e o sucesso da Ideaas, empresa gaúcha especializada na locação de painéis solares para a zona rural.

Empreender e ter lucro adotando os princípios da sustentabilidade não é uma utopia, mas uma realidade, que pode ser multiplicada e ampliada. Basta querer, como comprova 80 Homens para Mudar o Mundo.

80 Homens para Mudar o Mundo | Autores: Sylvain Darnil e Mathieu Le Roux, 240 páginas | Dimensões: 23 cm por 16 cm | ISBN: 978-85-7831-015-8 | Preço: R$ 39,90.

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