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19/04/2007 - 05:04

Conferência Desafios Emergentes: China deve assumir responsabilidades de um líder global

A China precisa agora dar um passo além no seu processo de consolidação como potência global e assumir-se como líder que se responsabiliza por suas ações no cenário internacional. A avaliação é de Arthur Kroeber, diretor da Dragonomics Research & Advisory e co-editor do China Economic Quarterly, que cita temas como a questão ambiental, as disputas por matérias-primas e o sistema de pagamento mundial como espaços para manifestação dessa liderança.

Na avaliação de Kroeber, sem essa liderança, a falta de coordenação entre as maiores economias do mundo pode acentuar a instabilidade do sistema global. “A China vai se tornar o país que mais polui no mundo e já é o maior consumidor de uma série de commodities agrícolas e minerais. E agora precisa agir com responsabilidade no processo de financiamento do déficit norte-americano”, resume.

Da perspectiva chinesa, Kroeber acredita que o país se vê em uma posição extremamente ameaçadora, cercada por vizinhos que são aliados dos Estados Unidos, como Japão, Coréia do Sul, Taiwan e alguns países do Sudeste Asiático, e nações nucleares, como Índia e Rússia. “Aqueles que detêm poder têm que reduzir a sensação de insegurança que a China sente a partir de sua posição isolada. Trazer a China para perto será muito benéfico para a ordem política internacional, uma vez que aumenta seu senso de liderança e responsabilidade”, avalia.

Já a política externa chinesa, segundo Kroeber, tende a ser extremamente conservadora e dúbia. Isso explica por que eles tendem a evitar a tomada de responsabilidades e por que o esforço para querem convencer o mundo de que sua emergência é totalmente pacífica é tão relevante.

China é fator de instabilidade na política global, diz Lehmann - As possibilidades de guerra ou de choques econômicos relevantes no mundo são dos mais relevantes hoje em função da emergência chinesa. O alerta foi feito por Jean-Pierre Lehmann, professor de política econômica internacional do International Institute for Management Development (IMD), para quem a China não pode ocupar uma posição de liderança global em função da ausência de um regime democrático e de uma sociedade civil ativa. “Em suma, não há uma bússola moral”, instiga Lehmann.

De acordo com o pesquisador, não é possível ignorar a possibilidade de conflito dada a dinâmica política, social e cultural do mundo hoje. “Toda vez que um grande ator entrava no cenário internacional havia uma guerra. No passado, sabíamos quem mandava no mundo: Estados Unidos, Inglaterra e Japão. Os chineses entraram nesse jogo e não estão jogando de acordo com as imposições das potencias tradicionais, que têm pressionado por um Estado de direito e políticas mais liberais. Não devemos subestimar a transformação profunda que está acontecendo na economia”.

Lehman prevê que nos próximos vinte anos será impossível vivenciar um sistema econômico aberto coabitando com sistema político fechado. Em um dado estágio, o pesquisador acredita que haverá grande demanda por direitos políticos na China. A questão esta em saber se a abertura se dará de forma evolutiva ou de maneira abrupta. “Eu sou otimista. Acho que estamos assistindo ao inicio das mudanças”, concluiu.

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