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11/08/2009 - 11:12

"O Brasil só aparentemente é um mercado fácil de abordar"

A diretora da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal no Brasil, Clementina Garrido, fala ao Portugal Digital dos desafios que hoje se colocam.

Brasília - Clementina Garrido, economista de formação, é a diretora da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal no Brasil, um mercado que tem acompanhado para procurar abrir portas ao crescimento das empresas portuguesas na América do Sul. Em entrevista ao Portugal Digital, Clementina Garrido explica o que a AICEP tem feito e vai fazer, deixando vários conselhos ao empresariado luso.

Sublinhando que o Brasil "só aparentemente" é "um mercado fácil de abordar", a diretora da agência estatal portuguesa no mercado brasileiro recomenda "fortemente" que qualquer empresa portuguesa procure um parceiro local para iniciar um negócio.

Economista, Clementina Garrido, diretora coordenadora do CNAS-Centro de Negócios para a América do Sul, exerceu já diversas funções executivas na área do comércio externo e promoção de investimentos em Portugal e no exterior, tendo sido delegada do ICEP em Israel, provedora do cliente, diretora da revista institucional Informar Portugal e diretora executiva do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

O que faz a agência de investimento portuguesa, que apoios pode dar aos empresários, quais são os seus objetivos prioritários, a divulgação do turismo, a participação em grandes eventos, como o V Encontro de Negócios em Língua Portuguesa, promovido pelo Conselho das Câmaras Portuguesas no Brasil e que acontece em setembro, em Fortaleza, são alguns dos temas abordados nesta entrevista.

Quais são os grandes objetivos da AICEP no Brasil? . O nosso objectivo é conseguir que as empresas e os produtos portugueses estejam presentes no mercado brasileiro com uma presença relevante, contribuindo para o crescimento das relações bilaterais econômicas e comerciais entre os dois países.

Que apoios concretos a AICEP pode dar, por exemplo, a uma pequena empresa brasileira que queira instalar-se em Portugal? . A AICEP tem por vocação captar e apoiar o investimento brasileiro para Portugal, mas apenas no caso de investimentos superiores a 25 milhões de euros, os chamados grandes investimentos contratualizados. São os investimentos que em geral terão impacto na economia e por essa razão são tratados de forma específica e muito cuidada pelo Governo de Portugal.

Os investimentos das PME´s brasileiras são encaminhados, se recebido um pedido de apoio nesse sentido nos nossos escritórios, para a instituição competente em Portugal, que é o IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento, localizado em Lisboa e cujo contato pode ser encontrado em [www.iapmei.pt].

E a uma empresa portuguesa que queira vir para o mercado brasileiro? . Daremos todo o apoio na obtenção da informação geral e sobre as condições de acesso ao mercado brasileiro, bem como outras informações que, por serem mais específicas, possam exigir um estudo mais aprofundado.

Se a empresa procura um parceiro local, recorremos às instituições brasileiras com competência nessa matéria, como as federações de indústria em cada Estado brasileiro, ou a própria APEX Brasil, entidade responsável pelo investimento estrangeiro no Brasil.

Que recomenda ? . Recomendamos fortemente que qualquer empresa portuguesa estude a possibilidade de encontrar um parceiro brasileiro adequado para o seu negócio, que pode ser um sócio, um consultor ou um agente/representante. Aparentemente, mas só aparentemente, o Brasil é um mercado fácil de abordar.

Um investimento deve ser preparado com o maior cuidado e com a ajuda de especialistas, se possível, com advogados e consultores que conheçam muito bem o mercado, o seu potencial de desenvolvimento e todos os passos para criar uma empresa com o formato mais adequado ao negócio em vista.

Que iniciativas ou campanhas a AICEP promove no Brasil para diversificar as exportações portuguesas, além dos produtos tradicionais, designadamente azeite, vinho e bacalhau? . A AICEP, por definição estatutária, dá apoio às empresas portuguesas investidoras e exportadoras na obtenção de informação, na participação em feiras e exposições, na procura de parceiros e importadores e realiza ações de promoção em parceria com as entidades representativas do setor empresarial.

São as associações de empresas que, em conjunto com os seus associados em cada setor, decidem que mercados pretendem abordar no estrangeiro e planeiam a atividade em cada ano.

Assim, se a Associação Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação (ANETIE) por exemplo, definir uma estratégia de abordagem ao mercado brasileiro e pedir o nosso apoio, desenharemos em conjunto qual a melhor forma para concretizar ações que tragam resultados positivos para o setor das tecnologias de informação em Portugal. O mesmo para cada um dos outros setores.

Que mercados? . São as empresas portuguesas, que estão há mais de 20 anos a trabalhar na União Europeia, que sabem quais os mercados que mais lhes interessam e procuram de antemão conhecer os melhores procedimentos sobre como fazê-lo. Aí recorrem ou não a nós, depende.

Mas a iniciativa do negócio não pode deixar de ser do empreendedor, que em Portugal já é por regra um empreendedor maduro, experiente em mercados extremamente exigentes e difíceis como são os europeus.

