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19/08/2009 - 10:14

Alavanca e ponto de apoio

O valor mais concreto de qualquer pessoa com certeza é sua educação, ou seja, a forma como manifesta seu conhecimento no sentido mais amplo. É, em essência, o que nos distingue dos animais. Mais que isso, é o que nos aponta, numa sociedade competitiva, como melhores ou mais aptos.

Trabalhar com educação é, portanto, trabalhar com a gestão do conhecimento, com a possibilidade de afloramento ou expansão das potencialidades do outro, do mais carente, do mais necessitado de conhecimentos técnicos específicos ou de noções de convivência social e profissional. Nada neste processo prescinde do amor.

Exercício na área educacional, principalmente nas posições de liderança, exige tempo, paciência (muita paciência), capacidade de falar e mais ainda de ouvir; firmeza de caráter sem agressividade. Agressivos têm dificuldade de aprender, pois não formam equipe, opõem-se a tudo e a todos, agem como chefes que a todos sujeitam, não aceitam sugestões ou qualquer crítica. Não têm colaboradores, têm subordinados.

Virtude fundamental é a vontade de aprender, pois ninguém consegue ensinar nada se não tem mais vontade de aprender. Todo aquele que já trabalhou em presídio sabe que, havendo neste um torturador, este formará ao seu redor um pequeno grupo que, para não ser demasiadamente torturado, fará todas as vontades do “líder”, tolerará todas as pequenas agressões para livrar-se das piores e passará a torturar os demais. Com certeza, não é isso que entendemos como um processo educativo, e muitas escolas hoje, principalmente as localizadas em comunidades mais carentes, sofrem de mal parecido.

A liderança negativa necessita de tratamento urgente na área de saúde mental. Não é objeto de processo puramente educacional num primeiro momento. No entanto, as pessoas reunidas em torno dela normalmente são aquelas que estariam mais capacitadas a impedir os maus atos, os mais espertos e rápidos, mas que, carecendo de um modelo melhor, reproduzem o perverso.

Infelizmente, muitas vezes valorizamos mais o esperto do que o estudioso; prezamos mais a capacidade de sair-se bem em uma situação ilícita do que a reflexão que impede a entrada nesta mesma situação. Afinal, assistimos muitos contraventores serem bem sucedidos.

A proeminência de maus exemplos precisa com urgência ser discutida, saneada, combatida. Nossos jovens de melhores cérebros podem deslumbrar-se com o destaque social dos maus procedimentos; com a cultura do espertalhão, em detrimento do mais inteligente; com a propaganda intensiva das qualidades da malandragem e da obtenção de vantagem em tudo, substitutos do pensamento comunitário e do bem comum. Ao combate desta distorção nossa criatividade, tempo e dedicação devem estar voltados.

Arquimedes de Siracusa, no século III A.C. afirmou: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei o mundo”. A educação é uma alavanca capaz de mover o mundo, mas é necessário ter em mente que o ponto de apoio não é a própria alavanca. O ponto de apoio é sempre parte indispensável do sistema: a sociedade. É a referência externa, sem a qual tornamo-nos autorreferentes, e perdemos contato com a realidade. É preciso educar para a liberdade, para o esforço intelectual, para a responsabilidade. Educação é um processo solidário.

. Por: Wanda Camargo, professora e presidente da Comissão de Processo Seletivo da UniBrasil (Faculdades Integradas do Brasil)

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