UNE é homenageada pelos 30 anos de reconstrução na Bahia

O Congresso de Reconstrução da UNE é um marco na história do país. A entidade foi a primeira das organizações nacionais, com representatividade, sabotadas pelo regime militar instaurado em 1964, a reorganizar-se

Foi na manhã do dia 29 de maio de 1979 que os cerca de sete mil participantes reunidos no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, deram início ao XXXI Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que entrou para a história como o Congresso de Reconstrução da entidade. Décadas depois, a Assembléia Legislativa da Bahia faz uma Sessão Especial na Assembléia Legislativa da Bahia para homenagear os 30 anos do Congresso. A cerimônia aconteceu no dia 14 de agosto(sexta-feira), no plenário da Casa.

Tendo como pano de fundo as mobilizações estudantis e de trabalhadores pela anistia ampla, geral e irrestrita, as lutas sindicais e greves de operários, professores, médicos e funcionários públicos, os estudantes se reuniram durante dois dias para debaterem as bandeiras do movimento e sobre os acontecimentos sócio-econômicos daquele período. Ao final do encontro, um novo presidente e uma nova diretoria foram eleitos. Ruy César foi o primeiro presidente depois da reconstrução.

O Congresso de Reconstrução da UNE ocorreu 15 anos depois da sede histórica da entidade, localizada na Praia do Flamengo, número 132, na cidade do Rio de Janeiro, foi incendiada pelo militares durante o golpe de 1964. Em 1971, a estrutura que havia sobrado foi totalmente destruída.

Depois do Congresso de 1979, os militares ainda tentaram derrubar novamente a entidade, sob o argumento de que seu presidente eleito no 33º Congresso, em 1981, era filho de imigrantes espanhóis cujo pedido de naturalização já havia sido negado duas vezes. Naquela ocasião, a legislação brasileira proibia a participação de estrangeiros na política nacional. Javier Alfaia, atual deputado pelo estado da Bahia (PCdoB) e um dos autores da Sessão Especial que homenageará a entidade, era estudante de arquitetura quando se tornou diretor de Cultura da UNE, em 1980, e presidente, no biênio 1981-1982. Por conta da luta pela permanência de um militante estrangeiro numa entidade brasileira, a UNE ganhou reconhecimento e notoriedade internacional. O outro requerente da sessão especial é o deputado Yulo Oiticica (PT), presidente da Frente Parlamentar da Juventude.