Mais de 75% do nosso comércio internacional faz-se com membros da UE, Alemanha, França, Reino Unido e Espanha, que são os nossos principais mercados clientes.

Como é que a AICEP dá a conhecer no Brasil as suas atividades e as suas funções? . Através da participação em todo o tipo de eventos onde os participantes sejam potenciais compradores de produtos e serviços portugueses. Efetuando reuniões com potenciais investidores brasileiros. Fornecendo todo o tipo de informação sobre o potencial de negócios entre os dois países.

Não podemos esquecer-nos de que Portugal, seguindo uma linha estratégica de desenvolvimento baseada no conhecimento, na inovação tecnológica e na organização, acumulou nas últimas décadas grandes capacidades em sectores determinantes, como é o caso, entre outras, das áreas das novas tecnologias de informação e comunicação, da biotecnologia, do automóvel, da aeronáutica, da defesa e das energias renováveis.

O Brasil importa estes produtos da Alemanha, mas Portugal também os produz e exporta-os para este país europeu. Ao mesmo tempo, Portugal renovou os setores ditos tradicionais – nomeadamente do calçado, do vestuário e do têxtil – para competir nos mercados internacionais onde reconquistaram notoriedade e prestígio pela qualidade, inovação, design e marketing.

Quais são as principais dificuldades com que se confronta? . Nenhuma em particular, as empresas é que têm maior ou menor dificuldade em trabalhar, devido por exemplo à enorme carga tributária que o Brasil cobra na importação de muitos produtos. Mas a AICEP não sente qualquer dificuldade na receptividade por parte do mercado brasileiro.

Qual o número de funcionários da AICEP no Brasil? É suficiente? . Somos oito pessoas, uma equipa muito diversificada e competente, embora o Brasil seja um mercado de grande dimensão territorial e em boa verdade nunca ninguém poderá dizer que tem uma equipa suficiente para abranger todo o país, especialmente quando a nossa ambição é crescer muito mais em todo o mercado.

Dar a conhecer Portugal como destino turístico é atribuição da AICEP? Como é feita essa divulgação? . Não é nossa atribuição específica, mas sim contratualizada. Quer dizer, existe em Portugal um Instituto do Turismo de Portugal, autónomo da AICEP, embora dentro do mesmo Ministério da Economia que, através de um protocolo anual com a AICEP, utiliza os nossos serviços no estrangeiro, instalações e funcionários, para desenvolver a sua estratégia em cada mercado.

A agência AICEP é paga para ceder esse pessoal e fornecer os serviços que forem necessários ao Turismo de Portugal, mediante um acordo assinado entre as duas administrações.

A promoção consiste em levar a Portugal fazedores de opinião, essencialmente gente dos mídia e dos órgãos de comunicação e TV, que depois divulgam através de artigos e programas as virtualidades de Portugal para um público selecionado, já que infelizmente nem todos os brasileiros podem viajar para a Europa.

Também damos apoio aos operadores turísticos e agências de viagem brasileiras, fornecendo informação, folhetos, filmes, documentários, imagens, tudo o que necessitem para promover nos seus negócios o destino Portugal. Finalmente, participamos todos os anos com um pavilhão nacional na ABAV - Feira de Turismo no Rio de Janeiro, onde estarão presentes os principais investidores e representantes do setor turístico, a TAP e alguns órgãos regionais do turismo português.

A AICEP tem algum acordo com o Sebrae para apoiar a instalação de pequenas empresas de capitais portugueses no Brasil? . Não temos nenhum acordo institucional com o Sebrae mas sempre que necessário recorremos aos seus serviços para obter informação.

Que tipo de relacionamento a AICEP mantém com as câmaras de comércio luso-brasileiro que estão no Brasil?

Somos parceiros num mesmo objectivo: facilitar e incentivar o encontro de interesses entre empresas dos dois lados do Atlântico. No caso das câmaras portuguesas de comércio, a vertente de apoio aos exportadores brasileiros é mais ativa, já que a AICEP não pode apoiar empresas brasileiras que queiram vender os seus produtos ou serviços em Portugal. Isso seria “ajudar a concorrência” e não é para isso que os contribuintes corporativos pagam os seus impostos ao Estado em Portugal…

Que participação a AICEP vai ter no V Encontro de Negócios em Língua Portuguesa, promovido pelo Conselho das Câmaras? . Estaremos presentes em dois painéis e estamos já dar um contributo positivo na divulgação do evento em Portugal, quer através do nosso site, quer pela publicação de anúncios e informação na nossa revista eletrônica Portugal Global.

Concretamente em setembro próximo publicaremos uma entrevista ao presidente do Conselho das Câmaras, Dr. Rômulo Soares, que exporá com grande detalhe tudo sobre este importante evento que se realiza em Fortaleza, entre 28 e 29 de Setembro próximo. Tenho a certeza que será um sucesso tanto para os participantes como para os seus organizadores. | Por: Alfredo Prado/Portugal Digital

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