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06/08/2009 - 10:06

H1N1, globalização da gripe e adiamento da volta às aulas

Notícia mais do que frequente nos noticiários internacionais há alguns meses, a gripe suína, como ficou popularmente conhecida, ou o vírus Influenza A (H1N1), mudou a rotina da educação brasileira neste segundo semestre ao adiar o retorno de milhões de estudantes às aulas. Medida de prevenção tomada pelo MEC a partir de recomendação das autoridades públicas da área de saúde, o adiamento da volta às escolas, adotado pela maioria das redes públicas municipais e estaduais e também por instituições particulares, foi importante e decisiva na luta contra a propagação do vírus.

Não foi plenamente compreendida e aceita por todos. Os pais, por exemplo, em muitos casos, têm demonstrado alguma insatisfação e impaciência pela extensão das férias escolares. Os filhos em casa significam trabalho e gastos adicionais, além de preocupação para quem está na labuta diária e precisa manter olhos e ouvidos atentos quanto aos acontecimentos domésticos, ainda que à distância.

Adiar a volta às escolas significa evitar que durante o inverno, ainda vigente e rigoroso, em que há altas taxas de umidade (especialmente nos estados do Sul e Sudeste do país), se criem condições propícias à propagação da doença entre as crianças, adolescentes e jovens. Os pesquisadores já sabem, por exemplo, que a incidência do H1N1 é maior em ambientes fechados, de pouca circulação de ar, em ambientes de baixa temperatura e alta umidade.

Neste sentido, as salas de aula dos estados mais frios do país - como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - são locais mais do que certos para que essa epidemia globalizada se propague e atinja mais pessoas. E, no caso das escolas, especialmente no que se refere às unidades de Educação Infantil e Ensino Fundamental, constituem ainda localidades onde se concentra um grande contingente de pessoas de um dos maiores grupos de risco, as crianças.

Postergar o retorno foi, então, medida sábia e cautelar que, certamente, trará muito mais benefícios do que prejuízos à comunidade. Ainda que, para as escolas, isso represente modificações nos planos de ação para o semestre que se inicia, com o possível prolongamento das aulas no final do ano, a alteração de períodos de avaliação previamente previstos e adiamento de atividades extraclasse.

Além do adiamento, é igualmente necessário que os profissionais que atuam nas escolas - dos diretores aos serventes, passando principalmente pelos professores - sejam orientados quanto às medidas sanitárias preventivas a serem tomadas após o retorno dos alunos.

Os agentes de saúde pública têm divulgado, por exemplo, a necessidade de se lavar constantemente as mãos, manterem janelas e portas abertas para a circulação do ar, utilizar lenços descartáveis ao espirrar, evitar a qualquer custo que espirros sejam desferidos na direção de outras pessoas e, também, o uso de álcool gel para esterilizar as mãos de todos.

Preparar todos os profissionais da escola para essa ação é um segundo e decisivo passo para que essa epidemia global seja contida e não faça mais enfermos e vítimas fatais. A continuidade da ação, enquanto o vírus estiver ativo, é de vital importância para que superemos essa crise de saúde pública globalizada.

E é justamente neste ponto, a globalização da doença, que está uma característica própria dos tempos que estamos vivendo e que, de alguma forma, tem gerado entre muitas pessoas algumas dúvidas, certo temor e até mesmo ações que denotam preconceito. Os sintomas do H1N1 (febre, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga... há ainda relatos de diarreia e vômitos) são muito parecidos com aqueles da gripe comum e o diagnóstico da gripe suína é bastante difícil até mesmo para experientes profissionais da saúde. A doença foi detectada quanto aos seus diferenciais a partir de abril deste ano, tendo surgido inicialmente nos Estados Unidos, México e Canadá. De abril para cá, tendo passado apenas 4 meses, o vírus Influenza A (H1N1) se propagou para todos os continentes, atingiu mais de 180 países e tornou-se global. Chegou aos quatro cantos do mundo.

É preciso compreender que diante das novas prerrogativas mundiais, caracterizadas pelo constante intercâmbio de pessoas, num ir e vir diário a partir de todos os países e continentes, a probabilidade de novas epidemias globais sempre existirá. A própria história, a partir de dois casos célebres, em que o mundo vivia uma constante de viagens intercontinentais, demonstra o fato e comprova a necessidade da ação conjunta dos países, orquestrada por órgãos e entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, da ONU, na luta contra tais epidemias globalizadas.

As viagens empreendidas pelos europeus ainda durante a Idade Média, rumo ao Oriente, em busca de especiarias e variados produtos que os enriqueciam em seu comércio interno, acabaram trazendo para o Velho Continente (a Europa) a Peste Negra. Outro momento histórico de vulto em que tal fato ocorreu foi a Gripe Espanhola, detectada em 1918 e que, de acordo com estudiosos, teria atingido os Estados Unidos, a partir da Europa, em virtude do envolvimento da nação norte-americana na 1ª Guerra Mundial e as constantes viagens empreendidas a partir de então.

De qualquer forma, o que se pretende demonstrar é que existe a necessidade de esforços reunidos por parte de todas as nações para que medidas sanitárias e de saúde pública sejam utilizadas para prevenir tais endemias, que em virtude das condições de globalização tendem a crescer.

. Por: João Luís de Almeida Machado, editor do Portal Planeta Educação [ www.planetaeducacao.com.br)] doutor em Educação pela PUC-SP; pesquisador e autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte - Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva)

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